Talvez contrariando algumas expectativas, decidi não escrever sobre o questionamento da autonomia do Banco Central, que vem sendo feito sob liderança de  nosso Presidente. Considero que o tema tem sido muito e competentemente comentado, nos diversos meios utilizados por nossa imprensa. Hoje, deixo a conjuntura econômica e visito as finanças corporativas, dirigindo-me, em particular, aos empreendimentos de menor porte e ao horizonte de curto prazo. Antes, um humilde lembrete: o longo prazo, a exemplo das quilométricas ferrovias, compostas por segmentos de trilhos emendados, é composto pela ligação dos diversos curtos prazos.

Muito já ouvi a seguinte queixa:

“Não sei para onde vai o dinheiro das vendas. Vendo, vendo, e, no final do ano, o resultado apurado é frustrante!”

A ideia representada por essas palavras é muito comum entre os empreendedores de pequeno porte: o sentimento de desperdício de energia e, claro, de dinheiro. Em grande parte dos casos, o diagnóstico é gestão inadequada de gastos (quer sejam custos ou despesas). O folclore corporativo faz referência ao “furo no balde” – metáfora referente ao balde destinado à agua, que, estando furado, nunca permanece cheio, mesmo que seu conteúdo não seja utilizado. O que deve ser feito, para solucionar o problema do balde em questão? Localizar o(s) furos(s) e repará-lo(s). Simples, não é? Na empresa, não é diferente, embora, no mundo real, as dificuldades envolvidas sejam maiores, evidentemente.

A solução começa pela correta identificação do que é custo e do que é despesa. Depois, quais são os gastos diretos e os indiretos? A classificação dos gastos em variáveis e fixos, é outro procedimento não menos necessário. Tendo sido tudo isso classificado e os títulos devidamente organizados em um “Plano de Contas” (vamos considerar essa denominação, como recurso didático; ok?), conforme os gastos forem ocorrendo, deverão ser inscritos, cada um em sua categoria. Esses procedimentos serão importantíssimos no processo de precificação do produto (seja serviço, seja bem) e na determinação das margens de contribuição de cada um desses produtos.

A determinação das margens de contribuição dos itens de portfólio, entre outros benefícios, propicia o adequado direcionamento de esforços (de vendas, de gestão de estoques etc.) para os produtos mais rentáveis, independentemente de seu preço ao consumidor. Sendo muito objetivo, posso afirmar que, para algumas empresas, poderá ser mais vantajoso aumentar esforço para vender um item, pelo qual o consumidor pagará R$ 100,00, do que dedicar energia à venda de produto cujo preço seja R$ 300,00. Essa conversa é muito necessária, por conta do alto valor que poderá representar para o empreendedor. Há casos – e não são raros, em que produtos mais caros têm, de fato, margem de contribuição maior, e isso é facilmente explicável, desde que se tenha tempo para isso.

Proponho um desafio. Procure solucioná-lo utilizando dados reais, pois, não sendo assim, poderá não trazer a melhor contribuição para você.

Parte 1 – (1)Visite uma padaria; (2) Anote o preço/kg da mortadela (sugiro “não defumada” e de boa qualidade); (3) Anote o preço/kg do pão francês.

Parte 2 – (1) Anote o peso médio de 1 pão francês; (2) A partir do preço/kg, determine o preço médio de cada pão francês, para o consumidor; (3) Anote o peso da mortadela utilizada para montar um lanche, em que ela seja o único recheio do pão francês; (4) Anote o preço da quantidade de mortadela utilizada (5) Some os valores determinados em (2) e (4), desta Parte.

Parte 3 – Consulte o preço de cada lanche (frio) de mortadela, vendido na mesma padaria.

Parte 4 – Compare os resultados obtidos, nas Partes 2 e 3.

Parte 5 – Em princípio, o que parece ser mais interessante, para o empreendedor, neste caso: vender pão e mortadela ou lanches de mortadela, em pão francês? Por quê?

Até breve!

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