Eletrônicos, linha branca e mercadorias de maior valor agregado estão na mira dos clientes, que devem utilizar o parcelamento e apostam na “xepa da Black Friday” para fazer compras
Às vésperas da maior data do varejo brasileiro, a Black Friday, que em 2024 acontece no dia 29 de novembro, o Reclame AQUI divulga nova pesquisa sobre o planejamento de compras. Entre os consumidores pesquisados, 43,94% devem gastar entre R$1 mil e R$4 mil e 27,05% dos consumidores, entre R$100 e R$500.
O alto ticket médio se justifica porque as pessoas têm no radar de compra itens eletrônicos, da linha branca, como geladeiras, fogão e máquina de lavar, e mercadorias de maior valor agregado e que são difíceis de apresentar grandes descontos. A disposição em gastar mais dos brasileiros, segue a mesma do ano passado.
A junção de comprar coisas caras com a dificuldade do varejo em dar desconto culmina no parcelamento como grande direcionador de decisão para o consumidor. A maior parte, 60,35%, pretende comprar no cartão de crédito, de forma parcelada e apenas 20,16% na modalidade PIX.
Com mais consumidores indecisos, 61,44% respondeu que o plano de comprar nessa Black Friday vai depender das promoções e dos preços, a pesquisa do Reclame AQUI mostra compras fortemente condicionadas a preços, reputação das marcas e reviews, ou seja, na avaliação das empresas por parte dos consumidores.
O CEO e cofundador do Reclame AQUI, Edu Neves, entende, com base na pesquisa, que o consumidor está apostando na reta final da sexta-feira de promoções, onde os preços e as ofertas devem melhorar. Diferente de outras ocasiões em que os lojistas saiam na frente querendo queimar descontos e fazer a venda logo na largada, nas primeiras horas da data.
Para Neves, de forma inconsciente, o consumidor está aprendendo a jogar com a data. “O consumidor está indo para essa Black Friday 2024 de olho na “xepa das promoções”, avaliando que apenas no final do dia ele vai encontrar o desconto que deseja“, declara, baseado no horário em que ele indica fazer as compras, alinhado às suas expectativas das condições de preços e descontos que possam ser oferecidos.
Isso acontece, segundo Neves, em virtude da descrença do consumidor em encontrar grandes descontos na Black Friday. Somado a cautela financeira que já vem crescendo nos últimos meses e ao desejo de adquirir mercadorias com tickets de alto valor.
“Além disso, ainda existe a necessidade do parcelamento, que gera um consumidor que entende que vai ser difícil encontrar uma oferta que cubra todos esses aspectos. A tendência é que os consumidores apostam que a Black Friday não vai ser um grande sucesso. Em resumo, a leitura é que o melhor deal, a melhor condição, ele vai ter no final“, afirma o CEO do Reclame AQUI.
A julgar por essa postura do parcelamento, para ele, a Black Friday começa agora em novembro e termina depois do Natal. Por conta dos descontos módicos, os varejistas devem calibrar os preços e descontos semana a semana tentando ao mesmo tempo capturar o interesse do consumidor e suprir a necessidade de caixa.
“Com mais condições de pagamento, deve haver mais promoções no PIX para tickets menores e ampliação do parcelamento sem juros em mercadorias de alto valor. Os produtos de moda e beleza devem conquistar a venda à vista com desconto, enquanto eletroeletrônicos e casa/decoração, por exemplo, tickets maiores, maior parcelamento“, analisa Neves.
Pretensão de compras
Se em agosto o Reclame AQUI identificou consumidores em “modo avião”, ainda observando o movimento dos varejistas e muito amarrados às possibilidades de bons preços, o cenário teve sensível mudança de lá pra cá.
Apenas 21,46% dos consumidores definiram que não irão comprar, conforme a pesquisa do Reclame AQUI feita em novembro. Já outros 78,54% vão às compras ou estão indecisos à espera dos bons descontos, ou seja, existe essa vontade latente, a espera de boas oportunidades.
Em relação a 2023, quando nessa época 62% estavam certos de que iam comprar, este ano, o consumidor “tirou o pé do acelerador de compras” e está menos emocionado, mais ancorado em preço, que será mais decisivo ainda que o desconto.
