Quem não gosta de ter seu trabalho justamente reconhecido? Quem não se motiva ao ter seu desempenho publicamente comemorado e premiado? E quem não gosta de se inspirar em cases e práticas premiadas de outras empresas? Vamos concordar que é uma fonte de benchmark muito valiosa para promover inovação em qualquer setor.
Existem algumas premiações muito sérias, conduzidas por instituições idôneas e preparadas para avaliar, sob critérios claros e justificáveis, os melhores profissionais, empresas e práticas do mercado. Prêmios tradicionais e já consagrados, que agregam valor a qualquer marca que os ostente.
Por outro lado, o que temos visto nos últimos anos é uma invasão de prêmios sem pé nem cabeça, inaugurando uma verdadeira fábrica de troféus à vaidade vazia de quem se ilude com eles. Veja se essa cena lhe é familiar: o telefone toca na empresa. Alguém atende. Do outro lado, alguém dispara a informação que a empresa foi vencedora num prêmio (“melhor empresa do ano”, “empresa mais sustentável do ano” e por aí vai). A empresa só precisa enviar um representante para receber o troféu em um evento que acontecerá em grande estilo e, antes, claro, quitar um boleto num módico valor de “alguns mils reais” para viabilizar a cerimônia e pronto! Fácil, né?
Outro dia uma amiga – cujos nomes, dela e da empresa, não vêm ao caso citar – me ligou para perguntar se eu conhecia a empresa ‘X’. Pois essa teria ligado para avisar que depois de um levantamento baseado nos últimos três anos de atividades a empresa em que minha amiga trabalha tinha sido agraciada como “empresa mais sustentável”. E que “só” tinha que pagar um valor de R$6mil para receber a premiação. Incrível por duas razões: primeiro, porque a área de Sustentabilidade da tal empresa premiada tinha menos de um ano de atividade. ‘Levantamento com base nos três últimos anos…’ oi? Depois, porque nunca – em momento algum – a tal concedente havia feito qualquer contato, pedido qualquer relatório, avaliado rigorosamente nada da empresa premiada. Com que base alguém premia outra como “a melhor em algo” sem nenhuma avaliação? Difícil, não é mesmo? Mas está acontecendo com mais frequência que se imagina.
Meu conselho? FUJAM desses prêmios comprados. Prêmio é bom para a reputação da empresa? Sem dúvida! Desde que concedidos com base em análise séria. E até pode haver alguma taxa de inscrição para concorrer – mas jamais apenas para receber o prêmio depois de já ser declarada vencedora. Isso é pegadinha.
E como reconhecer um prêmio sério? Seguem algumas dicas:
- Pesquise sobre a empresa que está concedendo o prêmio: ela tem autoridade para avaliar outra empresa naquele tema? Vale inclusive uma visitinha ao Reclame.Aqui (#ficaadica).
- O prêmio possui um regulamento claro e público, divulgado já na abertura do processo do prêmio, ou seja, antes (bem antes) do anúncio dos vencedores? E você sinceramente atende aso critérios desse regulamento?
- Sua empresa (que está sendo ‘premiada’) passou pela avaliação de pessoas capacitadas na área tema do prêmio e com base no regulamento?
- Você sabia que estava concorrendo ao prêmio, aceitou seus termos?
- Está claro quais são as outras empresas que também concorreram ao prêmio? E elas passaram pela mesma avaliação que você?
- Se não foi um prêmio com base em análise de um júri especializado (o que também pode acontecer e ser legítimo), foi ao menos com base numa votação aberta de outros profissionais do setor, ou da sociedade? E também seguindo um regulamento e com os resultados dessa votação abertos ao público?
Eu insisto sempre que prêmio sério tem regulamento com critérios claros e publicado ANTES do processo decisório. Fora isso, sinceramente, eu não confio e dispenso.
Prêmio é sempre uma ótima forma de coroar boas práticas, enaltecer bons profissionais, fortalecer seguimentos da economia e promover o compartilhamento de boas ideias. Se for sério, ainda traz um valor danado à imagem da empresa que o recebe. Mas prêmio fake faz o exato inverso: colabora para a fama de superficial e rasa de qualquer marca. Em minha honesta e humilde opinião, é demérito.
E você? O que pensa sobre isso? Tem alguma história para compartilhar? Conta aí nos comentários que vamos adorar conhecer.
Profissional de Relações Públicas pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação organizacional pela ECA-USP, é empresária, palestrante e consultora de empresas com mais de 20 anos de experiência em comunicação interna e relacionamento com a imprensa. Professora universitária por 16 anos nos cursos de Comunicação, Marketing, Administração e Recursos Humanos nas instituições UniFaat, Fecap, Uniso e PUCCampinas.