Pesquisa da Febraban mostra que 90% das instituições esperam IPCA acima de 5% e estimam crescimento de 8,6% no crédito
A maior parte dos bancos acredita que a inflação vai continuar alta em 2025. Segundo a nova edição da Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban, 90% das instituições consultadas preveem que o IPCA vai encerrar o ano acima de 5% — sendo que 71,4% projetam o índice em 5,5% e outros 19% esperam um número próximo ou superior a 6%.
Essas estimativas estão bem acima da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com teto de tolerância de 4,5%. O levantamento foi realizado entre os dias 25 e 31 de março, com 21 bancos.
Mesmo diante desse cenário de inflação elevada, os bancos seguem otimistas quanto à expansão do crédito. A projeção para o crescimento total da carteira em 2025 subiu de 8,5% para 8,6%. A alta foi puxada principalmente pelas linhas com recursos livres, com destaque para o crédito às famílias, cuja expectativa passou de 8,6% para 9%.
“A pesquisa captou que os bancos seguem projetando um bom crescimento da carteira de crédito neste ano, apesar do ambiente de juros elevados e de todas as incertezas no cenário econômico, internacional e local”, afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia da Febraban.
A melhora na projeção, segundo ele, se deve a fatores como o mercado de trabalho ainda aquecido e o novo crédito consignado para trabalhadores do setor privado. “Esse novo modelo tem mostrado uma boa demanda já neste início de operação, e provavelmente vai crescer mais quando todos os ajustes estruturais forem concluídos”, completa.
Já para o crédito direcionado, que inclui linhas com regras definidas pelo governo, como financiamento habitacional e agrícola, a previsão geral permaneceu em 9%. Mas houve uma troca nas estimativas: a expectativa de crescimento para empresas subiu de 9% para 9,3%, enquanto a de pessoas físicas caiu de 8,9% para 8,8%.
A taxa de inadimplência para a carteira com recursos livres foi levemente ajustada para cima, de 4,6% para 4,7%. O número ainda é superior ao registrado pelo Banco Central em janeiro (4,4%).
Selic, PIB e cenário internacional
Em relação à taxa básica de juros (Selic), os bancos esperam que ela atinja 15% ao ano em junho de 2025 — ligeiramente abaixo da estimativa anterior, de 15,25%. A projeção é que a Selic permaneça nesse patamar até, pelo menos, novembro do ano que vem.
A maioria (85,7%) considerou adequada a sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom), de que o ciclo de alta dos juros ainda não acabou, mas deve continuar com elevações menores.
Sobre o crescimento da economia, não há consenso. Para 42,9% dos bancos, o PIB deve avançar em torno de 2% neste ano. Um terço dos entrevistados projeta crescimento abaixo desse nível, enquanto 25% esperam uma expansão superior a 2%.
Nos Estados Unidos, a maioria dos analistas (57,1%) espera dois cortes de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros em 2025, conforme sinalizado pelo Federal Reserve. Mas 38,1% acham que poderá haver apenas um corte, devido à inflação persistente. Apesar das incertezas, todos os entrevistados descartam um cenário recessivo por ora.

