Pesquisa global mostra que 43% das organizações já utilizam inteligência artificial em processos analíticos; principais motivações são eficiência, redução de custos e vantagem competitiva
A inteligência artificial (IA) está transformando de forma acelerada a maneira como as empresas utilizam dados para tomar decisões, reduzir custos e aumentar a eficiência operacional. Uma pesquisa global encomendada pela Strategy (anteriormente MicroStrategy) e conduzida pela consultoria Dúnedain Research revela que 43% das organizações já utilizam analytics com IA, e cerca de um terço está expandindo o uso dessas ferramentas para múltiplos departamentos. O levantamento ouviu líderes e profissionais de dados em 38 países, incluindo o Brasil.
O estudo aponta um movimento de democratização no acesso às ferramentas analíticas. Hoje, menos de 10% dos colaboradores têm acesso direto a sistemas avançados de análise, mas 24,3% das empresas pretendem elevar esse número para 30% da força de trabalho no prazo de um ano — um salto de três vezes em relação à média atual.
Entre as principais motivações para adoção de IA nos processos analíticos estão a melhoria na tomada de decisões (56,2%), o aumento da eficiência operacional (55,7%) e a redução de custos (50,2%). Ganhar vantagem competitiva também aparece como prioridade para 42,6% dos respondentes. Para os próximos 12 a 18 meses, os executivos destacam a economia de custos (46,4%) como foco principal, seguida por vantagem competitiva (41,7%) e melhoria nas decisões corporativas (37%).
Nos próximos três anos, as empresas planejam priorizar investimentos em analytics com IA (60,9%), dashboards e soluções de autosserviço (51,5%) e governança de dados (38,3%). Além disso, sete em cada dez organizações já avaliam ou implementam assistentes virtuais e bots como parte de suas estratégias de dados.
Segundo Luis Lombardi, vice-presidente e country manager da MicroStrategy na América Latina, esse avanço mostra uma evolução na maturidade analítica das empresas:
“As companhias mais visionárias estão evoluindo da Inteligência Tipo 1 (insights departamentais) para a Inteligência Tipo 2 (inteligência empresarial conectada) e, eventualmente, para a Inteligência Tipo 3 (inteligência autônoma), onde a IA não apenas aumenta as decisões humanas, mas toma iniciativa proativamente”, destaca o executivo.
A pesquisa também mostra que 61,7% das organizações que já adotaram IA em analytics relatam impacto positivo nos resultados de negócio. Os benefícios mais citados incluem aumento da produtividade (53,6%), redução de custos (48,9%), decisões mais rápidas e inovação (48,1%) e melhoria na satisfação do cliente (46,8%). As áreas com maior impacto são ciência de dados, tecnologia da informação, atendimento ao cliente e finanças.
Entretanto, desafios importantes persistem. A conformidade regulatória é o principal obstáculo, apontado por 52% dos participantes, seguida por custos de implementação (49%) e integração de sistemas (41,5%). Também há preocupações com “alucinações” de IA — respostas imprecisas ou inconsistentes —, mencionadas por 43,4% dos respondentes.
Mesmo assim, a confiança nas análises com IA cresce: 65,9% dos entrevistados dizem sentir-se confiantes nos resultados obtidos. O relatório indica, porém, que a usabilidade ainda é o principal desafio para a adoção em larga escala.
“Para que o analytics com IA escale de forma significativa, os sistemas precisam ser intuitivos, oferecer feedback em tempo real e eliminar atritos para usuários iniciantes. As empresas que conseguirem tornar isso acessível — e não apenas disponível — serão as que desbloquearão seu verdadeiro valor em escala”, conclui Lombardi.

