Produtos e serviços mais procurados como presentes para o Dia dos Namorados subiram em média 6% nos últimos 12 meses, quase o dobro da inflação apurada para o mesmo período
Levantamento realizado a partir de 30 produtos e serviços do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), indicou que os produtos e serviços mais procurados como presentes para o Dia dos Namorados subiram em média 6% nos últimos 12 meses. O percentual foi quase o dobro da inflação apurada para o mesmo período, que foi de 3,02%.
A pesquisa também mostrou que a inflação dos serviços subiu 5,89%, sendo a alta puxada pela hospedagem em hotéis/motéis, cujo preço avançou 6,53%. Outros itens da cesta de serviços que mais sofreram aumento foram os restaurantes (6,27%), salões de beleza (6,19%) e cinema (5,73%). Não houve item nos serviços com redução de preço nos últimos 12 meses, demonstrando a dinâmica do setor no pós-pandemia.
Segundo o pesquisador do FGV IBRE Matheus Peçanha, responsável pela pesquisa, os serviços deram a tônica da atividade econômica em 2022. “Foi o principal setor para o nosso crescimento de 2,9% no PIB. Com o aquecimento, os preços tendem a acelerar, ainda mais em áreas que precisaram recuperar terreno após a pandemia, como é o caso do setor hoteleiro, o cultural e o de alimentação“, explicou o economista.
Pelo lado dos produtos mais comumente escolhidos como presente, a cesta de 22 itens teve um aumento médio de 6,07%. As maiores altas vieram principalmente dos cosméticos: sabonete (21,68%), artigo de maquiagem (9,76%), produtos para barba (9,37%) e perfume (8,70%). Fechando a lista das 10 maiores altas temos os bombons e chocolates (12,90%), livros (10,31%), roupas masculinas (8,41%), vinhos (7,71%), calçados femininos (6,65%) e cintos e bolsas (6,32%). O alívio da cesta de produtos vem de bens duráveis, principalmente dos eletrônicos, como aparelho celular (-2,17%), computador e periféricos (-1,15%), além de bicicletas (-0,68%) e bijuterias (-0,25%).
“Apesar da tendência de desaceleração da inflação em 2023, por descompressão dos custos, itens com mais valor agregado e mais etapas no processo industrial tendem a desacelerar com mais lentidão, como é o caso dos cosméticos”, avalia Matheus Peçanha. Ele destaca que, adicionalmente, um problema específico na oferta de sebo animal tem impactado o preço do sabonete, desde o segundo semestre do ano passado. Outro problema de custos nítido na cesta é o dos bombons, cuja matéria prima (leite) começa a encarecer justamente nesse período de outono/inverno. “No entanto, é interessante ver como o ambiente de juros elevados já está impactando preços de bens duráveis, como era de se esperar, no caso dos eletrônicos e bicicletas“, explicou o pesquisador.