Nos últimos tempos, a presença nas redes sociais e em plataformas digitais como podcasts, Instagram e outras mídias tem sido vista como indispensável para a construção de uma reputação, tanto para empresas quanto para profissionais que desejam se destacar. No entanto, a exposição desmedida e sem planejamento adequado pode ser um caminho perigoso – que podem ir de simplesmente não dar resultado algum até a levar a crises de imagem que, em questão de minutos, podem desmoronar uma reputação construída ao longo de anos.

Em minha experiência como relações públicas e agora gestora de um jornal regional comprometido com os princípios basilares, como compromisso com a verdade, ética, publicação apenas de notícias apuradas e comprováveis… – o básico, não é mesmo? – tenho observado com preocupação uma visão bastante equivocada que alguns empreendedores vêm adotando. É comum ouvir que “ah, bobagem, ninguém mais lê jornal” ou que “o caminho agora é só o digital”. Como se estar presente no Instagram, em podcasts ou qualquer outra rede social fosse suficiente para conquistar uma boa imagem institucional.

Claro que a presença digital, de fato, é fundamental para um bom posicionamento de marca. Como profissional de comunicação corporativa eu reconheço isso. Mas confiar cegamente que basta estar online para alcançar sucesso é um erro. Isso porque o que frequentemente fica de fora dessa equação é o planejamento estratégico por trás dessa presença, algo que só um profissional qualificado em comunicação pode oferecer.

A superexposição sem critério é um terreno fértil para crises de imagem. E não faltam exemplos recentes que ilustram isso. Quem não se lembra do caso da influenciadora digital Virgínia Fonseca, que foi duramente criticada nas redes por publicar uma série de stories promovendo produtos enquanto estava em luto pela perda do pai? Embora a intenção dela possa ter sido continuar com os compromissos profissionais, o público não reagiu bem à maneira como isso foi feito, e a crise de imagem repercutiu em toda a imprensa. Outro exemplo emblemático foi o da marca Lojas Renner, que enfrentou uma grande polêmica ao associar seu nome a um influenciador acusado de discurso de ódio. E esses são apenas alguns casos em que uma ação mal planejada ou uma escolha equivocada de parcerias nas redes sociais gerou uma repercussão negativa enorme e difícil de controlar.

Quando falamos de crise de imagem, estamos falando de uma reação em cadeia que pode começar com uma pequena faísca e, rapidamente, se transformar em um incêndio. E nas redes sociais, onde a velocidade de propagação da informação é imensa, o impacto pode ser devastador. Comentários impulsivos, opiniões sem filtro e associações com influenciadores sem alinhamento ético são alguns dos fatores que, quando não gerenciados por um profissional bem preparado, podem levar uma marca ou figura pública ao desastre.

Pois é: não, não vale tudo para chamar a atenção. Não caia nessa velha (e péssima) ideia de que “falem bem ou falem mal, mas falem de mim”. O remédio pode ser bem amargo.

Acredito que a chave para evitar esses problemas está no planejamento estratégico. Antes de se aventurar no digital, é preciso uma análise detalhada: quem é o público-alvo, quais são seus interesses, por quais canais seu público se informa e que tipo de conteúdo você tem a oferecer que ele pode querer consumir. É essencial também adaptar a linguagem a cada meio e preparar-se adequadamente para cada participação. Participar de todos os podcasts ou aceitar todas as entrevistas, sem um objetivo claro, pode saturar a imagem da empresa ou do profissional, levando à perda de relevância.

E aqui vem outra questão importante: estar em todos os lugares ao mesmo tempo pode até parecer uma boa ideia, mas se a mensagem transmitida não for clara ou consistente, o efeito pode ser exatamente o oposto do desejado. É muito comum ver profissionais participando de entrevistas sem a preparação adequada, ou influenciadores conduzindo podcasts de maneira despreparada, gerando situações embaraçosas ou até prejudiciais à reputação de quem participa.

No campo das Relações Públicas, temos uma máxima: “falhar ao planejar é planejar o fracasso”. E isso é particularmente verdadeiro no contexto das redes sociais. O ambiente digital, embora ofereça oportunidades imensas, também é um campo minado, onde um simples erro pode ter consequências catastróficas. E as crises de imagem que surgem nesses espaços se espalham com a velocidade de uma bomba-relógio, afetando não só a reputação, mas também os negócios e a confiança pública.

Por isso, a presença no digital precisa ser bem pensada e articulada dentro de uma estratégia maior de comunicação. Não se trata de evitar o digital, mas de utilizá-lo de maneira inteligente e planejada. E, acima de tudo, com o suporte de um profissional qualificado, capaz de antecipar riscos e proteger a reputação da marca ou do profissional. Afinal, crises sempre podem surgir, mas com o planejamento certo, seus efeitos podem ser minimizados e a reputação preservada.

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