Setor inicia o ano com recorde histórico no salário médio, geração de empregos em alta e projeções de aumento nas vendas, mas enfrenta o impacto da inflação e o aumento do ICMS em São Paulo
O setor de bares e restaurantes, que responde por 85% do volume de empregos na categoria de Alojamento e Alimentação, entra em 2025 com otimismo e desafios. De um lado, indicadores positivos, como o maior salário médio da história do setor (R$ 2.170, um crescimento de 5,8% nos últimos 12 meses) e a geração de 70 mil novos postos de trabalho no último trimestre. De outro, a inflação, o endividamento e o aumento do ICMS em São Paulo ameaçam o equilíbrio financeiro das empresas.
Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 73% dos empreendedores esperam um aumento nas vendas no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. No entanto, a proposta do governo paulista de triplicar o ICMS para bares, restaurantes e padarias, passando de 3,2% para 12%, gera preocupação no setor.
“O aumento histórico nos salários e a significativa geração de empregos mostram que nosso setor segue como um pilar essencial da economia brasileira”, afirmou Paulo Solmucci, presidente da Abrasel. “Porém, decisões como o aumento do ICMS em São Paulo são um obstáculo significativo. Triplicar a alíquota em um estado tão representativo é como colocar uma âncora na recuperação econômica do setor”.
Geração de empregos e valorização da mão de obra
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) mostram que, em novembro de 2024, foram criados 13.787 novos empregos com carteira assinada no setor, um aumento de 11,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) contabilizou mais de 70 mil postos de trabalho no último trimestre, formais e informais.
Essa expansão reflete a valorização da força de trabalho, com o maior salário médio registrado na história do setor. Além disso, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, a cada 1 mil empregos diretos criados por bares e restaurantes, outros 2.250 empregos são gerados indiretamente na economia brasileira.
“O setor contratou para dar conta da alta demanda das festas de fim de ano e boa parte desses trabalhadores deve continuar no verão, principalmente em cidades turísticas, onde o movimento tende a crescer ainda mais”, explicou Solmucci.
Desafios do setor em 2025
Apesar dos resultados positivos, a inflação segue como um grande desafio. Segundo a pesquisa da Abrasel, 32% dos empresários não reajustaram seus preços nos últimos 12 meses, enquanto 60% ajustaram abaixo ou conforme a inflação. Esse cenário impacta diretamente as margens de lucro, já pressionadas pelo aumento dos custos de insumos, energia e outros serviços essenciais.
O endividamento também é uma preocupação constante. Ainda de acordo com a Abrasel, 39% das empresas do setor enfrentam dívidas em atraso, principalmente relacionadas a impostos federais (71%), estaduais (48%) e empréstimos bancários (35%).
ICMS em São Paulo: um impacto nacional
O aumento do ICMS em São Paulo é um dos temas mais preocupantes para o setor. A medida, prevista para entrar em vigor em janeiro de 2025, deve elevar a alíquota de 3,2% para 12%, impactando diretamente os empresários e consumidores.
“A decisão deve gerar aumento nos preços dos cardápios, afetando o consumidor final e comprometendo a competitividade das empresas. É um cenário desafiador, especialmente para um setor que ainda se recupera das dificuldades enfrentadas durante a pandemia”, alertou Solmucci.
Conclusão
O setor de bares e restaurantes chega a 2025 com um panorama complexo: enquanto dados de emprego e salários mostram resiliência e crescimento, a inflação e políticas tributárias podem representar entraves significativos. O equilíbrio entre esses fatores será determinante para o futuro do segmento, que segue como um dos pilares da economia brasileira.