Esta semana escutei de um VP que atendo a alguns anos de uma Companhia bem reconhecido no mercado por ter uma ótima reputação, mas ao mesmo tempo tem problemas sérios de recrutamento. Ele chegou até meu escritório com uma cara de deboche e falou: – Tonin, não acredito na quantidade de profissionais despreparados que tenho em minha empresa.

Franzi minha sobrancelha e falei:  – Não acredito que você está me falando isso. Você sabe qual é o problema, certo? Quando vai resolver isso?

Se você pensa que a solução para o problema dele era demitir esses colaboradores você está errado, o problema ali é outro, na verdade a empresa deste meu cliente, assim como várias outras que vivem o problema recorrente de contratar e demitir pessoas constantemente é, entre outras coisas o fato que e elas não pagam bem! Elas oferecem uma faixa salarial abaixo daquela real para o profissional que precisam e fabricam anomalias de vagas com responsabilidades de sênior, mas salário júnior.

Esse tipo de empresa é aquela que posta vagas interessantes, muito exigentes, com conhecimentos específicos, pedem inglês, espanhol e classificam a posição como sênior, mas quando o tema é remuneração a empresa fica devendo.

Tenho certeza que você já encontrou essas posições anunciadas e se perguntou: –  Mas que M***da é essa? Pois é, essas são as mesmas empresas que exigem estagiários com 3 anos de experiência e inglês fluente.

Ora, fica difícil criar expectativas de alta performance, conhecimento vasto, dois idiomas, até porque vamos e convenhamos, isso tudo custa.  São anos de estudos, competências lapidadas com o tempo, experiências profissionais e isso não é esperado de recém-formados ou profissionais que estão em início de carreira.

Quando provoco uma discussão com esses executivos, logo entram na defensiva, defendem o budget ou as necessidades de empresa. Na sequência pergunto: – Você tem quantos anos de experiência? Realmente acredita que agrega valor para a empresa? Aceitaria trabalhar e entregar resultados por metade do seu salário?

O tipo de empresa que estou falando, são do tipo que possuem uma rotatividade acima dos 17% anual, sempre reclamam da qualidade dos colaboradores, acham que estão com pessoas mais juniores do que merecem, mas trabalham clima organizacional, engajamento de equipe, ignoram gestão de pessoas e plano de carreira.

Nestes lugares as metas, quando são atingidas, são com muito esforço, excesso de horas extras, afastamentos e reclamações. A rotatividade é tão grande que quem começa um projeto raramente termina, tem pessoas que passam ou 2 ou 3 gestores durante um ano. Quem aguenta isso???????

A empresa deixa de ser um lugar de realizações para se tornar um poço de frustrações para o colaborador e para a companhia.

Se o orçamento é baixo, por que não revisar a estrutura de cargos e salários, ter uma equipe mais produtiva, profissionais mais preparados e com conhecimentos mais profundos da posição que serão mais efetivos? Nem sempre quantidade significa qualidade.

Para resumir, um profissional bem reconhecido, bem pago, com um clima de trabalho sadio, com um gestor que sabe mais que ele e está disposto a desenvolver a equipe e trabalhar propósito de forma compartilhada não tem preço. São profissionais mais felizes, com menor absenteísmo e rotatividade, incluem a empresa em seus sonhos futuros, entregam mais, superam metas, estudam mais, ou seja, crescem mais.

Tem uma frase do J.P Morgan que diz o seguinte: “…Se você pudesse vender a sua experiência pelo preço que ela lhe custou, ficaria rico”.

Qual sua opinião?

Abraços,

Tonin

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *