Aqui estou, uma vez mais, para tratar de “problemas”. Encerrado o mês de junho, entre tantos dados, encontramos extraordinária valorização do dólar estadunidense e acentuada queda do IBOVESPA; nosso Banco Central declara que a probabilidade de a inflação 2022 extrapolar o teto da meta  passou de 88% (março), para 100%; se isso não bastasse, para 2023, o BC estima em 29% a probabilidade de exceder o limite superior da meta de inflação (antes, essa probabilidade era declarada como sendo de 12%). Para encerrar o mês com emoção, o Senado aprova uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que institui no País o Estado de Emergência, o que permite, ao governo, gastar mais de R$ 40 bilhões acima do chamado “teto de gastos”. Se o Estado de Emergência é cabível ou não, não comentarei, consciente de que me faltam conhecimentos jurídicos para discutir o assunto, portanto, acompanharei as discussões entre os especialistas.

A criatividade brasileira já batizou a PEC em questão com diversos nomes , que têm sido amplamente comentados. Meu comentário sobe o tema, entretanto, limita-se ao impacto das pretendidas liberações no orçamento, o fato de ocorrerem às vésperas de eleições  e as discussões que esses dois fatos inspiram. Essas discussões, por sua vez, colocam em autofalantes as preocupações (domésticas e externas), com a situação fiscal brasileira e as repercussões já no curto prazo. O chamado “risco fiscal”, bastante elevado agora, vem adicionar ingredientes tóxicos às dificuldades que temos enfrentado (e tudo indica que ainda enfrentaremos) por questões globais, já comentadas por Economia&Finanças.

No momento em que eu elaborava este texto, o câmbio ganhava força, no sentido da desvalorização de nossa moeda, sobre o que, aliás, muito tem sido comentado neste espaço e em muitos outros, por múltiplas razões e uma delas sempre foi a intranquilidade política que o Brasil tem inspirado e, sob o meu ponto de vista, assim prosseguirá se “mudanças” não ocorrerem. Pois é, prezados leitores, pois é. Mais grave do que escrever “pois é” é nada poder escrever que alivie a pressão de expectativas ruins ou que as torne positivas.

Expressão muito utilizada nos mercados financeiros é “tempestade perfeita”. Sim , já temos muitos insumos para a perfeição de uma tempestade, que, quero crer, ainda não se instalou, mas se avizinha, nos ameaça. Infelizmente estamos assistindo a uma sensível deterioração dos indicadores de risco referentes ao Brasil, com uma forte colaboração de fatores (e atores!) que estão aqui mesmo, dentro dos nossos (aproximadamente) 8.500.000 Km2 . Como acredito na inexistência da perfeição, seja para o que for, infelizmente creio que a “tempestade perfeita” jamais se apresenta, pois qualquer turbulência poderá piorar. Mas, creio na tempestade próxima da perfeição e ela me amedronta.

Neste dia de estreia do 2º. Semestre de 2022, minha apreensão é enorme, nas diversas frentes que um economista acompanha, por dever de ofício ou por predileção. Gostaria que minhas expectativas fossem muito melhores, mas a economia depende de ações e reações humanas e é exatamente nesse ponto que tenho justificado o que pode ser considerado “meu” excesso de preocupação. O fator humano, no momento brasileiro (fortemente influenciado por questões globais) tem sido capaz de me empurrar para um mar de preocupações, que procuro transformar em “sinais de alerta” para os que me honram com sua atenção e, claro, também para mim.

Próxima semana trará votação na Câmara Federal da PEC “multinome”.  Acompanhem os indicadores de risco, referentes ao Brasil, o que poderá ser saudável para seus negócios corporativos e particulares. Desde janeiro, tenho me pronunciado preocupado com o 2º. Semestre/22 e os mais próximos de mim sabem disso, mas confesso que minha preocupação (que nunca foi pequena) tem-se mostrado subdimensionada, diante do famoso “imponderável”. O que era futuro em janeiro chegou e chegou de forma marcante. Cautela!

Até breve!

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