Expansão do trabalho por aplicativos reúne 2,1 milhões de brasileiros e reforça a necessidade de soluções financeiras seguras e acessíveis
Segundo o IBGE, divulgado pela Agência Brasil, o país já conta com 2,1 milhões de pessoas que têm nas plataformas digitais sua principal fonte de renda, em atividades como transporte, entregas e serviços sob demanda. Esse grupo crescente atua fora da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), consolidando um novo modelo de ocupação no Brasil.
O fenômeno traz à tona desafios relacionados à proteção social, educação financeira e acesso a crédito. Para Luis Molla Veloso, especialista em Embedded Finance e integração de serviços financeiros em plataformas digitais, o avanço desse modelo exige atenção. “Quando o entregador do iFood ou o motorista da Uber recebe em conta digital dentro do próprio aplicativo, ele está vivenciando um modelo de Embedded Finance. Esses serviços financeiros embutidos na rotina são convenientes, mas precisam vir acompanhados de segurança e previsibilidade para o trabalhador”, avalia Veloso.
A transformação digital do trabalho também está ligada à evolução regulatória. Em 2025, o Banco Central ampliou o escopo do Open Finance, incluindo dados de investimentos, seguros e câmbio, o que deve acelerar a personalização de produtos voltados a autônomos digitais. “Com mais dados consentidos, empresas poderão oferecer crédito e seguros ajustados ao perfil de cada trabalhador, criando experiências mais justas e inclusivas”, acrescenta o especialista.
Veloso destaca que o grande desafio do setor está em equilibrar inovação e segurança. “A digitalização do trabalho abriu oportunidades inéditas, mas também gerou vulnerabilidades. O próximo passo é garantir que esses profissionais sejam reconhecidos como empreendedores, com acesso a crédito, seguro e educação financeira para sustentar seus negócios”, conclui.
Seis cuidados essenciais para o autônomo digital
- Recebimentos integrados ao app
Modelos de Embedded Finance, como contas digitais dentro de plataformas como iFood e Uber, facilitam o fluxo de caixa, mas exigem previsibilidade e segurança nas transações. - Educação financeira
A renda variável reforça a necessidade de planejamento. É essencial reservar parte dos ganhos e evitar compromissos de longo prazo sem margem no orçamento. - Acesso a crédito e seguros
O Open Finance deve permitir linhas de crédito personalizadas e seguros adaptados ao perfil do trabalhador autônomo. - Redução da inadimplência
Ferramentas como o Pix Automático ajudam a manter as contas em dia e dão mais estabilidade aos pagamentos recorrentes. - Inovação com proteção
A digitalização traz oportunidades, mas também riscos. O ideal é escolher plataformas que ofereçam soluções integradas de pagamento, crédito e proteção social. - Planejamento previdenciário
Mesmo sem vínculo formal, é fundamental contribuir para a previdência oficial ou privada, garantindo segurança financeira no longo prazo.