Dentro desse mesmo grupo que pretende ir à caça do produto desejado, o plano de compra está amarrado ao “apetite” das lojas em dar descontos: a validação da compra, para 61,44% dos respondentes da pesquisa, vai depender das promoções e dos preços.
Os “caça-descontos”, aqueles que pretendem comprar igual ou mais que ano passado, somam 24,45%, enquanto aqueles que pensam em gastar menos em relação à data do ano passado somam 75,54%, ou seja, estão menos emocionados com a BF deste ano.
Melhor horário e local para compras
Assim como em 2023, o consumidor este ano deve repetir o comportamento de compra: na largada das ofertas às 18h de quinta-feira (28/11) começa a “caça” às ofertas, o mapeamento inicial. Depois, eles se dividem entre a tarde de sexta-feira em diante.
Ou seja, o consumidor está pesquisando e vai chegar na Black Friday com espírito de xepa, ele vai apostar na reta final para ver o preço que vai encontrar: as compras devem acontecer a partir das 12h de sexta-feira para quase 60% dos consumidores, e 47% vão apostar nas horas finais.
Entre os lugares mais apontados pelos consumidores estão as lojas online, em sites, e-commerces, marketplaces e apps com 75,14%. Em 2023, ainda sob os efeitos do pós-pandemia, os consumidores distribuíram suas compras com certo equilíbrio entre as lojas físicas, mas em 2024, o comércio online está disparado.
Monitoramento de preços
Às vésperas da Black Friday, cresce o interesse em monitorar preços, produtos e lojas. Em agosto, poucos consumidores se movimentavam, já mais perto da data, cresce o interesse. Conforme a pesquisa do Reclame AQUI, 44,76% devem olhar para a Black Friday agora, em novembro, começando este mês/vai conferir só na data mesmo, o que indica que a cabeça do consumidor não está tão para compras como se pensa.
Relação da data com o Natal
Entre os pesquisados,50,48% dos consumidores que vão às compras na BF afirmaram que não vão adiantar os presentes. Para Edu Neves, o fator preço/descontos reduziu a pressa em fazer as compras de Natal em 2024, em relação a 2023, quando na época 63% haviam dito que fariam as compras de Natal na BF. A ideia é de que, sem pressa, o consumidor possa comprar melhor este ano.
Construção de confiança
Este ano, os consumidores vão munidos de “duas armas” para a Black Friday: pesquisa de reputação e a consideração elevada na opinião de outros consumidores (reviews). E o ponto de partida para essa construção de confiança nas lojas parte da pesquisa das marcas no Reclame AQUI, sites oficiais das lojas e sites de buscas (como Google, Bing…).
Apesar de ser uma data onde o que predomina na decisão de compra é o preço, consideração de reputação e avaliações de terceiros estão à frente de condições e formas de pagamento. Em 2023, por exemplo, avaliações de outros consumidores sobre os produtos (reviews) eram consideradas apenas por cerca de 9% dos consumidores como aspecto decisivo para as compras na Black Friday, e este ano chega a 45%. Ou seja, quem vai comprar, vai se apoiar, e muito, na opinião de outros consumidores.
“Esse comportamento mostra maturidade dos consumidores, que estão mais atentos às opiniões. Seja as publicadas no Reclame AQUI ou em comentários em outras plataformas“, analisa Edu Neves.
Busca por informações
Além disso, os consumidores se mostram mais tradicionais quando o assunto é onde buscar informações sobre lojas, produtos e serviços para a Black Friday. Quando questionados, os consumidores apontam sites oficiais das lojas, sites de buscas e Reclame AQUI.
Para Neves, as redes sociais são apontadas como um meio de conhecer as marcas e produtos, ou seja, awareness. Enquanto nos demais ambientes digitais ele encontra mais segurança em relação a informações. “Com esse olhar, os sites das marcas são um instrumento de publicidade para atrair os consumidores para eles. E com isso, elas terão mais trabalho para conquistar a confiança do consumidor, já que o Reclame AQUI está inserido nessa jornada de construção de confiança, e a reputação das marcas terá um peso enorme para os consumidores“.
Agora, é aguardar a largada de promoções nos dias mais quentes da Black Friday e ver se as empresas vão atender às expectativas dos consumidores.
Principais insights da pesquisa
O estudo, que aconteceu de forma online na plataforma da empresa, aconteceu entre os dias 4 e 7 de novembro de 2024, e contou com a participação de 1,8 mil consumidores. Confira as principais respostas.
