Não é de hoje que escuto dos RHs sobre a dificuldade de contratação desta nova safra de profissionais que chegaram no mercado de trabalho. São jovens recém-formados em busca da primeira oportunidade de carreira e cheios de vontade de trabalhar, certo? ERRADO!

Ao contrário da minha época e da época dos profissionais que nasceram no final dos anos 40 e nas décadas subsequentes de 60, 70 e 80, nós, quando saíamos da faculdade,  ficávamos com “sangue nos olhos” para conseguir uma vaga e mostrar todo nosso potenciar para o crescimento numa primeira oportunidade de carreira, hoje, a maior parte dos novos profissionais saem das escolas e faculdades com uma miopia enorme sobre o que eu é uma empresa, suas necessidades e como construir os passos de uma carreira sólida.

São profissionais da era digital que acreditam que o mundo e as carreiras podem ser avançadas, trocadas e clicadas assim como os vídeos do Youtube sem que haja algum tipo de consequência posterior. Como se não bastasse essa visão deturpada sobre a maturação de um profissional e o que significa realmente a expressão plano de carreira, esses jovens super protegidos pelos pais entraram numa neurose e esperam que o chefe e as empresas adotem a mesma postura passiva e permissiva de alguns pais de delegaram a educação dos filhos para o vídeo game e para a exclusão total da frustração, ensinando que o “sim” é o esperado e o “não” ou o “espere um pouco” são inimigos da prosperidade e das boas oportunidades.

Recentemente fiquei sabendo de uma escola infantil que em seus jogos de inverno entregou medalhas para todos os participantes, do primeiro ao último colocado, como forma de amenizar a frustração da perda e de não fazer diferenças entre os que venceram as competições e os que perderam. Mas que loucura é essa que estamos entrando? Esse é o mundo real? Realmente todos os profissionais serão CEO’s de Companhias? Ao adotar uma postura como esta, a escola ensina aos ganhadores que não é válido o esforço e aos perdedores que qualquer coisa basta para ser aplaudido. Isso é real? Em que mundo?

Estamos criando crianças com baixa tolerância ao fracasso, à perda, à frustração, crianças que se tornarão adultos sem a capacidade de lidar com suas angústias, dores, doenças, limites e questionamentos internos pelo simples fato de não terem sido expostos à situações de aprendizados de suas emoções.

Esses mesmos profissionais já estão no mercado de trabalho se desmotivando após duas semanas de contratação, na qual acham que a empresa reconhece pouco seus esforços, que seu chefe é impessoal, não elogiando toda a entrega feita e que aquele ambiente de trabalho não tem conexão com a verdade deles e com o propósito de vida. Agora pergunto: – Que propósito??????

Pais, tios, avós, amigos, ajudem a orientar as crianças das suas famílias, ajudem a desenvolver a tolerância ao não. Precisamos ajudar nossos filhos a se frustrarem mais, a terem contato com suas emoções, precisamos ajudar não “passando panos quentes” nas situações, deixando com que eles resolvam seus próprios desafios, que superem seus limites sem o aplauso sem motivo, sem o reconhecimento sem ação e sem a medalha sem merecimento.

Essa geração que espera o crescimento na velocidade da luz, não fica muito tempo nas empresas, não consegue se realizar e se sentir feliz com suas atribuições, estão sempre em busca do reconhecimento vazio, dos seguidores que nem conhecem e dos aplausos por nada fazerem.

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