Todos sabem dos desafios de manter uma imagem positiva de uma marca. Mas são ainda maiores os desafios para lançar e estabelecer uma marca do zero, – em especial em tempos de tantas relações complexas, tantas fontes de informação, tanto ativismo com vieses tão distintos entre si, tantas causas a abraçar (ou abandonar), tantas divergências de opinião. E tantas novas marcas surgindo todos os dias também.
Isso porque uma orientação preliminar na criação de uma marca é mapear o público a quem ela se destina. Com quem a marca irá falar e como deve falar? O fato é que este ‘público’ está cada vez mais diverso, misturado, multi-atuante e multi-presente, graças à força das redes sociais. Assim, não é mais possível classificar os públicos da mesma forma que se fazia em tempos de menos conectividade. Não dá para coloca-los em caixinhas de características fixas, ou que pouco se alteravam.
Tão pouco é possível agir como há nem tanto tempo assim, em que a ordem geral da comunicação com opinião pública era ‘manter-se o mais neutro possível’, para ‘evitar os conflitos’. Hoje, sabe-se que uma postura neutra demais pode ser percebida como apática com as questões que impactam a vida de todas as pessoas. Não se pode enxergar o mundo como uma massa esfumaçada sem delineação nem cor. É preciso sim deixar claros os seus valores, suas intenções e propósitos. Afinal, muito mais do que design, uma marca se faz de atitudes, de comportamento.
Então o que é preciso para construir uma marca do zero e posicioná-la de forma positiva hoje? Eu acredito que seja entender verdadeiramente que causas representam os valores da sua empresa, do seu negócio – ou o que você acredita – e então imprimir isso na sua marca. Como? Sendo ético e verdadeiro com parceiros de negócios, com clientes, com colaboradores. Abrindo-se à diversidade de opiniões sem vender a sua. Tendo coerência entre o que pensa, diz e faz. Tendo disposição para aprender sempre e buscar informação que o mantenha no século atual. E persistir, porque leva tempo mesmo.
É preciso também lembrar que reputação se não faz apenas com comunicação, mas com relacionamentos saudáveis e éticos. E constantes. Faça-se presente para todos os seus públicos. Deixe as pessoas conhecerem sua empresa, seus diferenciais e seus valores. Use as redes a seu favor, os eventos, os encontros – agora já pode, lembra? Então! Fale (e ouça!), mostre-se, e dê espaço também para que seus públicos façam o mesmo. Sim, nas suas redes – elas não são outdoors. São espaços de relacionamento, então, relacione-se. E insista, persista. Um dia aquela sementinha brota. Uma boa equipe de comunicação irá orientá-lo nas melhores ferramentas, técnicas, campanhas. Mas lembre-se que são os seus valores que irão aparecer, então, cuide deles. Por melhor que seja a sua equipe de comunicação, ela não fará milagre se não houver uma boa mensagem a ser transmitida. Qual é a sua?
Esse ano que está acabando foi difícil e eu te pergunto: que lições você tira dele e o que vislumbra para 2023? Um ano mais fácil, não sei. Mas certamente um ano de muitas oportunidades. Bóra para o plantio?
Profissional de Relações Públicas pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação organizacional pela ECA-USP, é também jornalista, empresária, palestrante e consultora de empresas com mais de 20 anos de experiência em comunicação interna e relacionamento com a imprensa. Professora universitária por 16 anos nos cursos de Comunicação, Marketing, Administração e Recursos Humanos nas instituições UniFaat, Fecap, Uniso e PUCCampinas.