Pesquisa revela que quase metade das empresas industriais brasileiras não implementa ações para mitigar a sinistralidade dos planos de saúde. A coparticipação é a estratégia mais usada entre as organizações que buscam conter custos

A Pesquisa de Saúde Suplementar na Indústria, realizada entre abril e agosto de 2024 pelo SESI, FIESP e Observatório Nacional da Indústria, traçou um panorama da gestão de saúde suplementar nas empresas industriais brasileiras. O levantamento revelou que 41% das indústrias não adotam estratégias para reduzir a sinistralidade – a relação entre os custos dos procedimentos médicos e o valor pago pelos usuários com as mensalidades. Entre as indústrias que adotam práticas para conter a sinistralidade, 72% utilizam a coparticipação como estratégia principal.

Além disso, 45,5% das empresas afirmaram promover ações de conscientização entre os trabalhadores. Contudo, 67% apontaram o custo elevado como a principal barreira para implementar melhorias nos planos de saúde.

Emmanuel Lacerda, superintendente de Saúde e Segurança na Indústria do SESI, reforça que a redução da sinistralidade “é viável com a prevenção de doenças, o enfrentamento da desinformação e o acompanhamento periódico da situação de saúde do trabalhador”. Ele destacou algumas práticas que podem ser implementadas pelas empresas para alcançar melhores resultados, como:

  • Acompanhamento regular do uso do plano de saúde;
  • Diálogo com colaboradores para evitar uso desnecessário do plano;
  • Estímulo ao atendimento virtual, que reduz custos;
  • Utilização de alternativas no SUS, como atendimento psicológico gratuito.

Crescimento dos planos coletivos empresariais e impacto financeiro
De acordo com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), 71% dos beneficiários de planos de saúde no Brasil estão vinculados a contratos coletivos empresariais, que atingiram um total de 36,7 milhões de pessoas em agosto de 2024. Os custos com assistência médica representaram, em 2021, 13,57% da folha de pagamento das empresas, um aumento de 20% em relação a 2012.

Esses números evidenciam o impacto crescente dos planos de saúde nas finanças das indústrias, destacando a urgência de buscar soluções eficazes na gestão desses custos. “Os resultados da pesquisa são muito reveladores no sentido de apresentar os desafios enfrentados pelos gestores dos planos de saúde das empresas para garantir o acesso e a qualidade dos dados e, assim, promoverem uma gestão eficiente da saúde dos seus beneficiários”, comentou Lacerda.

Promoção à saúde ainda é limitada
Outro dado alarmante da pesquisa foi que 48% das indústrias não possuem programas de saúde ativos, e 10,2% não sabem se esses programas existem em suas empresas. Em contrapartida, iniciativas voltadas à saúde se concentram principalmente nas indústrias de médio (75,8%) e grande porte (75,4%).

Entre os programas mais comuns estão campanhas de vacinação (50,2%), saúde mental (45,5%) e estímulo à atividade física (33,7%).

Jeferson Sakai, gerente de Saúde e Segurança na Indústria do SESI-SP, comentou os próximos passos com base nos dados levantados:
“Esta pesquisa é um passo importante para compreender as realidades e dificuldades enfrentadas pelas empresas na gestão da saúde de seus colaboradores. Com os resultados obtidos, podemos focar em soluções mais assertivas para ajudar as indústrias a equilibrar as necessidades de cuidados com a saúde e a sustentabilidade financeira, beneficiando tanto as empresas quanto os trabalhadores.”

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