E vamos outra vez falar de envelhecimento ativo!

Tive a fantástica experiência de participar nas últimas semanas dos jogos da melhor idade, desta vez não como dirigente ou apoiador, mas como atleta – privilégios do envelhecimento!

Um evento que não passa em branco – organizado pelo governo do Estado, em nossa região tivemos 37 municípios e mais de 5 mil atletas competindo em 16 modalidades. A diferença é a importância da inclusão – a delegação de Atibaia, por exemplo, levou 120 participantes, a maioria acima dos 70 anos e alguns acima de 90.

Foi uma celebração de cidadania, respeito e convivência. Cidadãs e cidadãos que resistem a viver de saudades ou de doença, e superam suas artrites para competir, vibrar e temperar as longas jornadas de vida com um pouco mais de suor – e porque não, de significado. Conviver com colegas contando mais de 15 anos de experiência em competições de truco ou bocha (“carreiras” esportivas iniciadas depois dos 60!), vovós saindo de quadra com entorses, galos na cabeça e sorriso de vitória no rosto, muitos dizendo “este é meu último ano” e voltando no ano seguinte, por puro prazer ou teimosia.

Time de vôlei adaptado categoria 60-69 de Atibaia-SP

O esporte na melhor idade ajuda na prevenção de doenças, favorece convívio, estimula coordenação motora e nossa cognição. Nos traz também sensação de utilidade e melhora a autoestima (consigo fazer isso mesmo???). Mostra ser um caminho excelente para combater o isolamento e a rotina que acompanham nossos idosos num mundo que supervaloriza imagem, fama e juventude. Um caminho de resistência!

Observando os muitos municípios engajados, percebemos que há políticas públicas possíveis e interessantes para a melhor idade, que dão trabalho, certamente, mas não custam fortunas e impactam positivamente toda a sociedade. Atletas amadores ou profissionais vivendo uma juventude tardia e bem-vinda! Como em todo esporte patrocinado por recursos públicos, interesses na visibilidade política definem a participação de alguns municípios; destarte o “alto rendimento” presente em algumas modalidades, o mais emblemático resultado dos jogos não é a vitória, e sim a plena participação e inclusão social.

O que vale também ressaltar a importância de toda a cadeia de suporte: profissionais de educação física, ação social, logística, alimentação, muitos destes atuando como voluntários para fazer acontecer o esporte na melhor idade. Compreender e trabalhar com idosos é exercício de cidadania, mas ao mesmo tempo, mercado profissional com demanda crescente em todos segmentos!

E aí leitores, pergunto o que sua cidade está fazendo pelos cidadãos 60+ ? Centros de convivência de terceira idade podem ser implantados e prover atividades como yoga, alongamento, tênis de mesa, dominó e xadrez. E talvez montar um coral ou clube de leitura? Atividades de dança sênior, capoeira e vôlei adaptados demandam mais ousadia e instalações, mas será assim tão difícil? Toda cidade possui escolas, quadras, clubes, igrejas, praças, locais que se adequam a convivência e prática de diversas atividades – vamos fazer? Só precisamos de vontade de reunir e participar!

Então, se joga, que vale a pena!

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