Brasileiros procuram alternativas internacionais para ganhar eficiência e estabilidade fiscal diante de custos altos e incertezas legais

Complexidade tributária no Brasil
O ambiente de negócios brasileiro segue entre os mais complexos do mundo quando o tema é tributação. Estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) aponta que empresas gastam, em média, 1.958 horas por ano apenas para lidar com obrigações fiscais, custo estimado em R$ 60 bilhões anuais. O excesso de obrigações acessórias, a fiscalização detalhada e a constante atualização da legislação ampliam a insegurança e os gastos operacionais.

Para o advogado especialista em direito tributário internacional, Adriano Murta, o cenário afeta diretamente a competitividade. “Empresários enfrentam um verdadeiro labirinto tributário no Brasil. A burocracia não é apenas um custo financeiro, mas também um custo de oportunidade porque tira o foco da expansão e inovação do negócio”, afirma.

Tendência de internacionalização
Nesse contexto, cresce a migração de empresas brasileiras para países com sistemas mais previsíveis, como os Estados Unidos. “Nos Estados Unidos o compliance é simplificado, o planejamento de longo prazo é viável e o empresário consegue concentrar energia na expansão do negócio”, explica Murta.

Embora existam iniciativas nacionais para simplificar o sistema, os desafios permanecem. Pesquisa do Núcleo de Direito Tributário da FGV Direito SP, divulgada em março de 2025, revelou que apenas 13 dos 27 estados possuem legislação sobre transação tributária — ferramenta para resolver conflitos entre fisco e contribuinte. “A ausência de regulamentação uniforme nos estados ainda gera insegurança. Empresas enfrentam regras distintas e precisam de orientação especializada para aproveitar esse instrumento de forma segura”, destaca o advogado.

Ferramentas de planejamento
O planejamento tributário é apontado como essencial para reduzir legalmente impostos e ampliar a previsibilidade financeira. Entre os mecanismos disponíveis estão o Simples Nacional, a desoneração da folha, créditos de PIS/Cofins e incentivos setoriais, como a Lei do Bem. Entretanto, a necessidade de atualização constante exige acompanhamento técnico especializado.

“Nos EUA, a previsibilidade tributária e a menor burocracia permitem que empresas se concentrem em crescer e inovar, em vez de se preocupar com a quantidade de declarações e exigências fiscais. Isso tem atraído tanto grandes corporações quanto pequenas empresas que buscam estabilidade e segurança jurídica”, completa Murta.

Acesso a novos mercados
Além da redução de riscos fiscais, empresários buscam diversificar investimentos e proteger o patrimônio em moeda forte. A internacionalização proporciona acesso a setores como tecnologia, biotecnologia e energias renováveis, além de mercados imobiliários e financeiros em cidades estratégicas como Miami e Orlando.

“A migração de operações para países com regimes fiscais claros não é apenas uma estratégia tributária, é também uma decisão de gestão estratégica. Proporciona segurança jurídica, redução de riscos e liberdade para investir no crescimento da empresa”, conclui o especialista.

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *