Da Redação. Entrevista: Elaine Lina.

No Papo de Sábado de hoje, conversamos com Kelly Elpídio – empreendedora, artesã e coautora do livro “Mulheres de Negócios: dias de luta, dias de sucesso” – vol.1

JVN: Kelly, você nasceu, cresceu e viveu grande parte da sua vida em São Paulo. Conte um pouco da sua vida na capital e o que trouxe você para Atibaia.

Kelly Elpídio: Isso mesmo. Eu nasci e fui criada no bairro do Tucuruvi, na zona norte de São Paulo, onde vivi por 33 anos. Em 2017, quando eu e meu marido, Cidmar, decidimos morar juntos, nos mudamos para a Vila Andrade, na zona sul. Lá, tive minha primeira experiência vivendo em um apartamento, algo completamente novo para mim, já que sempre morei em casas. Foram anos muito felizes naquele condomínio, onde recebemos amigos e familiares. Ali construímos memórias e vivemos momentos especiais.

Kelly e o esposo, Cidmar, no dia do seu casamento, 20/12/2022 (foto: arquivo pessoal)

Mas, com o tempo, Cidmar começou a sentir falta de morar em uma casa, de ter um espaço para receber os amigos, fazer um churrasco no fim de semana e ter mais liberdade. Começamos a buscar um novo lar, inicialmente na própria zona sul, mas os preços elevados e a necessidade de reformas nos fizeram expandir a busca. Ao longo desse período, passamos por desafios, incluindo a pandemia, que afetou não só nossos planos, mas também minha saúde emocional. Foi um período difícil, onde precisei me afastar do trabalho para cuidar de mim. A fé e o apoio da minha família foram fundamentais para a minha recuperação.

Quando retomamos a venda do apartamento, percebemos que morar no interior poderia ser uma alternativa interessante. Sempre tive um carinho especial por essa ideia, desde criança. Foi então que começamos a pesquisar casas em cidades como Vinhedo, Indaiatuba e Sorocaba, até que chegamos a Atibaia. Com a ajuda de uma amiga corretora, visitamos algumas casas e, quando vimos aquela que hoje é nosso lar, foi amor à primeira vista. Aqui em Atibaia, encontramos uma comunidade acolhedora e um novo estilo de vida que nos trouxe mais qualidade e felicidade. Não foi só uma mudança geográfica, mas uma transformação completa para melhor.

JVN: Quais foram as maiores diferenças que você sentiu ao sair da capital e se estabelecer em Atibaia?

Kelly Elpídio: A primeira coisa que percebi foi a qualidade de vida. São Paulo é uma cidade incrível, mas também muito intensa e acelerada. Em Atibaia, temos mais tranquilidade, menos trânsito, um contato maior com a natureza e, principalmente, mais tempo para aproveitar a vida com calma. Aqui, tudo é mais próximo e acessível, o que facilita o dia a dia e reduz o estresse. Além disso, a receptividade das pessoas foi um grande diferencial. Fomos muito bem acolhidos e logo nos sentimos parte da cidade.

JVN: Você também mencionou que enfrentou um período difícil de ansiedade e depressão. Como foi esse processo de recuperação e o que mais te ajudou a superar?

Kelly com a mãe, dona Francisca, e a f’ilha pet’, Belinha (foto: arquovo pessoal)

Kelly Elpídio: Foi um dos momentos mais desafiadores da minha vida. Sempre fui muito ativa e acostumada a lidar com tudo, mas quando me vi trabalhando em home office, sozinha e sem interação direta, senti o impacto emocional. No começo, tentei ignorar os sinais, mas meu marido percebeu a mudança no meu comportamento e me incentivou a buscar ajuda.

O apoio da minha família foi essencial, especialmente da minha mãe, que esteve ao meu lado o tempo todo. Além disso, a terapia e o tratamento médico me ajudaram a entender e enfrentar o que estava acontecendo. Mas o que realmente transformou minha vida foi minha entrega à fé. Durante a pandemia, comecei a acompanhar os cultos online com minha mãe, e foi nesse período que percebi o quanto a espiritualidade poderia me fortalecer. A conexão com Deus me deu forças para superar essa fase e me permitiu enxergar a vida de uma forma nova.

