Setores como indústria e serviços recuperaram o fôlego, motivadas pela retomada da atividade econômica brasileira após tempos difíceis
A retomada da economia brasileira – ainda que a passos lentos – no primeiro semestre de 2024 está refletindo positivamente em diversas atividades, como, por exemplo, no aquecimento do mercado de contratação de lideranças para as empresas. Segundo um levantamento feito pela EXEC, empresa especializada na seleção e desenvolvimento de altos executivos e conselheiros, setores que detêm uma participação importante no PIB do país, como indústria e serviços, registraram um crescimento expressivo – 50% e 45%, respectivamente – no índice de admissão de novos executivos para cargos C-Level e diretoria na comparação anual. No entanto, mercados como varejo, logística e agronegócio ficaram estáveis com uma leve tendência de desaceleração.
Segundo Alexandre Zuvela, sócio da EXEC, o levantamento traz boas notícias, pois aponta que as empresas estão voltando a contratar líderes após um ambiente turbulento com a troca de governo do ano passado. “Os setores de indústria e serviços viveram um ano difícil em 2023, contabilizando um crescimento tímido, resultante de fatores como a incerteza no rumo da economia, taxa de juros do país ainda em patamares elevados, o que encarece os custos de produção e operação, alta inadimplência e endividamento das famílias, entre outros fatores. No entanto, em 2024, parece que esse reflexo se tornou um pouco mais brando, com uma perspectiva mais animadora para o futuro, o que tem incentivado as indústrias de vários segmentos a contratarem novos executivos”, avalia.
De acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), produzida pelo IBGE, o setor fechou 2023 com uma expansão de 0,2%, sinalizando estabilidade. Para este ano, as perspectivas são mais otimistas. Segundo projeção da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o PIB industrial deve crescer 2,1%, muito acima do resultado do período anterior.
Em relação ao universo de serviços, responsável por 70% do PIB e considerado um dos motores mais importantes da economia brasileira, Zuvela acredita que os bons ventos que sopram em favor do avanço da atividade estão sendo um incentivo importante para o investimento na contratação de novas lideranças. “Assim como os demais mercados, o de serviços foi afetado pela pandemia, mas mostra forte resiliência. Nos últimos três anos, se manteve em crescimento, algo que não ocorria desde 2014, trazendo novos horizontes para as empresas e, consequentemente, para os executivos que atuam nessa atividade”, ressalta o especialista, citando os dados do IBGE, que, entre eles, destacou alta de 2,3% para o setor no ano passado.
Para 2024, ainda com alguns desafios a serem superados, a estimativa é que a expansão da atividade seja um pouco menor, de 1,9%, conforme projeção da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC), enquanto que o PIB do país deve expandir 2,5%, segundo informação do Boletim Macrofiscal mais recente divulgado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda.
Indústria: construção e máquinas e equipamentos
O levantamento da EXEC sinalizou que a forte alta na contratação de executivos na indústria nos seis primeiros meses de 2024 teve como forte influência as movimentações feitas nos mercados da construção civil e imobiliário, e de máquinas e equipamentos, que contabilizou alta de 75% ante o primeiro semestre de 2023. “O mercado imobiliário respira um pouco mais aliviado, motivado pela evolução contínua das contratações, expectativa positiva das empresas para a compra de imóveis e lançamentos, além da projeção positiva de crescimento para o setor em 2024, com as novas diretrizes para o programa Minha Casa Minha Vida”. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou a previsão de crescimento do PIB do setor para este ano, de 1,3% para 2,3%.
Em relação à indústria de máquinas e equipamentos, o sócio da EXEC enfatiza que o setor vive um momento de modernização da produção e dos produtos, motivado pelo avanço da digitalização, o que demanda líderes bem preparados para orquestrar essa movimentação. Por outro lado, convive ainda com alguns desafios, como dificuldades na importação e custos elevados.
Já setores como saúde, farmacêutico, educação e TI se mantiveram estáveis em relação à admissão de novas lideranças no período, segundo o documento da EXEC.
Setor de serviços
O levantamento destacou ainda que a busca por novos líderes no mercado de serviços foi impulsionada por diferentes fatores, entre eles o retorno das atividades presenciais no pós-pandemia, incluindo atividade de lazer e sociabilização, melhora na confiança do consumidor, com uma melhora no cenário econômico, aumento da renda familiar e uma maior propensão ao consumo e um aumento no setor de tecnologia da informação com a adoção de novas tecnologias e inteligência artificial.
Zuvela aponta que o conjunto destes fatores tem feito o setor de serviços buscar mais inovação e novos líderes para comandarem as novas ondas de evolução no setor. “São líderes preparados para lidar com o mundo digital, com a disrupção e motivação de seus times para pensarem fora da caixa”, ressalta.
Para o especialista da EXEC, a contratação de líderes nessas atividades deve continuar aquecida nos próximos meses. “A maior demanda por executivos tende a se manter, pois devemos continuar com um crescimento razoável da atividade econômica, um cenário de maior digitalização e a melhoria na renda das famílias nos próximos, o que incorre em novas oportunidades para as lideranças dentro do setor”, conclui.