Você já parou para pensar por que os resultados do seu negócio não evoluem, mesmo com tanto esforço em vender, divulgar e organizar tudo? Às vezes, o obstáculo não está no preço ou na concorrência, mas nas pessoas que estão todos os dias ao seu lado, ajudando a empresa a acontecer.
É muito comum ouvir de empresários que a equipe está desanimada, que ninguém se compromete, que os funcionários não “vestem a camisa”. Em geral, a culpa é atribuída ao salário — mas e se a raiz do problema for outra? E se o prejuízo silencioso vier da falta de cuidado com o bem-estar emocional da equipe?
Nas pequenas empresas, onde cada colaborador precisa “fazer de tudo”, é comum que o cuidado com a saúde emocional fique em segundo plano. A correria do dia a dia e a falta de estrutura fazem com que o foco esteja sempre nas tarefas, nos prazos e no caixa. Só que isso tem um custo alto — e muitas vezes silencioso.
Funcionários sobrecarregados e desmotivados tendem a errar mais, a atender pior e a tomar decisões impulsivas. O ambiente se torna tenso, e os conflitos passam a surgir com frequência. Em casos mais graves, começam os afastamentos por estresse ou doenças ocupacionais. Tudo isso afeta diretamente o funcionamento do negócio.
Você pode ter um ótimo produto ou serviço, mas se quem representa a sua marca não está bem, o cliente sente. E, quando sente, deixa de comprar, não volta ou simplesmente não indica. Ou seja: o problema deixa de ser interno e começa a afetar o resultado final.
Pesquisas como as da ISMA-BR revelam que o Brasil está entre os países com mais casos de esgotamento profissional. E engana-se quem pensa que isso é um problema exclusivo de grandes corporações. Pequenos negócios, por não possuírem estrutura de apoio ou políticas claras, são ainda mais vulneráveis.
O empreendedor sente isso no cotidiano: atrasos sem justificativa, pedidos errados, falta de iniciativa e reclamações de clientes. E quando o colaborador decide sair ou é afastado, a dor de cabeça só aumenta: tempo perdido com contratação, custos com treinamento, adaptação, além da queda no padrão de atendimento.
No fim das contas, a desmotivação da equipe afeta diretamente a experiência do cliente e, portanto, o faturamento. É como uma torneira pingando sem parar: pouco a pouco, o caixa vai esvaziando — e o dono da empresa nem sempre percebe de onde vem o prejuízo.
Em uma empresa que acompanhei, a produtividade despencava nos períodos de fechamento do mês. O motivo? Os colaboradores eram constantemente interrompidos durante tarefas críticas, o que causava erros, atrasos e estresse generalizado.
Implementei uma solução simples e de grande valia: criaram uma pequena placa para colocar no monitor com uma mensagem gentil como “Em momento de foco – volto a falar com você em breve”. O simples aviso passou a sinalizar que a pessoa precisava de concentração. Resultado? Mais foco, menos interrupções e uma sensação maior de respeito no ambiente.
Esse é um exemplo claro de que ações práticas, simples e respeitosas podem gerar grandes mudanças — sem exigir altos investimentos.
É natural que o empreendedor diga: “Mas minha prioridade é vender!”. E está certo. Só que toda venda começa em quem atende, produz, resolve e representa o seu negócio. Se essa pessoa estiver emocionalmente esgotada, a empresa sente. E o cliente também.
A boa notícia é que você não precisa gastar muito para começar. Veja algumas ideias viáveis, mesmo com orçamento limitado:
- Aproveite o que já tem: se sua empresa oferece plano de saúde, a operadora pode disponibilizar palestras e campanhas gratuitamente;
- Faça palestras e rodas de conversa mensais com um psicólogo. Temas como foco, ansiedade e produtividade fazem diferença;
- Utilize datas como a SIPAT ou campanhas de saúde para abordar o tema com leveza;
- Crie espaços de escuta ativa, acordos coletivos e uma cultura que valorize o cuidado com as pessoas.
Não é sobre fazer tudo de uma vez. É sobre começar — e começar já.
Uma equipe motivada trabalha com mais foco, com mais energia e com mais conexão com o propósito do negócio. E isso não tem preço.
Você já percebeu como o clima da sua empresa afeta diretamente os resultados? Tem alguma história ou aprendizado sobre saúde emocional no seu time?

Akemi Shida é diretora Geral da AS Consultoria de Recursos Humanos e possui mais de 18 anos de experiência em empresas como Itaú, Globo e FTD Educação. Psicóloga por formação, possui MBA em Gestão Estratégica de Negócios e pós-graduação em Psicodrama Sócio Educacional, além de formação em coaching executivo, life coaching e career coaching pelo Integrated Coaching Institute.
Especialista em liderança, planejamento de carreira, desenvolvimento humano e organizacional, atua como trainer e palestrante pela Abrain – Academia Brasileira de Inteligência. É master trainer pelo Instituto Mentor Coach e foi uma das profissionais de RH responsáveis pela primeira
certificação ISSO 9001 no continente africano, em Angola. Palestrante e escritora, é coautora de três livros: “A Arte de Brilhar”, “Desperte sua Melhor Versão” e “120 Sacadas para a vida pessoal e profissional”.