Vivo de biscate e queres que eu te sustente
Se eu ganhar algum vendendo mate
Dou-te uns badulaques de repente
Andas de pareô, eu sigo inadimplente (“Biscate” – Chico Buarque)

Acabou o crédito 1… a taxa de inadimplência do país atinge o patamar recorde 77 milhões de consumidores (fonte SERASA maio/25) – deste total, 15 milhões estão acima dos 60 anos. Considerando que a população economicamente ativa do país gira em torno de 108 mil podemos pressupor que metade dos cidadãos e cidadãs com potencial de trabalho não ganha o suficiente para honrar seus compromissos. Some-se a isso facilidades de tomada de crédito (como os consignados cumulativos, ofertas de cartão de crédito, etc.), o aumento das facilidades para compra on-line e pouca ou nenhuma educação financeira da população. Também decresceu o índice de confiança do consumidor pelo cenário político-econômico, ou seja, quem quer gastar não pode e quem pode gastar está com medo… um cenário catastrófico, que piora ao saber do alto índice de pessoas viciadas em jogos on line e bets país afora (a esse respeito, a ONG que dirijo teve judicialmente negado um pedido para realizar um bingo beneficente, para arrecadar recursos para reforma de nossa sede, pela alegação de que jogo é contravenção… mas bets e jogos do tigrinho podem operar livremente…haja crédito!)

Acabou o crédito 2… os governantes municipais terminaram seus 180 dias de governo (1/8 do mandato) – como eu costumo dizer, é um semestre de crédito dado pela população, que agora vai cobrar resultados – os prefeitos (em especial quem está no primeiro mandato), já tiveram tempo suficiente para compreender os reais problemas das cidades e dar uma cara mais realista ao seus planos de governo. E infelizmente já não dá para culpar o governo anterior. Quem não fizer a lição de casa, ou continuar em campanha com frenéticas e midiáticas postagens de Tik Tok, vai sofrer rejeição de seu eleitorado – o crédito que acaba é a paciência dos cidadãos…

Acabou o crédito 3… os 50% de tarifa de Donald Trump reforça a verdade que sabemos: o cara é um louco imprevisível! Obviamente está acabando a paciência do mundo inteiro com os arroubos ditatoriais de Trump, seus jogos de cena e vacilos históricos. Termina também o crédito do atual governo brasileiro nas posturas blasé em relação a nossa política externa – o cenário mudou para pior e reclamar na OMC ou taxar Law and Order não vai reposicionar o Brasil neste conflito – será preciso negociar nossa posição diretamente com o governo americano. Ao mesmo tempo vai se esgotando o repertório e crédito do clã Bolsonaro em sua saga de fazer do Brasil persona non grata junto ao ditador da América, repisando as falsas alegações sobre a nossa democracia, transparência eleitoral, etc. Os patriotas mostraram sua picardia sem remorso de prejudicar o Brasil, e não acredito que a narrativa do ex-presidente 100% vítima injustiçada vá “colar” por muito tempo. Será que sobra para um green card??

Acabou o crédito – epílogo… e o Brasil mostrou na Copa do Mundo de Clubes que onde falta crédito, sobra improviso e inspiração! Fomos bem e fomos mais longe que o esperado, depois sofremos os “atrop€uros” esperados. Flamengo, Botafogo, Fluminense e meu Palmeiras, parabéns, e sejam bem-vindos de volta à realidade!

Acabou meu crédito!  

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