Setor enfrenta aumento expressivo de crimes digitais, exigindo maior investimento em segurança para proteger operações e evitar prejuízos financeiros
O Brasil é a segunda nação do mundo que mais sofre com ataques cibernéticos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, segundo o Relatório de Inteligência de Ameaças da NetScout. Em 2023, esse tipo de crime cresceu 8,86% no país, impactando especialmente o setor de transporte de cargas, que registrou 25.620 ocorrências apenas no primeiro semestre de 2024.
No terceiro trimestre de 2024, o país sofreu cerca de 2.766 tentativas semanais de ataques cibernéticos, um aumento de 95% em relação ao ano anterior. A crescente digitalização do setor logístico tornou as empresas mais vulneráveis a fraudes e sequestros de dados, colocando em risco operações essenciais e a segurança de informações sensíveis.
Impacto no setor de transportes
O transporte rodoviário de cargas enfrenta desafios adicionais no Paraná, estado que ocupa a quarta posição no ranking do PIB nacional e foi o terceiro que mais investiu em infraestrutura rodoviária entre 2023 e 2024. Apesar do crescimento do setor, os ataques digitais têm sido uma ameaça crescente para transportadoras e operadores logísticos.
“Ataques cibernéticos podem resultar na interrupção das operações essenciais das transportadoras, causando perda de produtividade e atrasos nas entregas. Informações roubadas podem ser usadas para criar identidades falsas, facilitando fraudes como o desvio de cargas”, afirma Silvio Kasnodzei, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (SETCEPAR).
Os prejuízos não se limitam apenas à operação. A exposição de dados estratégicos pode comprometer a reputação das empresas, além de gerar impactos financeiros significativos. Os criminosos utilizam essas informações para extorquir transportadoras, exigindo pagamentos em troca da devolução dos dados sequestrados.
Investimentos e medidas de segurança
Para mitigar os riscos, o Brasil tem ampliado seus investimentos em cibersegurança. Em 2024, foram aplicados mais de US$ 3,3 bilhões na área, com previsão de atingir US$ 5,46 bilhões até 2029. No setor de transportes, a necessidade de segurança digital se tornou prioridade, levando entidades como o SETCEPAR a promover ações de conscientização e capacitação para seus associados.
“É preciso investir mais em tecnologia de segurança cibernética, como firewalls e softwares de proteção. Isso não é apenas um papel do setor público ou privado, mas uma responsabilidade compartilhada. Fortalecer parcerias e promover a colaboração com o judiciário são medidas essenciais para uma resposta mais eficaz contra crimes cibernéticos”, destaca Kasnodzei.
Além da adoção de sistemas de proteção digital, o sindicato incentiva empresas a realizarem treinamentos frequentes com funcionários, reforçando práticas como o uso de senhas seguras, autenticação de dois fatores e protocolos para evitar fraudes.
Diante do cenário crescente de ameaças virtuais, a implementação de medidas preventivas e investimentos contínuos em segurança cibernética são fundamentais para garantir a proteção das operações logísticas e manter a competitividade do setor de transporte rodoviário de cargas.

