Anedota dos anos 90:
Sabe como se troca uma lâmpada na Microsoft?
Eles não trocam lâmpadas – redefinem o padrão de claro e escuro!
Interessado na sua ascensão profissional? Claro que sim, do contrário não estaria lendo esse artigo – vivemos um momento ímpar no mundo do trabalho: uma impressionante oferta de capacitação convivendo com uma profunda mediocridade social; oportunidades infindáveis trazidas pela tecnologia e segmentos inteiros em pânico pela mesma tecnologia – ainda temos milhões de desempregados e centenas de milhares de vagas sem encontrar um cristão que as preencha!
Estes desencontros estruturais fazem parte do nosso tempo maluco, onde noticiários nos trazem tanto a cura para doenças, como massacres em escolas. Se há alguns anos, a reciclagem de conhecimento através jornais e revistas era realidade, hoje o acesso a mídias digitais virou endemia. Estamos despreparados para o que vem? Vejo profissionais com boa formação e experiência, totalmente sem rumo, pensando aos 40 anos em voltar a estudar… Não dá mais tempo – a aceleração do conhecimento não permite ter segurança de concluir uma faculdade antes do segmento ou profissão se transformar em outra coisa.
A Inteligência Artificial vai detonar empregos e empresas, o mundo será um lugar estranho para todo mundo, porque se transforma mais rápido que possamos perceber – como não morrer afogado? Só surfando na mega onda! Do alto dessa crista vemos o mar e vamos conhecendo quem descobre meios para sobreviver. Mas será que TUDO vai mudar?
Observo que cada vez mais as empresas procuram talentos que possuem atitudes valores e competências que muitas vezes passam ao largo de qualquer formação acadêmica tradicional são coisas “simples” como honestidade, ética, brio, vergonha na cara, iniciativa, resiliência, responsabilidade. Falamos também de habilidades básicas e essenciais como saber ouvir (a grande arte da “escutatória”), relacionar-se com pessoas, resolver conflitos (e não criar conflitos), atuar sobre pressão, vender, cobrar e negociar de forma assertiva e cooperativa. E que tal competências básicas como cumprir horários, compreender textos, escrever e falar corretamente nosso idioma, cumprimentar as pessoas e perceber quando a sua roupa está fora do contexto de uma reunião de trabalho…
Se no futuro teremos empresas entupidas de profissionais com boa formação acadêmica e bagagem profissional, o que fará diferença serão nossas habilidades e atitudes. Quem apresentar condutas básicas desejadas em qualquer comunidade humana e contribuir para o equilíbrio da sua coletividade de trabalho, apresentando alternativas à pasteurização dos comportamentos profissionais, terá sempre lugar à mesa – inovação e criatividade, cooperação e ética! Hoje a nossa sociedade vem cada vez mais apostando na competição à cooperação, prefere o TER ao SER e ainda acredita que a embalagem é melhor que o conteúdo – estamos nos enganando sistematicamente que o mundo organizado desta forma está correto, que existe um “certo e errado”, e que ser mocinho ou mocinha é suficiente para se ter sucesso; assim fazemos avaliações com base em uma falsa moral, e perseguimos os modelos que são mais aceitos, abrindo mão de nossa singularidade.
Mas como idealista da raça humana, percebo a angústia de ser aquilo que não se é, e o stress de parecer-se com aquilo que o mercado deseja. Pessoas autênticas e verdadeiras são valorizadas tanto quanto a sua qualificação técnica e profissional – viver com ambiguidades, lidar com incoerências, e fazer nosso ego encontrar seu lugar próprio é sinal de amadurecimento.
Não sabemos ao certo quais serão as oportunidades profissionais e empreendedoras futuras – hoje isso é um campo para especulação. Mas tenho certeza que portas se abrirão para os quem manter a cabeça fora da água e no meio do caos, perceber oportunidades e operar mudanças ao invés de sofrer com as mudanças. Estes vão organizar e lucrar com a festa ao invés de se embriagarem nela. O ponto de partida? Sermos nós, autênticos e únicos, nos sonhos, nas responsabilidades, derrotas e conquistas – o verdadeiro sucesso é aprender cada dia mais sobre o significado desta existência e ter coragem para viver nesse mundo louco de forma plena, compreendendo, aceitando ou mudando a realidade. Desafiador e apavorante!
Empreendedor social, consultor empresarial, educador e músico, pai da Mariana e cidadão de Atibaia. Possui mais de 40 anos de trajetória profissional transitada entre o meio corporativo e o terceiro setor. Atualmente é dirigente da ONG Mater Dei de Atibaia-SP e violonista do grupo Sentido do Samba.