Alta foi a maior para o mês desde 2023; IPCA segue acima da meta do governo e alimentos continuam pressionando o índice
A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou abril em 0,43%, com destaque para os aumentos nos preços dos alimentos e produtos farmacêuticos. Apesar de representar uma desaceleração em relação a março (0,56%), o índice acumula 5,53% em 12 meses, superando o teto da meta do governo, que é de 4,5%.
Pressão dos alimentos continua elevada
O grupo alimentação e bebidas subiu 0,82% e foi responsável por 0,18 ponto percentual do IPCA de abril. Mesmo em desaceleração frente ao mês anterior (1,17%), o segmento segue como o de maior impacto na cesta de consumo das famílias.
Itens como batata-inglesa (18,29%), tomate (14,32%) e café moído (4,48%) puxaram a alta. No acumulado de 12 meses, o café apresenta expressiva variação de 80,2%, a maior desde o início do Plano Real, em 1994. Por outro lado, o arroz recuou 4,19%, contribuindo para conter a inflação dos alimentos.
“Muitos produtos foram influenciados por fatores climáticos, como excesso ou falta de chuva. São efeitos da natureza que não se pode controlar”, explicou Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE.
Produtos farmacêuticos também impactam
O grupo saúde e cuidados pessoais subiu 1,18%, influenciado principalmente pelos produtos farmacêuticos, que registraram alta de 2,32% após o reajuste autorizado pelo governo no fim de março. O segmento contribuiu com 0,16 ponto percentual do índice do mês.
Transporte apresenta alívio
Na contramão da maioria dos grupos, os transportes recuaram 0,38%, graças à queda de 14,15% nas passagens aéreas e à redução nos preços dos combustíveis, como óleo diesel (-1,27%), etanol (-0,82%) e gasolina (-0,35%).
“Houve queda no preço do diesel nas refinarias e início da safra do etanol, o que ajudou a aliviar esse grupo”, destacou Gonçalves.
Serviços desaceleram, mas inflação geral preocupa
A inflação dos serviços desacelerou de 0,62% em março para 0,20% em abril. Já os preços monitorados pelo governo aceleraram de 0,18% para 0,35%, refletindo o aumento de remédios.
A inflação segue acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual. Desde janeiro, o índice permanece fora do intervalo permitido, o que pressiona o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na definição da taxa básica de juros (Selic), hoje em 14,75% ao ano.
INPC sobe 0,48% e afeta famílias de menor renda
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que reflete a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos, subiu 0,48% em abril. Os alimentos, que têm maior peso nesse índice, também foram o principal fator de pressão, enquanto as passagens aéreas tiveram menor impacto.