Nos últimos dias, um assunto tomou conta das redes sociais e da mídia brasileira: a polêmica da adultização de crianças, escancarada com o vídeo “Adultização”, do influenciador Felca, que ultrapassou 45 milhões de visualizações em poucos dias. O impacto foi tão grande que desencadeou investigações contra influenciadores, posicionamentos de órgãos como UNICEF e SaferNet e até projetos de lei na Câmara dos Deputados. A hashtag #AdultizacaoNao mobilizou milhões de pessoas em defesa da proteção da infância.

Pode parecer distante do meu universo de atuação em liderança, RH e ciência da felicidade, mas eu enxergo nesse fenômeno um espelho poderoso sobre como culturas nocivas se formam, se espalham e precisam ser contidas — seja no ambiente social, seja dentro das empresas.

1. Cultura tóxica se espalha rápido
O vídeo viralizou em questão de dias. Da mesma forma, dentro de uma organização, pequenos comportamentos tóxicos — fofocas, microagressões, exclusões veladas — também se espalham em silêncio. Se não forem identificados e tratados, tornam-se parte da “normalidade” e corroem a confiança. Sempre digo aos líderes que acompanho: não subestimem o poder das pequenas atitudes, elas moldam o clima.

2. Os “algoritmos internos” da empresa podem amplificar erros
No caso das redes sociais, algoritmos acabaram impulsionando conteúdos inadequados. Nas empresas, os algoritmos são as políticas, processos e práticas que, sem revisão crítica, reforçam comportamentos que não deveriam prosperar. Já vi times que, por seguirem regras automáticas, perpetuavam injustiças e desmotivavam talentos. Liderança adaptativa é justamente quebrar esses ciclos e trazer consciência.

3. O engajamento coletivo é força transformadora
Assim como a sociedade reagiu com hashtags e mobilização em massa, as organizações também podem despertar essa energia quando os colaboradores enxergam propósito real em suas atividades. Não se trata de slogans ou campanhas bonitas, mas de criar espaços de diálogo, confiança e voz ativa. A força de um time mobilizado é tão potente quanto uma onda viral — só que nesse caso, direcionada para resultados e inovação.

4. Responsabilidade ativa constrói reputação
As autoridades reagiram, a mídia debateu, e a sociedade cobrou respostas rápidas. Nas empresas acontece o mesmo: a ausência de ação diante de comportamentos nocivos mina a credibilidade da liderança. Eu aprendi, ao longo da minha trajetória em RH e consultoria, que agir com firmeza e clareza protege a cultura e gera segurança psicológica. É essa responsabilidade que transforma líderes em referências.

Quando olho para essa polêmica da adultização, vejo mais do que um escândalo: vejo um alerta. Assim como a sociedade não pode permitir que práticas destrutivas contra crianças ganhem espaço, nós também não podemos permitir que culturas nocivas se instalem dentro das organizações. O custo humano e financeiro de ignorar esses sinais é sempre alto demais.

Minha missão é ajudar empresas a enxergar e prevenir esses riscos invisíveis, construindo ambientes saudáveis, felizes e produtivos. Porque, no fim das contas, liderança é sobre cuidar de pessoas — e cuidar de pessoas é cuidar do futuro.

E você, o que pensa sobre essa analogia? Participe da discussão aqui no Jornal Visão de Negócios e compartilhe sua visão sobre como líderes e empresas podem prevenir “incêndios culturais” dentro das organizações. Sua opinião pode enriquecer ainda mais esse debate.

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