Onda extrema de calor instiga o consumidor a comprar o aparelho, que amplia a demanda de energia. Produção agrícola também é afetada

A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) projeta um crescimento de, pelo menos, 20% nas vendas de aparelhos de ar-condicionado, em compasso com a produção dos equipamentos, que, segundo a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), deve crescer 15% só neste ano.

No curto prazo, esse aumento na demanda, acima do da produção, pode resultar em elevação dos preços, o que também pode impactar a procura e os valores dos ar-condicionados. No entanto, a alta dos juros, o endividamento das famílias e a desaceleração econômica devem limitar um crescimento expressivo nas vendas desses aparelhos.

Segundo o economista da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa, no curto prazo, se a oferta desses produtos [ar-condicionados, ventiladores e climatizadores] não acompanhar o ritmo da demanda, os preços podem subir, gerando um impacto sazonal que reforça a alta do IPCA.

“Com o aumento expressivo no uso de aparelhos de refrigeração, a demanda por energia elétrica pode subir significativamente. Caso a oferta de geração não acompanhe esse crescimento, podemos ter reajustes no preço da energia, o que pressionaria ainda mais a inflação”, completa o economista.

Esses aumentos na procura dos aparelhos estão relacionados, direta ou indiretamente, à onda de calor, ou seja, a um choque climático que pode, sim, interferir na produção agrícola e impactar a inflação, especialmente no setor de alimentação e bebidas.

“Essa onda extrema de calor pode afetar principalmente frutas, hortaliças e outros alimentos básicos. Como esses produtos têm um peso significativo no IPCA, a menor oferta pode pressionar ainda mais os preços, que já vinham subindo devido a eventos climáticos anteriores, como o excesso de chuvas. Com a intensificação da queda na produção e o aumento da demanda, podemos observar novos reajustes nos preços dos alimentos”, conclui Ruiz de Gamboa.

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