Caro(a) leitor(a), a crise no varejo brasileiro preocupa devido ao seu impacto sobre o mercado de trabalho e nível de atividade econômica e é resultado de uma série de fatores econômicos, sociais e políticos. É importante destacar que a economia brasileira vem patinando desde os anos de 2015 e 2016, período em que foi registrada a maior recessão da série histórica do Produto Interno Bruto (PIB) desde a crise dos anos 1930, com forte elevação da taxa desemprego.

Na verdade, é incrível. Na década de 1980 enfrentamos uma severa crise nas contas públicas, pós o processo de industrialização por substituição de importações e choque do petróleo, e conseguimos nos recuperar após a hiperinflação dos anos 1990 depois de mais de 10 planos econômicos que buscaram estabilizar a economia. Ao longo da segunda metade dos anos 1990 e na primeira década de 2000 a economia nacional decolou.

Inflação sob controle, elevados níveis de reservas internacionais, contas públicas equilibradas e austeridade fiscal, altas taxas de crescimento, boom no mercado internacional e manutenção do tripé macroeconômico (equilíbrio fiscal, câmbio flutuante e adoção do regime de metas de inflação) explicam o bom desempenho da economia brasileira em meio a consolidação do Plano Real, pós mudança de regime cambial em 1998, e a não política industrial.

Ocorre que desde a recessão econômica enfrentada pelo Brasil nos últimos anos até o desastre da Covid-19 que provocou, na minha visão, o caos do lockdown em março de 2020, o setor varejista enfrenta desafios significativos. O aumento na alta taxa de desemprego e a redução no poder de compra dos consumidores impactaram diretamente o consumo, levando diversas empresas do segmento de varejo a enfrentar dificuldades e até mesmo fechamento de lojas. A isso se somou o acirramento da concorrência o comércio eletrônico, que cresceu exponencialmente nos últimos anos, e mudança no comportamento dos consumidores que têm substituído marcas, ido menos vezes ao ponto de venda, levando o consumo para dentro de casa e colocando menos itens nos carrinhos e feito cortes nos gastos em serviços.

Na verdade, setor varejista foi severamente impactado com a queda na atividade econômica provocada pela pandemia, peso da inflação, sobre tudo com itens de primeira necessidade como alimentos e bebidas, que corrói o poder de compra das famílias, elevada taxa de desemprego, queda de renda famílias e aumento nos índices endividamento e de inadimplência.

As Lojas Americanas, que empregava créditos bancários para quitar dívidas com fornecedores cujos pagamentos não foram corretamente dimensionados e realizados, vêm lutado contra a concorrência acirrada do comércio eletrônico, que reduziu as vendas em lojas físicas e exigiu investimentos significativos em canais online. O Magazine Luiza, embora tenha promovido a expansão em suas operações de comércio eletrônico ainda enfrenta pressões devido à recessão econômica, incerteza e volatilidade no mercado varejista. A Casas Bahia, conhecida por ofertar crédito aos seus clientes, enfrenta desafios semelhantes, além da crescente concorrência do mercado varejista online e da necessidade de modernizar suas operações. Já Carrefour, embora seja uma marca global, enfrenta críticas e desafios após incidentes com prestadores de serviços de segurança e problemas trabalhistas em suas unidades no Brasil. O Grupo Dia, dono da rede de supermercados Dia, tem enfrentado dificuldades financeiras e está em meio a um processo de reestruturação devido ao acirramento da competição e à fraca demanda do consumidor.

O Subway, uma das maiores cadeias de fast food do mundo, tem sofrido com a expressiva mudança nos hábitos de consumo e com a acirrada competição. O Madeiro, empresa especializada no segmento de móveis e decoração, tem enfrentado desafios similares aos das Lojas Americanas e Casas Bahia.

Na verdade, essas empresas se vêm em meio a necessidade de se adaptar a emergência do comércio eletrônico e à significativa mudança nos padrões de consumo dos brasileiros. A rigor, todos nós, assim como essas empresas, necessitamos passar por um processo de adaptação digital, além de basear seus negócios cada vez mais na inovação tecnológica em produtos, processos, abertura de novos mercados e de canais de distribuição, além da busca permanente por maior eficiência operacional e em logística.

Para sobreviver e prosperar em meio a cenário, certas empresas têm investido em estratégias de digitalização, inovação e adaptação às novas demandas dos consumidores, buscando oferecer experiências de compra mais personalizadas. No entanto, a recuperação completa do varejo depende de inúmeros fatores macroeconômicos e políticos, incluindo a estabilidade econômica, redução da incerteza jurídica, a melhoria das condições de emprego e renda dos consumidores.

Estamos de joelhos e é óbvio que e cenário de recuperação depende do Governo fazer o que se espera dele e acertar o passo: cortar e controlar seu gastos, reduzir a carga tributária e reduzir o custo Brasil como meio de garantir um ambiente econômico mais competitivo para as empresas brasileiras tão combalidas pelas crises econômicas e impactos adversos da Covid-19.

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