O que difere o amador do profissional é o tempo investido em planejamento!
Querides leitores!
Neste ano como colaborador do JVN apresentei por diversas vezes exemplos de projetos bem-sucedidos, de iniciativa pública ou privada. Trabalhando com projetos a vida inteira, ganhamos a habilidade de olhar de forma generosa e cirúrgica para determinados contextos, compreendendo fatores de risco e oportunidade de trabalhando de forma sistêmica para atingir determinados objetivos.
O projeto é a ferramenta que possibilita transformação – mudanças concretas ou abstratas, mas efetivamente o projeto é a escada que torna um sonho realidade. Não existe vitória sem esforço – ninguém atinge resultados sem querer, e mesmo os extremamente dotados de talento somente se sobressaem por ter um projeto definido que facilite sua escalada.
Quando trabalhamos causas de interesse da sociedade, o desenho de qualquer solução socioambiental passa por bastante trabalho de informação, consulta e articulação. Um projeto se inicia na identificação de um problema, que gera suficiente indignação ou demanda urgente de intervenção, os ativadores da solução; raramente agir por impulso dá certo – por maior que seja o desafio, um projeto não pode “simplificar” as soluções. Temas sensíveis, como a gravidez precoce, o trabalho infantil, enchentes ou violência contra a pessoa idosa, atraem visões moralistas indignadas que não agregam muito para a geração da solução, mas devem ser percebidas e entendidas como partes de um todo.
Chamo esta etapa inicial de ideação – é quando nos apropriamos o suficiente do problema e tomamos a decisão se avançamos com projeto ou não – vale a pena colocar tempo e energia nisso?? Passada esta fase vem a modelagem – dar forma à solução, inicialmente a construção mental, depois física (protótipos), e dialógica (ouvir a comunidade do problema)! Se a solução tem aderência, é momento de estudar a viabilidade, avaliar investimentos, recursos necessários e passar da realidade idealizada para o mundo real.
Participei nos anos 90 de um projeto tecnológico incrível, que teria sido um sucesso se fosse feito em 2010. Havia uma grande ideia, uma ótima equipe, tempo e muito dinheiro, mas…falhou, pois estava além do seu tempo – faltou esfriarmos a motivação na ducha do estudo de viabilidade! Um fracasso que me ensinou sobre timing e controle!
Nossa ONG vai lançar em breve o programa FORTES, no conceito de Escritório de Projetos, procurando identificar interesses e demandas da sociedade, articulando recursos que viabilizem projetos sustentáveis de interesse público. Uma incubadora de ideias, pessoas e organizações, que utilizará nossa expertise no Terceiro Setor para ampliar a capacidade de intervenção e desenvolvimento de projetos em Atibaia.
O diálogo saudável com governos, empresas, ONGs, imprensa, universidades, centros de inovação e pesquisa, investidores e doadores, pode facilitar a identificação de oportunidade e congregar recursos que beneficiem a sociedade no campo de ação social, educação ambiental, geração de renda e outros.
O respeito e empatia são elementos-chave no processo de articulação de interesses tão diversos, e que já coabitam – e por vezes se estranham mutuamente – concorrentes podem ser fortes parceiros num projeto, inimigos partidários se unem numa ação – compreender as motivações, atrair e mediar a convergência destes interesses leva tempo, mas amadurece e canaliza positivamente as discussões em torno de um problema, facilitando a implantação das soluções.
O programa FORTES também vai promover capacitações sobre empreendedorismo social, ativismo, elaboração de projetos e captação de recursos, para ampliar a comunidade de sonhadores-realizadores em nosso território. Compartilhar experiência faz com que nossos estoques de boas ideias aumentem; a cooperação só amplia nossa visão de mundo, e trabalhar coletivamente traz maior possibilidade de sucesso. Então vamos cultivar essa terra, que dela saem bons frutos.
Empreendedor social, consultor empresarial, educador e músico, pai da Mariana e cidadão de Atibaia. Possui mais de 40 anos de trajetória profissional transitada entre o meio corporativo e o terceiro setor. Atualmente é dirigente da ONG Mater Dei de Atibaia-SP e violonista do grupo Sentido do Samba.