Você pretende comprar na Black Friday 2024?
Sim, vou comprar – 34,08%
Não vou comprar – 21,46%
Ainda não sei, vai depender dos preços – 44,46%
Como está seu plano de compra para a Black Friday 2024? (pergunta para os consumidores que disseram que vão comprar na Black Friday e quem está indeciso)
Está maior do que o ano passado – 15,12%
Talvez eu compre igual ano passado – 9,33%
Está menor do que o ano passado – 14,10%
Vai depender das promoções e dos preços – 61,44%
Em qual período do dia você pretende fazer as compras na BF 2024?
Já a partir das 18h na quinta-feira – 32,83%
Da 0h às 6h, na sexta-feira – 7.97%
Das 6h às 12h, na sexta-feira – 11.92%
Das 12h às 18h, na sexta-feira – 22,00%
Após as 18h, na sexta-feira – 25,27%
Onde pretende fazer as compras? (resposta de múltipla escolha, os consumidores puderam marcar mais de uma opção)
Lojas físicas, no comércio do bairro – 15,60%
Lojas físicas, em grandes redes – 27,25%
Lojas online via redes sociais – 26,91%
Lojas online, em sites, e-commerces, marketplaces, apps – 75,14%
Live commerces (lives de Instagram, eventos com artistas na TV, etc) – 2,86%
WhatsApp – 2,72%
Como você pretende pagar as compras na Black Friday 2024?
Cartão de crédito parcelado – 60,35%
Pix – 20,16%
Quanto você pretende gastar na Black Friday 2024?
Entre R$1.000 e R$ 2.000 – 30,04%
Entre R$300 e R$500 – 14,24%
Entre R$ 3.000 e R$ 4.000 – 13,90%
Entre R$100 e R$300 – 12,81%
Entre R$700 e R$900 – 9,54%
Mais de R$ 4.000 – 8,72%
Entre R$500 e R$700 – 7,83%
Até R$100 – 2,93%
Quais categorias de produtos você tem mais interesse em comprar na Black Friday 2024? (as categorias mais assinaladas pelos consumidores na pesquisa de novembro)
Eletrônicos (celulares, notebooks, TVs, drone, caixas de som, etc.) – 51,36%
Eletrodomésticos (TV, geladeiras, fogões, etc.) – 35,56%
Eletroportáteis (sanduicheira, batedeira, liquidificador, etc.) – 22,75%
Moda e vestuário (roupas, calçados, acessórios) – 37,87%
Casa e decoração (móveis, utensílios, decoração) – 33,79%
Beleza e saúde (perfumes, cosméticos, suplementos) – 28,07%
Você está acompanhando os preços e promoções para a Black Friday 2024?
Sim, há mais de 6 meses 18,26%
Sim, nas últimas semanas 36,99%
Ainda não, pretendo começar esse mês 28,27%
Vou conferir os preços só no dia da Black Friday mesmo 16,49%
Pretende fazer compras de Natal durante a Black Friday 2024?
Sim, já vou adiantar – 49,52%
Não, vou esperar para comprar mais perto da data – 50,48%
Qual fator vai influenciar sua decisão de compra na Black Friday 2024? (resposta de múltipla escolha, os consumidores puderam marcar mais de uma opção)
Avaliações de outros consumidores sobre os produtos (reviews) 45,44%
Atendimento/suporte das lojas 29,16%
Opções de pagamento (boleto, débito, crédito, PIX, etc) 37,94%
Reputação da empresa/marca 61,04%
Preço e promoções (ex.: cashback, frete grátis) 79,70%
Condições de pagamento (à vista, prazo, etc) 36,85%
Que tipo de medida você costuma tomar para se proteger de golpes e fraudes durante a Black Friday? (resposta de múltipla escolha, os consumidores puderam marcar mais de uma opção)
Verifico a reputação da loja/empresa no Reclame AQUI 77,79%
Leio avaliações e comentários (reviews) de outros consumidores 57,97%
Uso métodos de pagamento seguros (ex.: cartão de crédito, boleto) 47,82%
Evito confiar apenas em recomendações de influenciadores 30,45%
Outra medida, qual? 5,93%
Não costumo me preocupar com fraudes ou golpes na Black Friday 0,95%
Fonte: Reclame AQUI