JVN: E essa mudança de cidade impactou sua trajetória profissional? Você viu novas oportunidades em Atibaia?

Kelly Elpídio: Com certeza! No começo, foi um desafio me adaptar, principalmente porque minha vida profissional sempre esteve muito conectada com São Paulo. Mas com o tempo, percebi que Atibaia oferece muitas oportunidades e um ambiente propício para novos projetos. Aqui, conheci pessoas incríveis que me incentivaram a explorar outras áreas, a me reinventar e a buscar um caminho mais alinhado com meus valores e estilo de vida atual.

JVN: A proximidade com a família e a vivência da fé foram aspectos importantes para você ao longo dessa jornada. Como essas conexões influenciaram sua nova fase?

Kelly Elpídio: Foram fundamentais. Sempre fui muito ligada à minha família, e a mudança para Atibaia me aproximou ainda mais deles emocionalmente. Aqui, sinto que estou mais presente e conectada com quem realmente importa. Além disso, minha fé tem sido um pilar para minha vida, me ajudando a enfrentar desafios e a valorizar cada etapa da minha jornada.

Da esquerda para a direita: Pedro (filho), Lívia (nora), Cidmar (marido), Kelly, Théo (enteado), Francisca (mãe), Arthur (sobrinho) e Ricardo (irmão). (foto: arquivo pessoal)
O pai, Francisco (in memoriam) com o filho Pedro no colo, em 2001 (foto: arquivo pessoal)

JVN: Seu trabalho é totalmente relacionado ao lúdico, à diversão. Faz a gente imaginar quem foi a Kelly criança. Como foi a sua infância?

Kelly Elpídio: Ah, minha infância foi incrível! Cresci em uma viela repleta de amigos, onde cada dia era uma nova aventura. Brincávamos de vôlei improvisado, esconde-esconde até tarde e futebol —e a minha especialidade era chutar as canelas dos meninos! (risos).

Sempre adorei brincar de casinha e escolinha, e acho que desde pequena já sentia um forte desejo de ensinar. Um momento marcante foi quando eu e uma amiga ajudamos sua mãe, Dona Francisca, a aprender a escrever. Ver ela conseguir escrever o próprio nome pela primeira vez foi emocionante e reforçou em mim a paixão por compartilhar conhecimento. Por outro lado, também vivi momentos difíceis. Aos 11 anos, presenciei uma tragédia: um muro desabou durante uma brincadeira, vitimando um garotinho chamado Marcelinho. Foi um choque enorme, e precisei prestar depoimento na delegacia. Apesar da dor, vi a força dos pais dele, que seguiram em frente e hoje têm dois filhos lindos.

JVN: E por tudo o que você conta, sua família deve ter tido um papel importante na sua formação. Quais valores e ensinamentos mais influenciaram sua trajetória?

Kelly Elpídio: Ah, teve sim, com certeza! Cresci em um ambiente de humildade, respeito pelo próximo e apendendo a importância de entrar e sair dos lugares com dignidade. Sempre fui ensinada a ser verdadeira comigo mesma, a ter opinião própria e a nunca deixar que os outros definam meu caminho. Esses valores foram essenciais para minha jornada e são os mesmos que passei para meu filho, Pedro Henrique. Hoje, ele é um homem formado, casado e construindo sua própria família, e eu sinto muito orgulho em ver que esses princípios estão presentes na vida dele também.

JVN: Dá para ver que você sempre gostou de estudar e aprender. Como foi sua formação e quais caminhos profissionais você seguiu ao longo dos anos?

Kelly durante uma apresentação do seu trabalho (foto: retirada do Instagram)

Kelly Elpídio: Sempre fui apaixonada por aprender. Estudei inglês por nove anos na Fisk e completei o ensino médio. Comecei a faculdade de Administração na UNINOVE, mas após dois anos percebi que não era o que realmente me fazia vibrar. Queria algo que despertasse paixão em mim. Foi assim que explorei outras áreas: fiz um curso de fotografia profissional no Senac e comecei a fotografar por hobby. Com o tempo, fui aprimorando meu olhar e até realizei alguns eventos de maneira remunerada. Apesar de não ter me profissionalizado na fotografia, foram anos muito felizes explorando esse universo.

