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Empreendedores de sucesso identificam e dimensionam o impacto das variáveis econômicas que afetam a quantidade demandada pelos bens ou serviços que ofertam. Por exemplo, como a variação no preço e, principalmente, da renda dos consumidores afetam a demanda e resultados dos negócios.

Muitas vezes negligenciados, tais temas estão no cerne da viabilidade, competitividade e sustentabilidade dos negócios: um desses possui relação direta com a renda disponível dos consumidores; outra envolve entender como, de fato, essa afeta os diferentes bens ou serviços que sua empresa oferta.

Do ponto de vista microeconômico a quantidade demanda, D, depende do preço do próprio do bem, p, preço dos bens relacionados no consumo (substitutos e complementares, pS e pC), renda disponível dos consumidores (yd), gastos com publicidade (gP), além de outras variáveis relacionadas à especificidade do bem ou serviço ofertado: taxa de juros, crescimento da população, momento ou local de consumo, entre outras, como condições climáticas, gostos ou preferências por consumo, tributação ou idade ou gênero.

Formalmente a função completa da demanda, D = β0 + β1p + β2pS + β3pC+ β4yd + β5gP + … +, descreve como a quantidade demandada reage em relação as condições de mercado. Os termos β representam parâmetros que objetivam capitar a resposta da demanda em relação à certas variáveis. Por exemplo: (1) quanto maior β1 mais sensível será a demanda absoluta em relação a mudança no preço do bem; (2) β2 maior implica em elevado impacto de reduções em pS na demanda pelo bem; (3) se β4 é elevado em termos absolutos, maior o impacto das variações da renda disponível dos consumidores, yd, sobre a demanda, D, e assim por diante.

A renda dos consumidores é um dos principais determinantes da demanda e, do ponto de vista dessa, esses podem ser classificados como bens normais e bens inferiores. Os primeiros respondem positivamente a aumentos da renda; ou seja, quando a renda aumenta a demanda desses tende a aumentar e vice-versa. Em contraste, a demanda por bens inferiores sofre redução quanto há aumento da renda e vice-versa.

Um exemplo de bem inferior é a manutenção de veículos. Nesse caso, a queda na renda diminuiu a compra de carros novos (bem normal) e ampliou o estoque de usados, fato que aumenta a demanda por serviços de manutenção de veículos (bem inferior).

O mercado consumidor brasileiro é bastante segmentado e todo empreendedor deve responder a seguinte questão: no mercado no qual opero oferto bens normais ou inferiores?

Antes de responder, entenda que não importa em qual mercado e o local no qual você opera (serviços pessoais relacionados à beleza e estética; perfumaria, higiene e limpeza; refeições fora de casa ou por meio de delivery; alimentação, cuidados e tratamento de pets; tecnologia da informação e comunicação (TIC’s), serviços pessoais e domésticos; treinamento, ensino e educação).

Do ponto de vista macroeconômico, o nível de produto e renda, y, sempre dependerá do nível de consumo das famílias, C, taxa de investimento das empresas, I, volume de exportações, X, volume de importações, M, e nível de gastos do governo, G.

Enquanto o nível de consumo depende da renda disponível, yd = y – T (onde y é a renda e T é a carga tributária), o nível de investimento, I, depende das taxas de juros, i, e potencial de retorno de cada empreendimento. Já o nível de exportações, X, e importações, M, dependem da taxa de câmbio, ε, sendo que ambos dependem, respectivamente, dos níveis de crescimento da renda interna e externa, y e y*,

Finalmente, o nível de gastos do governo, G, depende das escolhas do governo eleito na forma de nível de gastos, G, e tributação, T. Ambos constituem a Política Fiscal.

De alguma forma, é importante que nós empreendedores busquemos compreender e obter apoio para, do ponto de vista microeconômico, estimar a função demanda pelo bem ou serviço, quais principais variáveis que a afetam e o impacto dessas ou sensibilidade, particularmente, como a renda disponível, yd, afeta o consumo.

Pois bem, o nível de renda, y, é um dos elementos centrais que afetam a demanda por bens. Importante destacar que, no atual contexto da economia brasileira, ocorre:

  • Tendência de redução da renda e da renda disponível disponível (yd = y – T) devido a tendência de aumento do nível de gastos do governo, G, o qual certamente provocará aumento na tributação, T, com concomitante redução da renda disponível (yd = y – T) (isso apesar dos projetos de Arcabouço Fiscal e de Reforma Tributária já discutidos nessa coluna);
  • Pressão sobre o dólar (que no momento ultrapassou R$ 5,47 = USD $1), juros elevados no EUA e no Brasil e, dessa forma, tendência de que haja redução nos níveis de investimento produtivo e consumo de bens duráveis, uma vez que esses dependem dessa variável;
  • Incertezas em relação rumos dos gastos do governo e tributação (G e T), fato que tende a reduzir as taxas de investimento externo direto e conduzir a elevações nas taxas de juros internos, Selic, que deve permanecer em patamares elevados.

No contexto de redução da renda disponível (yd = y – T) e manutenção da Selic em 10,5% na última reunião do COPOM na última quarta-feira, todo empreendedor deve dimensionar como certa variáveis econômicas afetam a demanda por bens e serviço ofertados. Esteja atento.

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