Falando sério, estamos assistindo à pior eleição de todos os tempos no quesito de apresentação de propostas dos principais postulantes ao cargo de chefe-mor da aldeia tupiniquim. É uma mamífera disputa de forças: quem teve mais gente no comício, quem fez a maior carreata, quem tem mais amigos legais, quem fala mais mentira, quem tem mais ereções e outras palhaçadas. Um show de horrores digno de um hilário circo mambembe, não fosse um momento crucial de decisão de quem vai capitanear a nau Brasil com mais de 220 milhões de tripulantes….

Muitos amigos e clientes tem me confidenciado o profundo desejo de simplesmente não participar desta “farsa”, anulando ou branqueando seu voto ou simplesmente aproveitando o domingo de chuva para limpar a garagem de casa, ou promover um churrasquinho ao som de Zeca Pagodinho no “deixa a vida me levar”. Tentador, em especial a parte do samba…, mas somos melhores que isso!

Na minha trajetória no terceiro setor, aprendi a pensar como militante – se queremos uma sociedade melhor devemos assumir nossa parcela de luta e responsabilidade. Como a filha ou filho que saem da casa dos pais precisam abrir mão da mesada (ou não??), devemos assumir nosso pequeno, mas significativo protagonismo na hora de votar. Cabe a nós honrar o passado dos muitos que lutaram (ou morreram) para que a democracia fosse uma realidade em nosso país. Não foi fácil, bastando lembrar que o direito ao voto direto para presidente nos foi “retirado”, em passado recente, por 22 anos…

Votar é um ato político, onde somos livres para exercer o direito de escolha – é um momento raro em que todos cidadãos tem o mesmo peso – tenho acompanhado com satisfação os esforços inclusivos do TSE, disponibilizando pontos de votação em zona rural, aldeias indígenas, presídios, voto em trânsito, facilitando a comunicação para cegos e surdos, acessibilidade para cadeirantes. Vemos muitas cidades ampliando o transporte público (até gratuito), promovendo o comparecimento às urnas, dos 16 aos 100+, todos engajados no exercício da cidadania, porque NÃO queremos ser uma nação de passivos espectadores, certo?

O voto é uma transação particular – o que acontece na cabine, fica na cabine – a cada eleição melhoramos nossa capacidade de fazer boas escolhas, assim como amadurecemos ao longo da vida. Nossa democracia é jovem, passou agora pouco dos trinta, e ainda temos muito a aprender. Por isso vamos experimentar, errar, corrigir, errar de novo, e certamente, entre tantos erros e acertos, compreender que na democracia não existem contos de fadas, com figuras míticas nos salvando de todo mal do mundo. Temos políticos de carne e osso, com as limitações e as virtudes próprias de qualquer ser humano, que se propõe a exercer da melhor forma a difícil tarefa da gestão pública. Nós escolhemos, e devemos fiscalizar, cobrar, acompanhar, militar pela ética, pela transparência e eficiência de gestão.

Por que eu voto? Porque eu posso e eu quero. Não preciso de ninguém para guiar meu caminho ou minhas escolhas. Respeito quem assume uma candidatura e deseja trabalhar pelo bem público, bem como os bons marqueteiros, que trabalham duro para vender a boa imagem de seus candidatos; desprezo quem compra votos com dinheiro e favores, desequilibrando e corrompendo os princípios democráticos, e certamente abomino quem exerce a suprema violência de impor o voto, em nome de Jesus ou do porrete.

Bora aí votar – exerça seu direito, porque tem muita gente interessada em tirar isso de você! Mete o dedo e CONFIRMA! A democracia te agradece.

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1 comentário

  1. Concordo plenamente.
    Mete o dedo e confirma, porque depois você não vai poder reclamar.
    Foi lhe dada uma chance você não usou porque não gosta de política.
    Tá bom…mas goste do país que você vai deixar para os seus filhos e netos e escolha bem a quem você vai entrega-lo

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