Depois, senti vontade de aprender algo novo e entrei no mundo do artesanato. Fui inspirada por uma amiga, a Renata, que fazia peças lindas. Fiz cursos na Oficina Paulista, me especializei em técnicas como decoupage e revestimento de MDF em tecido, e logo o “bichinho do tecido” me picou! No início, era apenas um hobby, mas quando fiz minha primeira peça e levei para o trabalho, uma colega adorou e insistiu em comprá-la. Eu não queria vender, queria guardar aquela caixinha como um marco da minha jornada. Mas ela foi irredutível e, quando percebi, aquilo deixou de ser apenas um passatempo e virou uma renda extra — e um potencial futuro profissional.

JVN: E você diria que essas experiências moldaram sua jornada empreendedora?

Kelly Elpídio: Sim, elas foram fundamentais. Eu divulgava meu trabalho presenteando amigos e levando minhas peças para o escritório. Com isso, surgiram pedidos e encomendas, e eu passei a ter uma dupla jornada. Trabalhava o dia todo e, à noite, corria para casa para me dedicar ao artesanato. Aprendi muito com minhas professoras, como a Regiane Boppré, que me ajudou a aperfeiçoar minhas técnicas de decoupage, e a Catiane Gobbi, que me incentivou no trabalho com tecidos. Aliás, foi a Catiane quem sugeriu o nome da minha empresa, ‘Kellynha Criando Arte’, durante uma das aulas — e eu adorei! Essa rotina era minha terapia, meu escape. Muitas vezes, virava noites criando peças porque aquilo me fazia bem, era uma forma de me expressar e explorar um mundo novo que se tornava cada vez mais intenso e apaixonante.

Brindes persoanlizados criados por Kelly (foto: retirada do Instagram)

JVN: Então sua trajetória empreendedora começou aí, já com o artesanato? Ou como surgiu a ideia de empreender?

Kelly Elpídio: Não, na verdade minha jornada empreendedora começou antes, aos 16 anos, quando me tornei mãe e senti a necessidade de contribuir para o sustento do meu filho, mesmo sem essa cobrança dos meus pais. Foi então que, dentro da escola, surgiu uma oportunidade: vender lanches naturais. Havia uma garota que já vendia lanches, mas eles não eram bons. Minhas amigas, sabendo que minha mãe era uma doceira talentosa, me sugeriram levar os lanches feitos por ela, garantindo um produto de qualidade. Apresentei a ideia para minha mãe, que viu potencial para vender também no shopping onde ela trabalhava. Assim, começamos nossa produção e vendas discretamente.

Com o tempo, ampliamos as opções, incluindo bolos no pote — algo inovador na época. O dinheiro arrecadado ajudava nas despesas, e enquanto minha mãe trabalhava, eu saía pela região oferecendo nossos produtos. Aos sábados, vendia em um salão de cabeleireiro movimentado, onde as clientes compravam bastante. Sem carro, contava com a ajuda de uma vizinha para o transporte. Passava o dia todo no salão antes de voltar para casa e curtir meu filho. Nos anos 2000, comecei a trabalhar no mercado corporativo e deixei as vendas, mas a veia empreendedora continuou presente na minha vida aí sim, por meio do artesanato. Experimentei crochê, tricô e costura, mas foi o ponto cruz que me conquistou de verdade. Fiz aulas, aprendi novas técnicas e, com o tempo, o mundo artesanal me levou de vez ao caminho do empreendedorismo.

JVN: Dá para perceber que você sempre buscou aprender e se aprimorar. Quais foram os primeiros passos que você deu para transformar essa ideia em realidade?

Kelly com suas caixas feitas à mão (foto: retirada do Instagram)

Kelly Elpídio: Meu primeiro passo foi buscar conhecimento. O artesanato sempre esteve presente na minha vida, mas foi na pandemia que reencontrei essa paixão e comecei a explorar a papelaria criativa e a encadernação. Estudei online, participei de aulas gratuitas e conheci minha mentora, Lidiane Severiano, que me inspirou profundamente. Meu primeiro curso foi de brochura, e a partir daí fui me especializando até transformar minhas criações em produtos comercializados.

