Olá, Leitor(a). Certamente você, como a maioria dos brasileiros, não está satisfeito com a instabilidade econômica e polaridade institucional e política.
Estabilidade, crescimento e desenvolvimento social e econômico é o que desejamos. Isso se traduz em mais investimento produtivo, capacitação profissional, conjugada com aumento das oportunidades de emprego, geração de renda e de consumo.
As “leis econômicas não vão mudar” e os empreendedores têm de identificar, analisar, qualificar e quantificar quais variáveis econômicas afetam seus negócios. Quer um exemplo? O que afeta a demanda por fraudas descartáveis? Vamos lá. O preço dessas, as taxas de natalidade e de fertilidade, idade (inclusive a relacionada na qual as pessoas casam e o número de filhos que “planejam” ter), custo de vida (incluindo estimativas de gastos com alimentação, educação e moradia) e até costumes.

Nesse aspecto, chamo a atenção para a “agenda woke”. Não estou sendo pejorativo. Essa envolve temas relacionados a identidade de gênero que reverberam na sociedade e em diversas instituições (partidos políticos, empresas, ‘igrejas’, faculdades, escolas e ou ONG’s). Costumes ou preferências afetam a demanda e induzem a capacidade de investimentos para a oferta de fraudas. Como sabemos, os preços dos bens e as preferências ou gostos dos consumidores, dentre outras variáveis, afetam a demanda pelos bens ou serviços em cada mercado.
Importante destacar que, seja qual for o mercado no qual atuamos, a renda que os consumidores dispõem é fundamental. Quando essa cresce, a tendência é que haja mais demanda por bens e serviços, gerando aumento na oferta de postos de trabalho e um fluxo maior de renda e consumo. Abordei esses temas em outros artigos nessa coluna. Resta agora, aprofundar a relação disso com as Políticas Econômicas, ante a incerteza da sustentabilidade das finanças públicas.

O governo não gera renda. Esse pode influenciar a formação dessa. É o setor produtivo por meio das decisões de investimento e consumo. Destaco que o nível de consumo depende da renda disponível; ou seja, renda gerada, acrescida de subsídios menos impostos.
Dados do IBGE indicam que, entre 2021-22 e 2022-23, a taxa de crescimento do consumo das famílias foram de, 4,3% e 3,1%, respectivamente. Importante destacar que o crescimento verificado entre 2021-22 ocorreu pós-pandemia. No mesmo período, houve crescimento de 7,2% e 2,1% nos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios. Já a carga tributária representou 33,1% e 32,4% do Produto Interno Bruto (PIB); ou seja, representa 1/3 do PIB.
Você não é obrigado a conhecer detalhes sobre o orçamento do setor público, mas tem de acompanhar as previsões e impactos desses nos negócios. Nesse contexto, algo importante deve estar no “radar dos seus negócios”.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é o instrumento que estabelece metas e prioridades da administração pública para o próximo ano. Essa orienta a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). A LDO é um guia para a LOA e busca determinar como os recursos arrecadados pelo setor público devem ser empregados e quais são as principais metas e prioridades do governo para o próximo exercício financeiro.
Pois bem. O projeto LDO da 2026 preocupa investidores e o mercado. Esse indica aumento das despesas do setor público, devorando o consumo e o investimento privados. Assinala também que as receitas de arrecadação de impostos estão superestimadas. Ante a esse cenário, os dados indicam que há a possibilidade de estrangulamento das finanças públicas entre 2026 e 2027. O governo pode não dispor de recursos investimentos e para manter serviços públicos. Infelizmente, o atual governo não tem priorizado cortes de gastos no setor público. São mais de 3 dezenas de ministérios …

Matéria apresentada pela CNN (https://cbn.globo.com/economia/noticia/2025/04/16/governo-admite-falta-de-dinheiro-em-2027-e-economistas-falam-em-cenario-irrealista-das-contas-publicas.ghtml ) indica que despesas não obrigatórias, usadas para investimentos e financiamento do setor público serão de cerca de R$208 bilhões no ano que vem, mas alcançam R$122 bilhões em 2027. Esse montante será insuficiente para manter a administração pública.
De acordo com a matéria, orçamento do setor público é pressionado pela natureza e crescimento das despesas obrigatórias, que aumentam todos os anos. São emendas parlamentares que definem as finalidades orçamentárias, além das despesas com precatórios, pagamento de sentenças judiciais (determinação de pagamento emitida pelo Poder Judiciário para cobrar da União, Estados, Municípios ou outras entidades públicas). Curiosamente, por interferência do Supremo Tribunal Federal (STF), essas não estão na meta do resultado primário (receitas menos arrecadação de tributos).
Em síntese, quem gera a renda é o setor privado, o governo arrecada muito, é ineficiente, gera um peso enorme sobre o setor produtivo e vamos ter de “conviver com mais essa”.
O atual governo e, seja quem for escolhido no próximo mandato, vai ter de lidar com a crise fiscal e “fazer ajustes”; ou seja, descarregar no setor produtivo o ônus da inépcia na gestão pública.
Lamento, mas o ônus da falta de eficiência será descarregado, como sempre, sobre o setor produtivo … famílias que consomem e investem …

Marcello Muniz é economista e mestre em Engenharia pela USP. Com 20 anos de experiência profissional, é perito judicial, atua como Analista de Negócios junto à Data Science Business Management (DBSM) e é professor de Economia junto à Unifaccamp (de Campo Limpo Paulista) e Faculdade Impacta de Tecnologia (FIT).
Atuou como pesquisador da Divisão de Economia e Engenharia de Sistemas do IPT (DEES), consultor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Analista de Projetos da Fiesp.
Apaixonado por temas relacionados a políticas públicas e economia, autor do livro Matemática para Economia (Ser Educacional), participou na qualidade de coautor de 13 livros, entre esses: Política Industrial (Jornal Valor Econômico), Outward FDI from Brazil and its policy context (Vale Columbia Center on Sustainable International Investment), Gestão da Inovação no Setor de Telecomunicações (Fapesp) e Ressurgimento da indústria naval no Brasil (projeto-Ipea-BID).
Muito obrigado por essa matéria, que sempre nos acrescenta no que diz sobre a economia atual, gratidão Marcelo Muniz pelo texto incrível!
Obrigado Pedro. Para nós é sempre importante receber feedbacks, sejam positivos ou negativos. O importante é manter o debate sobre temas atuais de forma leve e informativa. Forte abraço.
Muito obrigado pela matéria, que nos trás sempre conhecimentos dos fatos atuais de nossa economia Mestre Marcelo Muniz.
Pedro, eu eu meus colegas do JVN agradecemos. Vamos continuar acompanhando, discutindo e buscando informar. Abraços.
Significativa reflexão que nos traz Marcello, contas públicas em absoluto desequilíbrio, como se o setor produtivo fosse uma fonte infinita para financiar essa máquina governamental, exageradamente, inchada e obsoleta. Sua abalizada explanação traz luz à consciência que precisamos no entendimento coletivo. Abraço.
Olá, Walcinyr. Obrigado pelo comentário. Não resta dúvidas. Entendo que acompanha temas relacionados às finanças públicas. Infelizmente, no Brasil, há uma exacerbada inversão de funções: o Estado deveria trabalhar para o contribuinte de forma mais eficiente e eficaz, realizando suas devidas funções estabilizadora, alocativa e distributiva com mais responsabilidade; não o contribuinte apenas “sustentar o Estado”. Seguimos aqui, discutindo tais temas e creio que de forma leve, mas tecnicamente consistente. Abraços.