Iniciar a trajetória no universo das franquias pode ser algo altamente cruel com seus sonhos e realidade. Desatar-se do que te faz mal, se isso for a CLT pode ser sim necessário. Mas é preciso entender se o problema é o local de trabalho ou o modelo.

Vende-se muito, nos dias de hoje, o conceito que confere a cada um o ‘direito’ de construir suas rotas a partir de seus sonhos. Sonhos altamente inflamados que podem resultar em profundos descompassos como tornar o empresário refém de si mesmo, de suas escolhas. Desprender-se de vínculos, assumindo suas próprias economias, custos e insucessos para ‘moldar’ um futuro encapsulado em um destino desmedido, impensado, é Uberizar expectativas e realidades.

Assim, essa trajetória de quem passa de empregado a empregador é romantizada tal como a analogia de quem passa a dirigir seu próprio negócio. Os formatos podem estar prontos. A realidade, nem sempre está. Hoje, ouvimos ou percebemos talvez menos de 7% de sucesso. E o restante? Assumir uma condição em que você seja o único responsável pelo seu sucesso é desrespeitar a realidade construída no individual de cada um.

Para melhor entender a questão é preciso aceitar que não partimos todos do mesmo ponto. Entretanto somos cobrados a preencher mais que 80% do caminho sozinhos. Ou apoiados em pseudo franquias, em falácias de Coaches e consultorias sem o devido preparo. Há, sim, toda uma sorte de miopia que alimenta um sistema que ao final te cobra como o único responsável. E, ainda, te fazem pagar por tudo que não te entregaram como possibilidade de resultado e conhecimento.

O Brasil e, talvez, boa parte do mundo precisa aprender a criar mecanismos que permitam voos empresariais maiores. Que sejam capazes de sustentar a realidade dos que desejam empreender. E essa semente precisa estar na escola e não apenas em traços de disciplinas EAD em cursos superiores de educação.

O cenário que está posto mostra que ter condição de conquistar difere de ter poder e resiliência para conseguir se manter. E ao fim, compreenda que se der errado, a culpa não é sua como empresário. Pode ter faltado sim assistência, suporte. A culpa – se essa for a palavra correta – é de uma sistemática que mantém a realidade dos sonhos, para depois te vender outras ilusões em formato de correção de rota. Assim, a economia gira. Mas gira em descompasso.

Antes, bem antes de se tornar um empresário, procure entender o universo de implicações, e leia com atenção todas as letras miúdas do contrato. Não, eu não sou contra os sonhos. Aliás, vivo deles. Eu sou contra a parte que não te contam e ainda buscam te responsabilizar por isso. Erros são apenas etapas do aprendizado “pulado”, e fazem parte de todo e qualquer recomeço.

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