Ao mesmo tempo, vivia um processo de autodescoberta, enfrentando ansiedade e depressão. Encontrei apoio no conteúdo da Nutricionista da Alma, Mariana Repetto, que me ajudou a enxergar a importância do autoconhecimento e da valorização pessoal. Após minha licença médica, voltei ao trabalho com um novo olhar, buscando equilíbrio. No início de 2023, fui desligada da empresa durante uma reestruturação. Apesar do impacto, senti que aquela era minha oportunidade. Junto com meu marido, decidi empreender de vez e assumir meu próprio negócio.

JVN: Você tinha algum modelo ou inspiração na época em que começou a empreender?

Kelly Elpídio: Minha inspiração veio, em boa parte, da minha própria história. Em 2012, quando trabalhava em outro banco, houve demissões voluntárias e eu optei por sair para acompanhar meu filho, que precisava de mim naquele momento. Sem emprego, decidi me dedicar ao artesanato, mas sem planejamento. Sem uma estrutura financeira sólida, a pressão foi grande e, em 2015, voltei ao mundo corporativo. Foi nesse último emprego que fiquei por quase oito anos e fui muito feliz. Mas hoje, empreendendo de verdade, encontro inspiração na trajetória da minha professora e mentora, Lidiane Severiano. Além de aprender com ela, também quero ensinar — como já tive a oportunidade de fazer.

JVN: Você já contou como nasceu o nome do seu negócio – que é de fato bem marcante. Agora nos conte mais sobre aKellynha Criando Arte’ – quais são as principais linhas criativas da sua produção?

Kelly Elpídio: Bem, a Kellynha Criando Arte nasceu da minha paixão por trabalhos artesanais e personalizados. E hoje meu foco está na encadernação, na papelaria criativa e na cartonagem — essa última é uma técnica incrível de produção de caixas feitas de papelão cinza reciclado, resistente e sustentável. Minhas peças são perfeitas para decoração, presentes especiais e reutilização, unindo funcionalidade e beleza.

Kelly com alguns de seus brindes personalizados (foto: retirada do Instagram)

JVN: E qual é o diferencial ou o propósito principal do seu negócio?

Kelly Elpídio: Minha filosofia é simples: superar expectativas. Levo isso como um lema, porque acredito que oferecer um atendimento humanizado faz toda a diferença. Em um mundo cada vez mais digital, em que as interações se tornaram impessoais, faço questão de me conectar de verdade com cada cliente. Para mim, vender é ótimo e essencial para manter um negócio saudável, mas a venda é uma consequência de um bom relacionamento, de um excelente atendimento e de uma conexão genuína com as pessoas.

JVN: E como você vê o impacto do seu trabalho para seus clientes e para a comunidade?

Kelly Elpídio: Como eu quero sempre ir além do esperado, cada peça que produzo não é apenas um item, mas uma experiência. Tento mostrar que um presente personalizado tem um significado único e que a dedicação artesanal realmente faz diferença. Além disso, tenho um grande propósito: ensinar. Amo compartilhar meu conhecimento com quem deseja aprender e se aprofundar no mundo artesanal. Acredito que esse trabalho pode transformar vidas, ajudando pessoas a desenvolverem habilidades e, quem sabe, a empreenderem também.

JVN: Qual foi o maior desafio que você enfrentou como empreendedora?

Kelly Elpídio: Sem dúvida, a maior dificuldade foi mudar minha própria mentalidade. Sair do pensamento de colaboradora CLT, acostumada com um salário fixo, e assumir de vez o papel de empreendedora, sabendo que eu sou 100% responsável pelo meu negócio, pelo meu próprio salário e pelo sucesso da minha empresa, foi uma transição desafiadora, mas transformadora.

JVN: E como você superou esse desafio? O que aprendeu nesse processo?

Kelly Elpídio: Na verdade eu sigo superando todos os dias, porque empreender é um desafio constante e também um chamado ao aprendizado. Por isso estou sempre em busca de conhecimento – eu estudo, faço cursos e conto com o apoio do Sebrae, que tem sido uma grande fonte de orientação para mim. O aprendizado é infinito e, quanto mais me aprimoro, mais segura eu fico em relação ao meu negócio e ao caminho que estou trilhando.

