Leitor(a), eu realmente não gostaria de abordar esse tema, mas não vou me esquivar.
Ocorre que a Macroeconomia é área da Ciência Econômica que estuda, entre outras questões, como o Governo, por meio de sua Política Fiscal (determinação do nível de gastos do setor e tributação pública) e da Política Monetária (determinação da taxa básica de juros do governo e seu financiamento), afetam nossos negócios.
Não subestime o entendimento da Macroeconomia. Infelizmente todas a mazelas que enfrentarmos possuem relação com isso. Fiz referências em matérias anteriores no JVN.
Na última segunda-feira (20/05) o Boletim Focus (publicação que divulgada todas as segundas-feiras pelo Banco Central do Brasil – BACEN, resumindo as expectativas do mercado sobre indicadores da economia brasileiro) revisou para baixo previsões do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e para cima a Taxa Selic, inflação e a cotação do dólar.
Isso acontece no seguinte contexto: aprovação do Arcabouço Fiscal e Reforma Tributária. Ocorre que o tal Arcabouço Fiscal não promoveu efeito macroeconômico: usar os instrumentos de Política Econômica (fiscal e monetária) como meio de garantir o crescimento do PIB e a estabilidade de preços. Não houve corte de gastos do governo.esse é o maior problema-.
Todos os manuais de macroeconomia trazem os seguintes conceitos: a Política Fiscal envolve a administração dos gastos do setor público e seu financiamento, por meio da tributação. Vamos lá: G – T. Não há mágica: a diferença entre os gastos do governo (G) e o que o governo arrecada (T) deve ser positiva.
O Governo deve servir os cidadãos e não o contrário. Veja aqui, falta apenas o Ministério dos Ministérios: Agricultura e Pecuária, Cidades, Cultura, Ciência, Tecnologia e Inovação, Comunicações, Defesa, Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Integração e do Desenvolvimento Regional, Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Direitos Humanos e da Cidadania, Fazenda, Educação, Esporte, Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Igualdade Racial, Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Justiça e Segurança Pública, Meio Ambiente e Mudança do Clima, Minas e Energia, Mulheres, Pesca e Aquicultura, Planejamento e Orçamento, Portos e Aeroportos, Povos Indígenas, Previdência Social, Relações Exteriores, Saúde, Trabalho e Emprego, Transportes, Turismo e Controladoria-Geral da União.
Agora você acha que o país aguenta? Há como sustentar a gestão da coisa pública. Trabalhamos para o Governo e não o contrário. Você deve entender que o salário contratual não é o salário pago. A renda disponível para consumo não é o que você consome ou gasta.
Vamos lá. Explico: (1) toda a renda de salário é tributada (salário pago não é o que recebemos …); (2) olhe para a Nota Fiscal de sua compra no mercado (por favor, faça isso), se fizer isso vai perceber que parte de sua suada renda é tributada no consumo e essa parte de renda sustenta o Estado.
Lamento, mas há um peso enorme dos gastos do Governo. Repito: o governo arranca sua renda (1); (2) peça e veja sua Nota Fiscal quando comprar qualquer bem ou utilizar um serviço; (3) confira seu informe de rendimento. Você acha que esse peso da tributação vai diminuir? Prepare-se! Aumentará o peso dos gastos do governo e a tributação … você paga e nem percebe!
Marcello Muniz é economista e mestre em Engenharia pela USP. Com 20 anos de experiência profissional, é perito judicial, atua como Analista de Negócios junto à Data Science Business Management (DBSM) e é professor de Economia junto à Unifaccamp (de Campo Limpo Paulista) e Faculdade Impacta de Tecnologia (FIT).
Atuou como pesquisador da Divisão de Economia e Engenharia de Sistemas do IPT (DEES), consultor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Analista de Projetos da Fiesp.
Apaixonado por temas relacionados a políticas públicas e economia, participou na qualidade de coautor de 13 livros, entre esses: Política Industrial (Jornal Valor Econômico), Outward FDI from Brazil and its policy context (Vale Columbia Center on Sustainable International Investment), Gestão da Inovação no Setor de Telecomunicações (Fapesp) e Ressurgimento da indústria naval no Brasil: 2000-2013 (projeto-Ipea-BID).