Da Redação. Reportagem: Elaine Lina. (Foto oficial do evento. Crédito: Prefeitura de Tuiuti)

Com forte presença de lideranças e entidades como Sebrae, Senac, Unicidades e ARC&VB, o 3º Encontro Estratégico do Circuito Entre Serras e Águas, realizado em Tuiuti em 16/07, reforçou a união regional ao debater os desafios do MIT local e apresentar estratégias inovadoras para o turismo

O 3º Encontro Estratégico do Circuito Entre Serras e Águas, realizado na terça-feira, 16 de julho, em Tuiuti, marcou mais um passo fundamental na consolidação do turismo como motor econômico da região. Com a mesma profundidade e qualidade que tem caracterizado os encontros anteriores, a reunião em Tuiuti não apenas reforçou a união regional, mas também colocou em pauta os desafios específicos enfrentados pelos municípios, a exemplo da cidade anfitriã, e as estratégias inovadoras que vêm sendo implementadas para destravar o potencial turístico local. O evento foi um reflexo da crescente maturidade e da busca contínua por soluções que impulsionem o desenvolvimento sustentável da indústria do turismo em toda a área de abrangência do Circuito, projetando ações de impacto e fortalecimento da economia.

O encontro em Tuiuti, que acolheu líderes e representantes de diversas cidades do Circuito, bem como de entidades parceiras, reafirmou a importância da colaboração e da visão conjunta. A abertura oficial foi conduzida pelo prefeito Alexandre Tadeu Gonçalves, conhecido como Careca Irmão do Nande, que fez uma rápida saudação e precisou se ausentar para cumprir agenda de atendimento ao munícipes. Rolf Marcos Sitta, presidente da Agência de Desenvolvimento Regional Unicidades, entidade que há uma década trabalha para valorizar a região, abriu o evento ressaltando a jornada para tirar a região de uma posição secundária e destacou o esforço da agência: “A agência, à qual eu participo, a Unicidades, fez um esforço enorme há uma década para que nós conseguíssemos elencar valores para nossa região. Uma região até então considerada a mais pobre do Estado e colocada numa posição secundária perante o governo do Estado e demais governos.”

A fala de Sitta sublinhou o caminho percorrido e a relevância da iniciativa para o desenvolvimento socioeconômico regional, evidenciando o papel da iniciativa privada e da cooperação.

Na sequência, Fernando Brandão, secretário de Esportes, Turismo e Juventude de Mairiporã, que  vem participando ativamente dos encontros, reforçou a dinâmica de trabalho nesses eventos e a necessidade de avançar nas discussões iniciadas. Brandão mencionou a grande demanda por turismo de lazer na região metropolitana de São Paulo e as oportunidades de mercado que se abrem para o Circuito, citando eventos futuros como a participação no Salão São Paulo de Turismo em setembro e a presença do grupo na Conexidades, que ocorrerá de 4 a 8 de agosto em Holambra. Ele também destacou o sucesso de Mairiporã no turismo esportivo como um exemplo de regionalização: “A gente traz um abraço do prefeito Aladim e também do vice-prefeito, o Sorriso -, governo esse que realmente revolucionou Mairiporã. Nós temos hoje o prazer de ser a cidade TOP Destinos do turismo do estado de São Paulo no campo dos esportes. E temos orgulho de seguir levando o nome da nossa região com o trabalho Mairiporã – trabalho esse que serve de exemplo para toda a região”.

Fernando Brandão durante sua fala no Encontro (Foto: JVN)

A visão de Brandão, focada na ausência de fronteiras para o turismo e na necessidade dos municípios indicarem os atrativos da região como um todo, reforçou o espírito colaborativo que permeia o Circuito. Ele também fez questão de mencionar a forte conexão com figuras-chave do turismo estadual e regional, como o secretário Roberto de Lucena e o prefeito Edmir Chedid, presidente da Aprecesp e prefeito de Bragança Paulista.

Sérgio Gromik, gerente regional do Sebrae Guarulhos, pontuou o crescimento da articulação regional ao destacar a presença de três escritórios regionais do Sebrae no evento (Guarulhos, Jundiaí e São José dos Campos). Essa presença ampliada do Sebrae, juntamente com o envolvimento da unidade de políticas públicas e relações governamentais da entidade, sinaliza o fortalecimento do apoio técnico e estratégico às iniciativas do Circuito Entre Serras e Águas, especialmente impulsionado por programas como o REPENSAR, idealizado por Pedro Teles, consultor de negócios do Sebrae-SP.