JVN: Houve momentos em que você pensou em desistir? E se sim, o que te motivou a continuar?

Kelly Elpídio: Sim, diversas vezes. Há momentos em que as dificuldades fazem a gente questionar nosso potencial. Houve dias em que eu me perguntava se realmente era capaz de superar os desafios e seguir firme no empreendedorismo. Mas o que me mantém forte é o desejo de vencer e de realizar o sonho de empreender com liberdade e flexibilidade, tendo tempo para minha vida pessoal e para estar mais presente na rotina do meu marido, que agora trabalha no Rio de Janeiro. Essa autonomia, essa possibilidade de construir algo do meu jeito, me motiva a seguir firme.

JVN: Qual foi a maior realização do seu negócio até agora?

Kelly Elpídio: Sem dúvida, participar da Feira do Empreendedor do Sebrae 2024 amaior feira de empreendedorismo do mundo. Foi um marco gigantesco no primeiro ano do meu CNPJ, e algo completamente inesperado. Fiz minha inscrição sem grandes expectativas, mas não pude deixar de imaginar como seria estar naquele evento grandioso, expondo meu trabalho para mais de 100 mil pessoas. Deus me concedeu essa tremenda bênção, uma oportunidade única. Essa foi, sem dúvida, a maior conquista dessa fase inicial da minha vida empreendedora.

JVN: O que você considera seu maior aprendizado como empreendedora?

Kelly Elpídio: Antes de começar, achava que empreender era um bicho de sete cabeças. Parecia um mundo assustador, cheio de riscos. Mas hoje entendo que a chave do sucesso é ser verdadeira — agir com essência, humildade e autenticidade. Reconhecer erros e acertos, e sempre seguir com princípios e valores sólidos. Além disso, aprendi que conhecimento nunca é demais. Buscar aprendizado constantemente é essencial para enfrentar os desafios dessa jornada empreendedora que Deus me deu a graça de viver.

JVN: Bem, Kelly, sabemos que conciliar vida pessoal e profissional nem sempre é fácil, principalmente para empreendedores. Como você busca equilibrar esses dois aspectos?

Kelly Elpídio: Confesso que sou intensa no que faço. Quando começo um trabalho, quero logo finalizar, então muitas vezes perco a noção do tempo, até mesmo nos finais de semana. Mas sei que preciso melhorar minha rotina, trazer mais planejamento estratégico e leveza para o dia a dia. Nos últimos tempos, especialmente após a perda repentina de uma prima querida no primeiro dia do ano, tive uma reflexão profunda sobre o valor do presente. Percebi que esse desejo de equilíbrio é essencial, não apenas para o sucesso do meu negócio, mas para uma vida mais plena e saudável.

JVN: E quais hábitos ou rotinas você considera indispensáveis para o seu dia a dia como empreendedora?

Kelly Elpídio: Meu dia começa com Deus. Antes de qualquer coisa, eu oro, agradeço pela vida e peço sabedoria para conduzir meu trabalho. Quando não tenho esse momento, parece que nada flui bem. Outro pilar fundamental para mim é cuidar da saúde física. Um bom treino faz toda a diferença no meu bem-estar e disposição. No trabalho, planejo todas as minhas tarefas, listando cada atividade do dia. E claro, adoro riscar cada item concluído—é uma sensação de dever cumprido. Mas também aprendi a não me frustrar se algo ficar para o dia seguinte. Afinal, sou humana, não a Mulher Maravilha!

JVN: Você é uma integrante bem ativa no Grupo Empreenda Atibaia Oficial, pelo qual recentemente estreou também como escritora. Como foi que você conheceu o Grupo?

