Em dias iniciais do ano,  é natural que o noticiário econômico  seja ilustrado por comentários sobre inflação. Coluna silente? Não! Inflação é tema da vez, também aqui, por sua relevância estratégica, sob qualquer análise. 

Para 2021, o Conselho Monetário Nacional (CMN) [não o Banco Central – BC] estabeleceu que a meta de inflação [medida pelo IPCA] seria 3,75%; inflação do ano passado foi 10,06%, muito acima, portanto. Para este ano, foi definida a meta de 3,5% [“centro da meta”] com margem de erro de 1,5 p.p. [“ponto percentual” e não “%”], para maior ou menor, o que faz com que a meta do governo seja, de fato, manter a inflação de 2,0% a 5,0% [esse intervalo é a “banda da meta”]. Utilizamos o sistema “intervalar (ou de bandas), com meta central”; outros países praticam a modalidade “intervalar, sem meta central” e há os que adotam o sistema “pontual”, em que a meta é definida como um número único a perseguir. Estamos tratando de Regime de Metas de Inflação, adotado pelo Brasil, a partir de 1999, 9 anos após a Nova Zelândia, 1º. país a adotar o regime. Essa prática de política monetária, tem por finalidade maior a “transparência”, redutora do efeito tóxico da especulação, tão desestabilizadora de mercados.

O único instrumento a ser controlado, para gestão da inflação, é a taxa de juros de curto prazo – a taxa Selic, cuja meta é decidida em reuniões do COPOM e divulgada imediatamente. Detalhe: o COPOM não define “taxa”, como se vê por aí, mas a “meta de taxa” (a diferença é do seu interesse?). Essa taxa é balizadora de todas as demais da economia e, não por outra razão, é  definida como “taxa básica de juros”. Importantíssima, portanto! Para suas decisões, o COPOM, utiliza, também, o Relatório Focus, divulgado pelo BC nas manhãs de segunda-feira, e cujo acompanhamento é imprescindível pelos que têm gestão financeira e/ou planejamento econômico sob sua responsabilidade ou estuda esses temas por outras razões. Considerando a data de elaboração deste texto, o mais recente “Focus” mostra 5,38%, como estimativa de inflação-2022, superior ao “teto” da meta, portanto. Entre outros fatores (incertezas políticas entre eles), com “peso” diferenciado, está o “risco fiscal”, associado ao Governo Federal. Que risco é esse? É a possibilidade de nosso governo não exercer eficaz controle sobre seus gastos, extrapolar o orçamento etc. As discussões sobre gastos públicos estão “aí”, à nossa disposição, mas recomendo leitura seletiva, de boas fontes (e “ruins” não são as fontes que, eventualmente, nos contrariem, mas aquelas que trabalham contra sua própria credibilidade). 

Notem, prezados leitores, que, apenas neste texto, há diversos desdobramentos possíveis, em pautas futuras – o mesmo deverá ocorrer nos próximos. Por isso, terei que fazer uma seleção, tanto quanto possível abrangente, dos textos da coluna, para o que sua ajuda será muito bem-vinda. Se algum ponto aqui tratado merecer seu interesse  maior, mesmo após seguir os links indicados, indique isso para mim, por favor. 

Você gostaria de entender a razão de “o dragão” ser mencionado no título de uma coluna sobre inflação e qual a origem dessa associação dragão-inflação? Sugiro leitura do artigo Os processos metafóricos do vocabulário da inflação no Brasil, de Maria Eugenia Malheiros-Poulet. 

Até breve!

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2 Comentários

  1. Não por acaso, a escolha de atuar na educação acadêmica espelha seu impecável estilo didático de expor os tópicos selecionados, em um momento extremamente crítico para a economia mundial.Claro, preciso & conciso!
    Parabéns👏

  2. Prezado Carlos Antonio, muito obrigado pelas palavras gentis, que muito me estimulam a “prosseguir”. Espero que você goste dos próximos textos; se não gostar, diga também, por favor.
    Fique bem, prezado, e até breve!

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