Presente e o futuro do Turismo de Tuiuti e o desafio do MIT

Oscar Pavesi (foto: JVN)

O ponto central da manhã coube a Oscar Pavesi, diretor de Turismo de Tuiuti, que apresentou um panorama franco e detalhado dos desafios e planos da cidade para consolidar seu potencial turístico. Tuiuti, a única cidade do Circuito Entre Serras e Águas que ainda não possui formalmente o título de Município de Interesse Turístico (MIT), tornou-se um símbolo da luta e da persistência que muitos municípios enfrentam no processo de reconhecimento. “Sabe aquele ditado que fala que é perto dos bons que é a gente melhora? Eu acho que é mais ou menos isso. Nós temos um longo caminho para trilhar em Tuiuti”, comentou Pavesi, e complementou: “As pessoas às vezes se esquecem dessa indústria tão poderosa e tão pujante que é o turismo. O turismo é uma baita indústria.”

O diretor reconheceu que, embora Tuiuti possua um “turismo orgânico” natural – impulsionado por festas religiosas, como a encenação da Paixão de Cristo e os tapetes de Corpus Christi, além de pousadas e restaurantes –, falta uma estrutura formal. A cidade busca, com o apoio do Circuito, estruturar esse turismo para melhor receber os visitantes e garantir uma experiência positiva que os faça querer retornar e explorar outras cidades da região.

Pavesi compartilhou a experiência de Nazaré Paulista na obtenção do MIT como inspiração: “Na última reunião lá em Nazaré, eles explicaram para a gente da dificuldade de destravar o MIT, que tiveram que ir lá, bater na porta etc. E aquilo para mim pode ver que, ‘olha, se não for assim, não vai’.” Ele informou que Tuiuti já está trilhando esse caminho, com seu processo para o MIT em fase final, dependendo apenas da aprovação de uma última comissão junto ao governo do estado. Além disso, Pavesi delineou os planos e metas para a nova fase do turismo em Tuiuti, que incluem a valorização do turismo rural – com suas agroflorestas, alambiques e pesqueiros – e o desenvolvimento do turismo esportivo.

O JVN perguntou a Pavesi o que muda a partir desse evento e qual o futuro que ele vislumbra para o turismo de Tuiuti a partir desse encontro, e o gestor respondeu, resumindo a essência do Circuito: “Eu acho que o importante é uma questão que eu inclusive falei lá sobre as parcerias: o Sebrae trouxe um modelo muito bacana de gestão, algumas cidades já estão fazendo algumas coisas nesse sentido. Então é isso – parceria, a gente se juntar, fortalecer o Circuito e, para as próximas reuniões, a gente cada vez mais, de forma técnica, ir desvendando e montando toda essa estrutura para a gente avançar no que a gente quer.

Ainda sobre o turismo esportivo, Guilherme Galvão, presidente da Fecaesp e coordenador da Escola Municipal de Canoagem de Bragança Paulista, apresentou um case impressionante após a fala de Oscar Pavesi. Ele abordou a canoagem e o caiaque polo como modalidades capazes de destacar o turismo esportivo regional, citando o Pan Americano de Caiaque Polo de 2019, que movimentou mais de R$ 2 milhões na economia local. Galvão também destacou a iniciativa “Remada Rosa“, que utiliza aulas de canoagem, incluindo a modalidade Dragon Boat, para a reabilitação física de mulheres que enfrentaram o câncer de mama, unindo esporte, saúde e solidariedade. Essa apresentação reforçou a diversidade de oportunidades que o turismo pode gerar para as cidades do Circuito.

Guilherme Galvão (Foto: Fecaesp)

O Sebrae e a visão estratégica para a Região

A apresentação mais aguardada do encontro foi a de Fábio de Paula Augusto, gerente regional do Sebrae em Jundiaí, cuja unidade atende 18 municípios da região, incluindo Bragança Paulista, Campo Limpo Paulista, Tuiuti e Pinhalzinho. A exposição de Fábio de Paula foi um verdadeiro mergulho em técnicas, inovações e no planejamento estratégico do Sebrae para apoiar o desenvolvimento do turismo.

Fábio de Paula (Foto: Júlia Lopes – Sebrae)

Fábio de Paula introduziu conceitos modernos como ESG (Environmental, Social, and Governance) e os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU), e a relevância da COP 30 para a discussão sobre economias portadoras de futuro. Ele enfatizou a necessidade de identificar vocações locais e trabalhar de forma integrada, questionando a fragmentação das ações: “Por que a gente trabalha ainda fragmentado? Por que a gente ainda trabalha e desenvolve atuações isoladas? Essa é a grande preocupação, e a provocação, principalmente, do Sebrae. A gente precisa parar de trabalhar fragmentado.

O Sebrae, segundo Fábio de Paula, defende o modelo da “tríplice hélice”, que integra o setor público, o setor produtivo e a sociedade civil organizada, como pilar essencial para o desenvolvimento regional sustentável. Um dos pontos altos da sua apresentação foi a explanação do programa Cidade Empreendedora, ilustrada com o case de Bragança Paulista, que se tornou um verdadeiro laboratório positivo para essa metodologia. Fábio detalhou como o Sebrae desenvolveu esse projeto com uma ‘abordagem de território’, que se inicia com o estudo aprofundado do município.

