Como a sociedade nos oprime com o nada relevante!

Leitores, já aviso que ninguém TEM QUE ler este artigo. Respeito o livre arbítrio de cada um e ainda que meu esforço de escrever deseje ser recompensado com atenção e reconhecimento, o desejo de ler é individual.

Assim deveria ser tudo – o TEM QUE está incorporado no linguajar cotidiano, e traz no bojo a faceta autocrática de nossa sociedade – opressão velada que nos impõe moralismos de toda espécie, opressões veladas que até geram culpa, quando simplesmente não seguimos a manada!

A criança mal aprendeu a babar e já TEM QUE ficar quieta, dormir, não chorar, não mexer, sorrir… péssimo começo, não é? E os pais também TEM QUE cuidar, dar amor, o melhor leite, a melhor fralda, alfabetizar com Netflix, etc… e TEM QUE ser muito bom e não pirar com tanta pressão e responsabilidade, mas se fez a criança, TEM QUE cuidar!

E por que fez? Por que TEM QUER ser feliz, TEM QUE ter prazer, mas… esqueceu que TEM QUE se prevenir, TEM QUE usar camisinha ou tomar pílula… E TEM QUE vestir menino de azul, casar de branco, velar de preto, e TEM QUE estudar, ser alguém na vida, ser temente a Deus, amar o próximo e acreditar que família é tudo.

E o mundo corporativo? TEM QUE estar no linkedin, fazer pós-graduação, estágio no exterior, falar alemão, ser voluntário(a) em Uganda, e TEM QUE fazer tudo antes dos 25, por que TEM QUE aposentar aos 30, milionário(a), no mínimo!

E a pessoa TEM QUE estar conectada, o que evolui ao longo dos tempos: TEM QUE ler jornal ter telefone fixo, fax, telex, PC, celular, email, note, site, orkut, facebook, tablet, pinterest, twitter, instagram, whatsapp, telegram, chaptgpt, bitcoins, FÁCIL?

 O TEM QUE nos veste de Nike, Prada, Cartier, Umbro, Lacoste, Cardin, Adidas, Armani, Gucci, e todas suas versões customizadas no mercado paralelo (porque TEM QUE atender todos perfis de consumidores…).

No universo da pseudo-direita, TEM QUE ter propriedade, arma, xingar a esquerda, odiar jornalista, gay, mulher, ambientalista e tudo que julgar que não seja digno de morar em Miami. E a pseudo-esquerda (sim, também TEM QUE) beber cachaça, ser pobre, clamar por direitos, odiar empresários, e sabotar o sistema capitalista antes que o diabo americano vença. E depois morar em Miami, que para ter status TEM QUE morar em Miami.

É certo que a sociedade desenvolve conceitos universalizados que se tornam parte de sua cultura, cria laços de identidade e ajuda a nos definir como nação, grupo, local – organicamente, estes padrões evoluem ao longo do tempo, e são pontualmente desafiados por algum fenômeno que rapidamente ganha massa crítica e some, como um hit pop que cola por alguns meses e depois volta a marola do padrão a se impor. O que incomoda é o julgamento feito quando a gente não entre no jogo do TEM QUE, o que enfrentamos quando dizemos conscientes e de olhos abertos, AQUI NÃO TEM QUE NADA! E fazemos a nossa própria história.

Talvez aqui caiba desdizer tudo aquilo que eu disse antes (obrigado Raul!) e anotar um conselho: você TEM QUE tomar uma decisão! Ou dirige o carro da sua vida, ou TERÁ QUE ser escravo(a) dessa gente que cultiva hipocrisia! (benção, Noel!)

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