40% das funções atuais vão desaparecer em até quatro anos, alerta especialista e destaca a importância da qualificação digital, além de apontar oportunidades para todas as gerações no mercado de trabalho do futuro

A transformação digital está apenas começando a impactar o mercado de trabalho, mas seus efeitos devem se intensificar nos próximos anos. Segundo o cientista da computação e diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Goiás (ABRH-GO), Ricardo Sousa, “em uma janela de três a quatro anos, 40% das habilidades exigidas atualmente deixarão de ser necessárias”. A chegada definitiva da inteligência artificial (IA) marca o avanço da quarta revolução industrial e deve reformular completamente as relações profissionais.

Mudanças aceleradas exigem preparação imediata

A recente pesquisa da empresa de recrutamento Robert Half revelou que, em 2025, os profissionais mais procurados no Brasil estarão concentrados em áreas de gestão e análise, com destaque para engenheiro de vendas, analista contábil, desenvolvedor back-end, gerente de marketing e diretor financeiro. Mesmo com salários que ultrapassam R$ 90 mil em grandes centros, a contratação ainda é lenta — em estados como Goiás, pode demorar até seis meses para preencher um cargo estratégico.

Para Ricardo Sousa, o cenário se justifica pela velocidade das mudanças e pela falta de profissionais capacitados para lidar com as novas exigências tecnológicas. “O mercado de trabalho ainda não passou pela transformação totalmente. Ela virá com força com a inteligência artificial, que será responsável por reformular o cenário profissional. Precisamos nos qualificar já, mas com visão de futuro”, adverte.

IA exige repertório e estratégia, não só conhecimento técnico

Lidar com inteligência artificial não é apenas uma questão de dominar softwares ou programação. Para Ricardo Sousa, a chave está na capacidade de dar comandos assertivos à tecnologia com base em conhecimento prático, repertório e experiência. “A IA entende exatamente o que é escrito. Por isso, para conduzi-la às melhores soluções, é preciso saber o que pedir e ter conhecimento dos processos”, afirma.

Essa perspectiva valoriza as gerações mais maduras, que, segundo ele, têm mais repertório para aplicar a IA de forma eficaz. Ao mesmo tempo, a nova geração, embora digitalmente mais familiarizada, enfrenta o desafio de desenvolver habilidades estratégicas, criativas e críticas.

Oportunidades para todas as gerações

Apesar das mudanças profundas, o cenário não é pessimista. Ricardo reforça que há espaço para todas as gerações no mercado do futuro. “A nova geração está muito focada no digital, mas ainda temos operações off-line que precisam ser executadas por pessoas. A IA vai ajudar nas atividades repetitivas, trazendo velocidade ao trabalho”, explica.

O diferencial, aponta o especialista, será a capacidade de resolução de problemas complexos, pensamento crítico e a habilidade de lidar com incertezas. “O mundo será cada vez mais volátil. Por isso, quem deseja cargos de liderança precisa ampliar horizontes e dominar conhecimentos em áreas como logística, varejo, finanças, contabilidade e fiscal”, orienta.

Diante da velocidade das mudanças, a mensagem é clara: adaptar-se já não é uma opção, mas uma necessidade para profissionais e empresas que desejam continuar relevantes na nova era do trabalho.

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