Startups e pequenas empresas com baixa proteção digital se tornam alvos preferenciais de ataques cibernéticos; especialista lista cinco medidas essenciais para reforçar a segurança

O Brasil registrou mais de 700 milhões de ataques cibernéticos entre agosto de 2023 e julho de 2024 — uma média de 1.379 tentativas de invasão por minuto. Os dados são do estudo Panorama de Ameaças Para a América Latina 2024, da Kaspersky, que coloca o país como o segundo mais atacado do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Embora empresas de todos os tamanhos sejam afetadas, startups e pequenos negócios têm sido alvos frequentes pela baixa maturidade digital e jurídica. A falta de medidas de proteção torna essas organizações mais vulneráveis e, muitas vezes, porta de entrada para redes maiores.

“As startups e pequenas empresas costumam ter menor proteção, menos maturidade jurídica e técnica para reagir a um ataque digital. Isso as torna mais vulneráveis, inclusive por serem porta de entrada para redes maiores, como fornecedores ou parceiros”, explica Alexandra Beck, advogada e especialista em Direito Digital.

Prejuízos altos e riscos crescentes

Segundo o Relatório do Custo das Violações de Dados 2024, da IBM, o custo médio de uma violação no Brasil é de R$ 6,75 milhões. A maioria dos pequenos negócios, no entanto, não possui estrutura para lidar com os impactos financeiros e legais de um ataque.

Entre os golpes mais comuns estão:

  • Phishing (fraudes via e-mail ou mensagem),
  • Ransomware (sequestro de dados),
  • Invasões de servidor,
  • Ataques DDoS, que derrubam sites e sistemas,
  • Roubo de propriedade intelectual.

Também há o risco de danos à reputação, como a publicação coordenada de avaliações falsas em plataformas públicas.

“Na maioria das vezes, as pequenas empresas focam no crescimento e negligenciam a proteção digital. Mas a falta de preparo pode destruir a imagem de uma empresa em poucas horas”, alerta Alexandra.

Riscos legais e operacionais

Além do prejuízo direto, os danos jurídicos são sérios: podem incluir responsabilidade civil, sanções administrativas pela ANPD e até ações penais. Empresas também correm risco de perder contratos, investidores ou sofrer processos coletivos.

“A vulnerabilidade digital é um risco sistêmico. Mesmo que a empresa não seja diretamente culpada, ela pode ser responsabilizada por não ter adotado medidas preventivas”, reforça a especialista.

5 ações para fortalecer a segurança digital

Para reduzir os riscos, Alexandra Beck elenca cinco medidas essenciais:

  1. Política de segurança clara — acessível e aplicada desde o primeiro dia de trabalho;
  2. Autenticação em dois fatores (2FA) — em todos os sistemas críticos;
  3. Backups frequentes e seguros — preferencialmente em ambientes criptografados;
  4. Capacitação da equipe — principalmente sobre golpes como phishing e vazamento de senhas;
  5. Revisão de contratos com fornecedores de TI — exigindo padrões de segurança e cumprimento da LGPD.

Cibersegurança como parte da gestão

A especialista alerta: proteger dados e sistemas não é uma demanda técnica, mas uma parte essencial da estratégia de negócios.

“A prevenção digital precisa ser levada tão a sério quanto o financeiro ou o comercial. O risco existe — e ignorá-lo é uma escolha perigosa”, conclui.

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