Caro(a) leitor(a), saudações!

Costuma-se dizer que “o ano começa quando termina o Carnaval”. Portanto, 2024 começou e há muito por fazer! Sabemos que empresas competitivas são rentáveis nos mercados nos quais atuam; mas a pergunta é: quais atributos tornam uma empresa competitiva nos mercados interno e externo?

Certamente, ao pensar na resposta, você considerou alguns dos seguintes atributos: é bem gerida, ou seja, nessa são tomadas decisões corretas de investimento, financiamento e operacionais, contribuindo para elevar a lucratividade e reduzir custos; contrata, retem ou treina colaboradores, gerando ganhos sobre o capital humano; identifica e emprega tecnologias eficientes para atender bem seus diferentes clientes; promove e adota, sempre que possível, inovações em produtos e ou processos de produção; é eficiente ao absorver menores níveis de custos e despesas em relação as empresas concorrentes, radicadas no Brasil ou no exterior.

Observe que os atributos apresentados se referem, fundamentalmente, as ações intramuros, realizadas ativamente pelos gestores das empresas. No entanto, certos fatores externos à empresa afetam a competitividade. Para apresentá-los e discuti-los, vamos nos ater ao último ponto, considerando que esse possui estreita relação com os demais.

Já vimos nessa coluna que o conjunto de municípios atendidos pelo JVN possui vocação industrial. Esse segmento de atividade econômica atua produzindo e comercializando bens tradables. Potencialmente, qualquer produto industrial pode ser transacionado no comércio internacional. São bens tradables alimentos e bebidas, confecção, calçados, produtos farmacêuticos e químicos, equipamentos de transporte e veículos, produtos elétricos e eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos, entre outros.

Dessa maneira, o mercado no qual atuam grande parte das empresas vinculadas ao segmento industrial é global e sua empresa tem de ser competitiva não apenas em relação aos concorrentes locais, mas também em relação aos potenciais competidores externos.

Ah!”, você pode dizer “Minha empresa não atua no segmento industrial”. Não importa! Se a renda local é afetada devido à concorrência externa de bens tradables, serão afetados os setores non tradables englobando diversas atividades econômicas locais: serviços médicos, serviços de estética, serviços de comunicação e financeiros, dentre outros, como cuidados (banho e tosa) com nossos anjos, cães e gatos.

No contexto dessas discussões é que surge a importância de compreender o que é “custo Brasil” e porque a sociedade deve lutar para reduzi-lo. Antes, é importante destacar que, no final de novembro de 2023, o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio (MDIC), em parceria com o Movimento Brasil Competitivo (MBC), realizou um evento apontando que custo Brasil foi estimado em R$ 1,7 trilhão. Isso representa cerca de 20% ou 1/5 do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

O custo Brasil é um problema estrutural relacionado a diversos fatores; dentre esses, é possível destacar, além do peso da burocracia estatal sobre as atividades das empresas: oferta de infraestrutura de transportes deficiente; elevado custo de capital para financiamento de investimentos de longo prazo e de capital de giro; baixo nível de qualificação da mão de obra; complexidade da legislação trabalhista e peso dos Encargos Sociais e Trabalhistas (EST); excesso de interferência de instituições classistas ou mesmo de ONG’s em certas atividades econômicas (sindicatos e associações patronais); nível de judicialização de questões de natureza econômica; excesso e complexidade do sistema de tributação indireta (incidente sobre os bens de consumo) e sistema de tributação direta (incidente sobre a renda gerada pelas empresas e famílias).

Em suma, o termo custo Brasil se refere ao conjunto de entraves à produção e ou circulação de bens que tendem a reduzir a competitividade das empresas e o crescimento do emprego e renda brasileiros. De fato, o custo Brasil torna desvantajosa ou onerosa a produção local, impedindo que o produtor nacional possa competir em condições de igualdade com produtos importados ou mesmo expandir sua esfera de atuação por meio da exportação competitiva de bens.

Se a competição externa reduz o nível de produção e receitas das empresas que produzem bens tradables em determinada região, todas as demais atividades econômicas são impactadas, pois menos renda tende a ser gerada circular.

Finalmente, tal custo prejudica e onera todo ambiente de negócios, impacta a competitividade de empresas de diferentes portes e segmentos e encarece os preços dos bens e serviços, reduzindo a demanda das famílias e comprometendo o crescimento dos investimentos e a geração de empregos.

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