Em Bragança, a equipe do Sebrae estudou o plano de governo da atual prefeitura e o cruzou com sua própria metodologia do programa Cidade Empreendedora, que está calçada nos 10 objetivos de desenvolvimento sustentável. “Ali você tem tudo, gestão pública, simplificação, educação, inovação, vocação, tem todos os objetivos que a gente precisa olhar para um ambiente empreendedor se desenvolver”, afirmou de Paula.

Essa análise integrada resultou em ações propostas que afetam diretamente áreas como desenvolvimento econômico, educação, mulheres e o plano social de solidariedade. “O objetivo é claro: competitividade das empresas, inovação e geração de trabalho e renda, sempre com um olhar para o impacto na vida das pessoas e dos empreendedores”, declarou o executivo.

O projeto em Bragança Paulista, que tem duração de dois anos e está em seu primeiro, demonstra a tríplice hélice em ação. Fábio ressaltou a participação ativa da Câmara Municipal e a união entre Prefeitura e Câmara de Vereadores, essenciais para o trabalho com mulheres empreendedoras. Ele destacou iniciativas focadas na marca do território, como a busca pelo reconhecimento da Indicação Geográfica (IG) da linguiça de Bragança, que, segundo ele, é uma grande potência e mobiliza toda uma cadeia produtiva, incluindo bares e restaurantes.

Além disso, o projeto contempla o desenvolvimento de uma rota turística rural e a realização de seminários Empretec. A estratégia do Sebrae em Bragança, portanto, exemplifica como, ao entender a prioridade e os dados do território, é possível aplicar soluções robustas que integram poder público, iniciativa privada e sociedade civil para viabilizar um crescimento econômico com impacto real.

Fábio de Paula estendeu a visão para um projeto de impacto regional: o programa de Turismo de Experiência. Este programa, direcionado a Micro e Pequenas Empresas (ME e EPP) dos segmentos de turismo rural, hotelaria, alimentação, comércio diferenciado, entre outros, visa aprimorar a forma como os atrativos turísticos são oferecidos. A ideia é potencializar produtos para gerar mais experiência e atratividade, abrangendo todos os 18 municípios atendidos pela unidade do Sebrae em Jundiaí.

O programa está dividido em três fases: Criação, Validação e Roteirização do Território, com masterclasses, intercâmbios e a participação de especialistas. Um dos objetivos mais concretos e audaciosos do projeto, segundo de Paula, é impulsionar a elevação do faturamento das empresas participantes em, no mínimo, 12%. O foco, portanto, é não apenas gerar impacto financeiro, mas também criar roteiros que conectem as diversas ofertas turísticas da região, com resultados claramente mensuráveis.

A força da união e o futuro do circuito

Mônica Fontes (Foto: divulgação)

As percepções dos participantes confirmaram o impacto positivo do encontro. Mônica Fontes, gerente executiva do Atibaia e Região Convention & Visitors Bureau (ARC&VB), reforçou a importância da colaboração: “Tuiuti nos recebeu de portas abertas e repleta de conteúdo que nos inspiraram. Este evento foi de extrema importância para toda região. Ter o Sebrae, o Senac e outras entidades apoiando o desenvolvimento turístico de nossas cidades é fundamental. REPENSAR o turismo de forma organizada, planejada e em conjunto é o modelo mais apropriado de desenvolvimento sustentável. Agora cabe a todos nós executar as ações necessárias para um futuro próspero.”

Corroborando essa visão, Ana Rita Croce, Secretária Adjunta de Turismo de Atibaia, expressou sua satisfação com a união e a receptividade de Tuiuti: “Foi muito gratificante e importante essa união entre cidades. Achei incrível como são unidos! A cidade de Tuiuti é muito aconchegante e tem um povo hospitaleiro. Quero participar sempre desses encontros com minha experiência profissional e também humana de vida.”

A realização do 3º Encontro Estratégico em Tuiuti, com o engajamento de líderes municipais e entidades como Sebrae, Senac e Unicidades, demonstra o contínuo fortalecimento do Circuito Entre Serras e Águas como um polo de desenvolvimento do turismo regional. A troca de experiências, a discussão de desafios como o do MIT e a apresentação de programas estruturantes como o Turismo de Experiência do Sebrae, são cruciais para transformar o potencial da região em crescimento econômico e geração de oportunidades para a população.

Os encontros do Circuito têm se mostrado plataformas essenciais para a articulação de políticas públicas e privadas, a identificação de vocações locais e a criação de um ambiente propício para a indústria do turismo. A continuidade dessas ações é vital para o sucesso do projeto.

O próximo passo já está definido: o 4º Encontro Estratégico do Circuito Entre Serras e Águas será realizado no dia 13 de agosto, em Bragança Paulista. A expectativa é que o evento continue a aprofundar as discussões e a solidificar as parcerias que fazem do turismo um verdadeiro motor econômico para toda a região.

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