Estudo projeta impacto da economia prateada e mostra diferenças regionais e por classe social no consumo da população 50+

O consumo da população brasileira com mais de 50 anos chegará a R$ 3,8 trilhões em 2044, representando 35% do consumo domiciliar privado nacional, que deverá atingir R$ 10,8 trilhões no período. A projeção é da pesquisa Mercado Prateado: consumo dos brasileiros 50+, realizada pelo Data8, que dimensiona pela primeira vez a cesta de consumo da população madura a partir de uma perspectiva econômica e setorial.

Potência econômica invisibilizada

Hoje, a economia prateada movimenta R$ 1,8 trilhão no Brasil, equivalente a 24% do consumo privado total do país. A tendência é de expansão contínua. “Essa é a economia que mais cresce no Brasil e no mundo, impulsionada pelo fenômeno da transição demográfica que está tornando a conhecida pirâmide populacional um verdadeiro obelisco”, afirma Lívia Hollerbach, coordenadora da pesquisa.

O estudo revela ainda que 54% dos brasileiros com mais de 55 anos não se sentem representados pela mídia nem vistos pelas marcas, e 40% relatam não encontrar produtos e serviços voltados às suas necessidades. Entre as carências destacadas estão vestuário (56%), alimentos (40%) e turismo (36%).

Consumo maior e mais focado em necessidades básicas

Com amostra de mais de 178 mil pessoas, a pesquisa aponta que o consumo per capita mensal da população 50+ é de R$ 1.630 – superior à média da população geral (R$ 1.308) e significativamente acima da média dos menores de 50 anos (R$ 1.185). Os principais gastos estão concentrados em habitação (28%), alimentação (25%), transporte (15%) e saúde (14%).

As classes sociais consomem de maneira distinta. Na classe A, os gastos com transporte lideram (25%), seguidos de alimentação (20%) e habitação (20%). Já nas classes C e D, habitação e alimentação ocupam o topo da cesta. “A renda mais alta permite o consumo de supérfluos além das necessidades básicas. Já os mais pobres enfrentam a alta conta da longevidade”, explica Hollerbach.

Diferenças por faixa etária e aumento do peso da saúde

À medida que envelhecem, os prateados destinam uma fatia cada vez maior do orçamento à saúde: na faixa de 50-54 anos, 11% do consumo mensal vai para essa área; entre os 80+, o índice salta para 21%. “Um prateado de 80 anos ou mais usa quase o dobro em saúde em relação a um de 50 anos”, aponta Hollerbach.

Já os gastos com educação são praticamente inexistentes entre os mais idosos. Setores como vestuário, higiene pessoal e recreação também têm peso reduzido na cesta da população prateada.

Cenário regional: contrastes e prioridades

As diferenças regionais também influenciam o padrão de consumo dos 50+. O Centro-Oeste apresenta o maior consumo per capita mensal (R$ 1.941), com destaque para transporte (18%). No Sudeste, saúde lidera (R$ 293 mensais). No Sul, transporte volta a liderar (R$ 328 mensais). Já Norte (R$ 1.064) e Nordeste (R$ 1.143) registram os menores consumos per capita, com maior peso de alimentação e higiene.

Envelhecimento acelerado e ativo

Segundo a ONU, a população com mais de 50 anos cresce 3% ao ano no mundo, e a América Latina é a região que envelhece mais rapidamente. No Brasil, 27% da população já tem mais de 50 anos, e esse percentual chegará a 40% em 2044. “O Brasil está vivendo em 20 anos o que países como a França levaram um século para alcançar”, observa Hollerbach.

Além disso, os prateados brasileiros estão mais ativos: 70% sustentam-se com rendimentos próprios; dois em cada 10 entre 65 e 74 anos ainda geram renda autônoma; e 30% ajudam financeiramente os filhos.

A pesquisa integra o projeto Brasil Prateado, que trará, ao longo do ano, novos estudos sobre longevidade, consumo, mercado de trabalho e políticas públicas.

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