Kelly Elpídio: Desde que cheguei a Atibaia, sentia que essa cidade seria especial para o meu trabalho artesanal e para minha jornada empreendedora. E meu sexto sentido estava certo. Logo conheci um vizinho que também veio de São Paulo, o Hildo, e ele idealizou uma feira de empreendedoresno nosso bairro. Com apoio da prefeitura e de um vereador, a feira aconteceu por quase um ano. Com o tempo, Hildo precisou se dedicar a um novo projeto e não poderia mais organizar os eventos. Foi então que ele me convidou para assumir a organização, e eu aceitei. Foi um grande desafio, mas também uma oportunidade incrível. Nesse contexto, conheci o Grupo Empreenda Atibaia Oficial, que me acolheu com carinho. Desde então, faço o possível para participar de todos os eventos do grupo.

JVN: Qual é a importância do grupo para você, tanto pessoalmente quanto profissionalmente?

Kelly Elpídio: Estar rodeada por mulheres incríveis, que compartilham o mesmo objetivo de sucesso na vida empreendedora, é enriquecedor. As trocas de experiências e conexões sinceras são um combustível essencial para seguir ainda mais fortalecida. Sou muito grata à Isla, por nunca ter desistido do seu propósito de transformar a vida de tantas mulheres e ajudá-las a acreditar em si mesmas.

JVN: E aí, no final de 2024, veio essa novidade que foi você ter se tornado autora literária com sua  participação no primeiro volume da Coleção “Mulheres de Negócios: dias de luta, dias de sucesso” – um livro muito especial lançado pelo Grupo Empreenda Atibaia com a Editora JVN e que marcou o empreendedorismo feminino em Atibaia de forma definitiva. Como foi o convite para você participar desse livro e como você se sentiu?

Kelly autografando seu livro, na noite de lançamento (foto: Thaís Bentim)

Kelly Elpídio: Ah, foi inesquecível! Como você disse, era final de ano e, como de costume nessa época do ano, eu estava na 25 de março, em São Paulo, comprando materiais para minhas encomendas. Então eu recebi uma mensagem de voz da própria Isla, pedindo para eu ligar para ela. Na hora, fiquei curiosa, mas só consegui retornar depois de dois dias. Quando finalmente falei com ela, veio o convite surpresa: participar do primeiro livro do Grupo! Meu Deus, que alegria! Nem titubeei, aceitei imediatamente. Naquele momento, só faltava uma pessoa para completar as 20 coautoras do primeiro exemplar — e essa pessoa era eu. Senti que Deus estava me presenteando, como se fosse um verdadeiro presente de Natal!

JVN: Como você viu todo o processo e como avalia o resultado final?

Kelly Elpídio: O processo foi conduzido com muito cuidado e organização, para garantir que tudo ocorresse dentro do prazo—e foi feito em tempo recorde! O resultado final ficou maravilhoso e ficará registrado na minha memória para sempre. Uma grande alegria fazer parte desse projeto tão especial!

JVN: E agora que é coautora de um livro, como se sente ao deixar um legado sobre sua história, impactando outras pessoas?

Kelly Elpídio: É uma sensação incrível! Recebi muitos relatos de mulheres que estavam quase desistindo, mas ao ler minha história se sentiram renovadas e motivadas. Outras me disseram que não imaginavam tudo o que eu havia passado, e que minha jornada as inspirou a seguir em frente. Isso me enche de gratidão e me dá ainda mais certeza de que estou no caminho certo. Meu propósito de vida é transbordar conhecimento, ajudar pessoas a aprenderem uma profissão e a serem felizes fazendo o que amam—assim como eu amo o que faço.

Kelly (vestido creme, no canto inferior direito) na foto tirada para a contracapa do livro (foto: Thaís Bentim)

JVN: Se pudesse voltar no tempo, faria algo diferente em sua trajetória?

Kelly Elpídio: Não, absolutamente nada. Acredito que tudo o que vivi — os desafios, as dores, os momentos felizes e as adversidades—moldaram quem eu sou hoje. Cada experiência foi um trampolim para me levar até aqui, e tudo fez parte do meu amadurecimento.

JVN: Que conselho você daria para outras mulheres que estão começando ou pensando em empreender?

Kelly Elpídio: Eu sempre digo: nunca desista dos seus sonhos! Se algo pulsa forte no seu coração, siga em frente. Não permita que ninguém te subestime ou diga que você não é capaz. Insista, persista e não desista! Decisões definem destinos, e olhar para trás não é uma opção.

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