Vivências, dados e reflexões mostram que visibilidade e inclusão ainda são desafios no ambiente corporativo
O mercado de trabalho para pessoas LGBTQIAPN+ ainda impõe desafios estruturais. Dados de uma pesquisa divulgada pela CNN em 2024 revelam que 53% dos profissionais LGBTQIAPN+ conhecem alguém que já sofreu preconceito no ambiente de trabalho. Outros 24% afirmaram terem sido vítimas diretamente desse tipo de violência, seja por sua identidade de gênero, expressão ou orientação sexual.
Esse cenário reflete que, apesar dos avanços em diversidade e inclusão, ainda há um caminho a ser percorrido dentro das empresas. A busca por oportunidades, muitas vezes, obriga profissionais LGBTQIAPN+ a esconderem quem são, adaptarem sua aparência ou evitarem falar sobre a vida pessoal para evitar discriminação.
Para Evelyn Pereira, assistente de Recursos Humanos da Petronect, esse processo vai além de inserção profissional. “Ser quem se é, todos os dias, não é simples — é um ato de resistência. E poder fazer isso com verdade, no ambiente onde atuo, é o que me permite ser mais feliz”, afirma.
Ela relata que, no início da carreira, precisou mudar a aparência para se adequar aos padrões esperados em processos seletivos. Com o tempo, percebeu que a busca por pertencimento não deveria passar por negar sua identidade. “Estar presente nesses espaços nem sempre garante o sentimento de pertencimento. Ele só acontece quando você realmente é acolhido e respeitado, como pessoa e como profissional”, destaca.
Cultura inclusiva faz diferença
Evelyn ressalta que encontrar um ambiente corporativo que valoriza diversidade, como a Petronect, tem impacto direto em sua trajetória. “Diferente de muitas empresas que ainda julgam pela aparência, a Petronect constrói seus talentos olhando para o que realmente importa: atitude, entrega e competência”, afirma.
A profissional atua na área de Recursos Humanos, com foco em treinamentos e comunicação interna, e participou do processo que levou a empresa a conquistar, pela primeira vez, a certificação GPTW (Great Place to Work) em 2024, com aprovação de 96% dos colaboradores.
Visibilidade e orgulho como construção diária
O mês de junho, marcado internacionalmente como o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+, traz reflexões importantes sobre visibilidade, respeito e dignidade no mercado de trabalho e na sociedade. “A invisibilidade, às vezes, pode proteger, mas também apaga partes importantes de quem somos. A presença autêntica, sem disfarces, abre caminho para outras pessoas”, pontua.
Para Evelyn, o orgulho é uma construção cotidiana. “Ele foi ganhando forma à medida que fui me conhecendo, me respeitando e, sobretudo, me permitindo viver com verdade. Ser uma mulher lésbica não resume quem eu sou, mas é parte fundamental da minha história. E ter orgulho disso é transformar aquilo que antes me causava medo em força”, afirma.
Ela conclui que a valorização da diversidade não é apenas uma pauta social, mas uma questão de desenvolvimento humano, produtividade e bem-estar nas empresas. “O orgulho não é sobre superioridade — é sobre pertencimento”, resume.

