Prezado(a) leitor(a), saudações. Vamos explorar a importância da informação no funcionamento da economia e o problema do insider information no mercado financeiro?

Em mercados livres e competitivos, as interações entre compradores e vendedores geralmente conduz a resultados benéficos para toda a sociedade, mesmo que não haja uma intenção consciente de busca de cada indivíduo no bem-estar social comum. Trata-se do princípio da “mão invisível”, proposto pelo economista Adam Smith. Tal princípio sugere que, quando os indivíduos buscam atender seus interesses privados (como maximizar lucros, ou seja, a diferença entre receitas custos e despesas), tendem a alocar de forma eficiente os recursos conduzindo à maximização do bem-estar social.

Em mercados competitivos, os preços são determinados pela interação entre a oferta e a demanda e refletem preferências e necessidades dos consumidores. Já os produtores são incentivados a fornecer bens e serviços que atendam tais demandas, buscando alocação eficiente de recursos. No entanto, é importante destacar que o princípio da “mão invisível” não implica que certos mercados funcionem de forma perfeita ou que não haja necessidade de intervenção do governo nesses como meio de corrigir falhas de mercado (abuso de poder de mercado, externalidades negativas ou uso de informações assimétricas).

A informação desempenha papel fundamental no funcionamento dos mercados. Quanto mais informações os compradores e vendedores têm sobre a disponibilidade, qualidade, custos de produção ou preferências dos consumidores, mais eficientemente os preços refletem as condições do mercado.

Tanto consumidores quanto os produtores dependem da informação para tomar decisões. Os primeiros usam informações sobre produtos e preços para decidir o que comprar, enquanto os segundos usam informações sobre custos, concorrência e demanda para decidir o que, quando, quanto e como produzir. Finalmente, a informação é essencial para que haja concorrência, pois, quanto maior o acesso a essa, mais eficiente o mercado no atendimento das necessidades dos consumidores.

No contexto do funcionamento do mercado financeiro, o problema do “insider information” ocorre quando certos participantes do mercado têm acesso a informações privilegiadas e que não estão disponíveis para o público em geral. Tais informações podem incluir dados sobre resultados financeiros futuros de uma empresa, acesso a decisões estratégicas, dados sobre ações de política comercial ou quanto a probabilidade de ocorrência de eventos iminentes que afetarão os preços dos ativos.

A posse de informação confidencial pode permitir que alguns insiders obtenham vantagens injustas sobre outros investidores. Há várias preocupações associadas a esse problema. O acesso assimétrico de certas informações compromete a igualdade de oportunidades no mercado. Investidores que não têm acesso a essas podem ser prejudicados, pois não conseguem tomar decisões de investimento com base equânime de informação.

A existência e uso de informação privilegiada distorce os preços dos ativos, impedindo que certos investidores avaliem com precisão informações relevantes que tendem a afetar o preço de um ativo, fato que pode levar a uma alocação ineficiente de recursos. Por exemplo, ao comprar ou vender ativos financeiros como ações, os investidores levam em conta suas expectativas quanto ao desempenho futuro das empresas e essas são baseadas na informação disponível. Investidores que acreditam no bom desempenho da empresa tendem a adquirir ações pois esperam a valorização dessas e obter dividendos (lucros da empresa distribuídos aos seus sócios acionistas); caso contrário tenderão a vendê-las.

Nessa semana, houve grande especulação quanto a provável substituição do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que se absteve da decisão quanto o nível de distribuição de dividendos pela empresa aos acionistas. Em março, a Petrobras decidiu não distribuir os dividendos extraordinários, mas recuou devido à forte pressão do mercado e da equipe econômica do governo.

Em meio a esse embate, vale destacar que entrevista concedida por Prates no final de fevereiro causou forte reação no mercado financeiro, levando a queda das ações da empresa. Consta que grandes transações envolvendo títulos baseados no preço das ações da Petrobras (contrato de opções), precederam a publicação da entrevista de Prates na BloombergLinea fato que supostamente teria levado a ganhos significativos para certos investidores.

Esse assunto ainda está reverberando. O grande recado é: seja no mercado de bens ou serviços ou no financeiro a informação e seu uso possui papel crítico na formação de preços, coordenação e eficiência do funcionamento dos mercados.

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