Por Chris Santos

A inteligência artificial (IA) generativa tem se destacado em uma variedade de atividades, demonstrando ser um recurso valioso e útil. No entanto, afirmar que ela pode substituir completamente o trabalho humano é uma ideia ainda distante da realidade e, provavelmente, nunca será realidade. O uso eficaz da IA depende do acompanhamento contínuo e da revisão realizada por pessoas, evidenciando que ela não é autônoma e nem pensa como nós.

Um dos desafios mais discutidos em relação à IA é sua propensão a “alucinar”. Isso significa que ela pode criar fatos, pessoas ou, até mesmo, alterar respostas mediante a persistência do usuário, evidenciando sua falta de compreensão e julgamento crítico.

Outro fator importante a se considerar é o trabalho exaustivo dos indivíduos responsáveis por classificar imagens e conteúdos processados por sistemas de IA. Infelizmente, esses trabalhadores frequentemente recebem remuneração inadequada, apesar de desempenharem um papel essencial na eficácia e precisão desses sistemas.

Além disso, a IA é suscetível a vieses, frequentemente resultantes do viés humano que distorce os dados de treinamento originais ou o algoritmo em si. Esses vieses podem levar a resultados tendenciosos e, por vezes, prejudiciais. Assim, são fundamentais a crítica e a correção ativa desses desvios para alcançar a melhoria contínua e um uso ético da tecnologia.

Inteligência artificial e matemática

Os algoritmos que sustentam a IA são baseados em princípios matemáticos e estatísticos, como álgebra, cálculo e estatística. Isso reforça que a IA é dependente do conhecimento humano para formação de suas bases de dados. Assim, o conteúdo criado por seres humanos para alimentar esses sistemas deve ser adequadamente e urgentemente remunerado e protegido por direitos de propriedade intelectual. Antes que a IA possa “dizer”, “saber”, “desenhar” ou “cantar” algo, um ser humano deve ter pioneiramente gerado esse conhecimento. A IA não realiza pesquisas de campo nem de laboratório, não toca piano e nem guitarra, mas sim utiliza o conhecimento humano já existente como marco zero de sua atuação.

Um aspecto fundamental a ser considerado é que a inteligência humana é a base da inteligência artificial. Portanto, é vital valorizá-la. Uma dependência excessiva da IA, sem humanos capacitados para executar as funções que ela desempenha, pode resultar em um empobrecimento intelectual e riscos de catástrofes – como evidenciado por episódios de falhas geradas pelo apagão em países como Portugal e Espanha, recentemente. O mundo pode até parar sem tecnologia, mas precisamos continuar vivendo e ter seres humanos capacitados para desempenhar todas as tarefas.

É certo que a IA se consolidará como uma ferramenta poderosa à disposição das pessoas, mas é imperativo que não negligenciemos a necessidade de as pessoas continuarem estudando e se desenvolvendo intelectualmente.

Inteligência humana em primeiro lugar

A inteligência humana é a fonte primária da “inteligência” na inteligência artificial. Em essência, somos nós que fazemos a IA ser verdadeiramente inteligente e, como tal, precisamos formar um equilíbrio entre a inovação tecnológica e a valorização da capacidade e do potencial humanos, sem essas declarações alarmistas e sem fundamento sobre a IA substituindo médicos e professores em menos de 10 anos, como fez Bill Gates recentemente.

A Inteligência Artificial (IA) é frequentemente retratada como uma entidade autônoma capaz de tomar decisões independentes e agir sem intervenção humana. No entanto, essa visão exagerada esconde uma falácia fundamental: a verdadeira autonomia da IA não existe da forma como muitos imaginam.

Embora a IA seja capaz de realizar tarefas antes inimagináveis, sua autonomia não passa de uma construção teórica equivocada. A inteligência artificial é, na verdade, uma extensão da inteligência humana, operando dentro das limitações impostas por seus criadores. Reconhecer essa realidade é essencial para evitar expectativas irreais e garantir que a tecnologia seja utilizada de forma ética e responsável.

Chris Santos é profissional com 30 anos de experiência em agências de comunicação, relações públicas, assessoria de imprensa, eventos e marketing digital. Graduada em Relações Públicas (1990) e em Ciências Sociais (1997) pela USP, com especialização em Gestão de Processos Comunicacionais (USP), MBA em Gestão de Marcas (Branding), pela Anhembi-Morumbi, e mestre em Comunicação e Política pela UNIP. Tem se dedicado ao estudo de tendências nas áreas de marketing digital, comunicação e política e tecnologias da comunicação e informação.

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