Leitoras e leitores, parabéns a todos nós brasileiros com mais de cinco séculos de resiliência na Terra de Vera Cruz, dos quais 200 anos bem vividos como estado-nação. Nesta semana de festividades cabe refletir sobre nossas conquistas como país e sociedade – o que estamos de fato comemorando?
A história escrita pelos sobreviventes oculta a verdadeira face de nosso passado: povoamos de párias europeus o nosso exuberante território, extraindo recursos naturais para enriquecer a decadente corte portuguesa. Construímos um país sobre o genocídio das populações indígenas, ancestrais donos da terra; exploramos milhões de escravos, capturados de suas casas e desprovidos de sua humanidade, conseguindo assim sermos abomináveis em dois continentes!
Começamos mal logo de cara, com nosso território repartido entre os amigos do rei – as capitanias hereditárias nos sinalizam há séculos que a grande maioria dos brasileiros não tem parte deste latifúndio – privilégios seculares….
Dom Pedrito, em sua bravata paulista, apenas consolida uma independência que encerra o império colonial, e inicia o império local, sem que o poder tenha mudado de mãos, que permaneceram firmemente agarradas ao poder político e econômico.
Costumo dizer que ainda somos uma sociedade adolescente – somos revoltados, sofremos com a perspectiva da vida adulta e suas “ridículas” responsabilidades… precisamos buscar o tempo todo quem cuide da gente. E aparecem sacerdotes, gurus, patrões, políticos, celebridades, influencers, agiotas e publicitários, que nos dizem: “Vamos cuidar de você! Te diremos o que vestir e comer, o que pensar e sentir, o que deves amar, consumir e como se endividar, e claro, o momento certo para expressar tua individualidade ao nos dizer: amém”!
Sim, também crescemos nestes 200 anos – somos um país rico em diversidade natural e adquirida, um caldeirão de raças integradas, sincretismo musical, biodiversidade de texturas e credos, com ritmos em permanente reinvenção. E produzimos de tudo, plantamos e colhemos esperanças, educamos nossas crianças com as crenças que temos, manobrando nossas jangadas de náufrago na babel das fake news e do 5G, onde se fantasia que num país tão abundante, a fome e a violação dos nossos muitos direitos são apenas fruto de nossa imaginação…
Há duzentos anos abrimos nossos braços e fazemos um país. Nesse solo caminharam Rui Barbosa, Maria Ester Bueno, Villa-Lobos, Fernanda Montenegro, Machado de Assis, Clementina de Jesus, Oscarito, Madame Satã, Garrincha, Gisele Bundchen, Barão de Mauá, Gonzaguinha, Raissa Leal, Elsimar Coutinho, Chica da Silva, Ozires Silva, Carmen Lúcia, Mário Quintana e Darcy Ribeiro, Irmã Dulce e Mãe Menininha do Gantois. Inspiração, exemplo, talento puro e legados verdadeiros, orgulho de um Brasil à solta, como nunca sonharam nossos colonizadores…
Nós esbanjamos potencial e capacidade – falta soltar nosso desejo, calibrar a energia e decolarmos rumo à grande nação que merecemos ser. Agora é hora de você assumir e (não) sumir, baby! O Brasil, esse adolescente quase maduro nos seus 200 anos, tem desafios consideráveis neste século – queremos ser uma sociedade proativa, semeando oportunidades e cultivando nossos talentos. Uma país que compreenda que a democracia é muito mais que escolher entre dois paspalhos, qual devemos odiar ou idolatrar, como se isso colocasse comida em nossas mesas.
Gratidão Pedro I, que teu coração viajante nos inspire na jornada de evolução do país que acordaste com o teu “brado retumbante”. Agora é sair da soneca bicentenária e ganhar nossa justa Independência, ou continuaremos à mercê de nossa sorte? Mão na massa, minha gente, que tem mais 200 anos à frente!
Dica: quer conhecer mais nossa trajetória histórica desde o descobrimento? Acesse o divertido “A História do Brasil – Melhor Documentário” em https://www.youtube.com/watch?v=BPvuHq80cRQ
Empreendedor social, consultor empresarial, educador e músico, pai da Mariana e cidadão de Atibaia. Possui mais de 40 anos de trajetória profissional transitada entre o meio corporativo e o terceiro setor. Atualmente é dirigente da ONG Mater Dei de Atibaia-SP e violonista do grupo Sentido do Samba.
200 anos de uma história gloriosa, de um país que tenta ser de todos mas as mazelas sociais e a opressão velada da sociedade Nos mostram a verdadeira realidade , plagiando Herbert viana ,temos o Cristo com os braços abertos num cartão postal e com os punhos fechados na vida real e lá vem eles de novo com as mesmas promessas de um mundo melhor num passe de mágica .
E vamos lá para mais 200 anos ,deitado eternamente em berço expendido ao som do mar e a luz do sol profundo, regados a cervejas , cachaças e ao som de Anita , Zeca pagodinho e pode escolher qualquer dupla sertaneja dessa novas, tudo a mesma coisa , só não podemos é negar que este povo e maravilhoso e anseia por mais 200 anos de uma vida melhor .
Parabéns povo brasileiro .