Prezado(a) leitor(a), vamos tratar da necessidade da análise e gestão de seu fluxo de caixa (FDC)?

Sua empresa não pode ofertar bens e ou serviços sem investimentos. Estes não podem ser realizados sem fontes de financiamentos e essas não existem sem venda de bens e serviços que garantam a cobertura de gastos operacionais e a remuneração das fontes de capital, próprio e de terceiros.

Investimentos, financiamentos e a capacidade das empresas ofertarem bens estão intimamente inter-relacionados e provocam movimentações no FDC.

Mas o que é FDC, como esse tenderá a ser afetado ante o cenário econômico e qual a importância da gestão desse?

O FDC registra o ingresso e a saída de dinheiro (em espécie ou movimentações bancárias) na empresa e depende das seguintes decisões: investimentos realizados pela empresa para atender suas necessidades operacionais, custos e formas de financiamento realizadas por essas.

É possível apurar as variações de caixa da empresa decorrentes de suas atividades de investimento, financiamento e operacionais. Também é importante destacar que, quando analisamos o Balanço Patrimonial de uma empresa, a única conta que mostra a disponibilidade imediata de recursos é Caixa e Banco. Os investimento de curto prazo e elevada liquidez também devem compor essa análise.

É com esses recursos que as empresas cumprem suas obrigações: pagamento de salários e encargos sociais e trabalhistas (EST), fornecedores, empréstimos e financiamentos, tributação direta e indireta, dentre outras.

Na última quarta-feira, 29/01, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu aumentar a taxa Selic. Agora essa é 13,25% a.a.. Esse foi unânime e decorreu das expectativas de elevação na inflação. Segundo projeções, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ultrapassar 5% em 2025, acima do teto da meta de inflação de 4,5% a.a., determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Na esteira desse aumento, está a valorização de 27% no dólar em 2024, crescente elevação no preço dos alimentos e serviços, aumento nos preços dos combustíveis, decorrente da necessidade de reajustes e elevação do ICMS, incidente sobre o preço dessa commodity, e elevação no Índice de Preços ao Produtor (IPP).

A situação é agravada devido ao desequilíbrio fiscal. Há um processo nítido de transferência de renda do setor produtivo (consumidores e empresas) para o governo e enorme ineficiência nesse. Não se trata do criticar o governo A ou B.

A grande questão é que consumidores e empresas tomam, de forma descentralizada, as melhores decisões com o uso dos recursos que dispõe … Afinal, quem deve pintar a Casa Branca, Casa Rosada ou o Palácio do Planalto?

Apesar do atual governo registrar recordes de arrecadação, os gastos públicos continuam aumentando e há uma grande incerteza quanto o impacto da reforma tributária. Especialistas estimam que a alíquota padrão do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) fique em torno de 28%. Certamente será o maior IVA do mundo …

A instabilidade econômica e política tenderão a afetar o FDC das empresas de várias maneiras, pois impactam receitas, custos, despesas e capacidade de financiamento das empresas e consumidores.

Muitas empresas tenderão a sofrer redução em suas receitas. Tal fato se associa à queda na demanda agregada. Em momentos de inflação elevada e instabilidade, os consumidores tendem a reduzir gastos e as empresas seus níveis de investimentos.

Ante ao cenário, ocorre aumento na inadimplência e probabilidade de atrasos de pagamentos. Muitas empresas, dependentes ou não do comércio externo, já estão sendo afetadas pelas flutuações no câmbio, custos e redução na renda das famílias.

O aumento dos preços de insumos produtivos básicos encarece a produção e juros mais altos elevam o custo do crédito para consumidores e empresas. Há ainda o “Trump effect” a ser precificado.

Baixo nível de demanda tende a afetar negativamente a taxa de investimentos. Muitas empresas tendem a adiar projetos de expansão, aquisição de equipamentos e contratações de pessoal como meio de manter sua disponibilidade de caixa.

Como decorrência do cenário, grande parte das empresas terá de realizar ajustes, visando a redução de gastos, cortes de pessoal e ou renegociação de contratos.

Para minimizar esses impactos, essas deverão adotar estratégias de análise e controle de disponibilidades de caixa. O objetivo é garantir maior fôlego ante as incertezas econômicas e políticas.

A diversificação de clientes, renegociação de preços e prazos de pagamento junto a fornecedores e de prazos e juros junto a credores também serão críticos; ou seja, tudo culmina na necessidade de rigorosa análise e gestão de FCD. Cada centavo “contará” …

Voltaremos a esses assuntos, indicando estratégias para proteger nossos negócios.

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