No ano 2000, o mundo inteiro temia o bug do milênio. A previsão apocalíptica era de que computadores iriam falhar porque não reconheceriam a virada de datas. Mas, na prática, nada de grave aconteceu. O que ninguém percebeu é que o bug não estava nos sistemas operacionais das máquinas, ele estava nos sistemas operacionais da mente.
Levou cerca de uma década para isso ficar claro. Com a popularização dos smartphones em 2010, nossa forma de viver, trabalhar e nos relacionar mudou radicalmente. Pela primeira vez, uma geração cresceu conectada em tempo integral, consumindo e produzindo informação em tempo real. Era o início de uma nova mentalidade: mais ágil, mais ansiosa, mais colaborativa, e também menos tolerante com estruturas que não conversam com esse ritmo.
Agora, com a Geração Z entrando em peso no mercado de trabalho, e prevista para ser 58% da força de trabalho global até 2030 (E-Commerce Update, 2025), o bug mostra sua verdadeira face. As empresas que não “atualizaram o software” seguem liderando com códigos do século passado: hierarquia rígida, controle excessivo, estabilidade como moeda de troca. E não entendem por que os jovens não respondem a esses comandos.
O bug do milênio, no fundo, foi o aviso de que precisávamos atualizar nossa forma de pensar o futuro. Só que muitos líderes não passaram pelo update. É como tentar rodar um aplicativo de 2025 num computador com Windows 98. A máquina até liga, mas trava diante da complexidade do presente.
Se o bug do milênio foi mental, o antídoto também precisa ser. Não é sobre instalar novos softwares, mas sobre atualizar o firmware da liderança. Empresas e gestores que ainda operam no modo comando-controle precisam entender que os códigos que movem o século XXI são outros: propósito, colaboração, flexibilidade e inovação contínua. É mais desconfortável do que comprar tecnologia, porque exige desapego do ego, das certezas e das fórmulas que já não entregam resultado.
Atualizar-se, portanto, não é um evento, é uma prática. Significa criar espaços de escuta ativa, revisar processos que travam em vez de acelerar, redesenhar modelos de gestão para acomodar múltiplas gerações e aprender a operar em beta constante, com ajustes, testes e revisões. O bug nos mostrou que quem não atualiza a mentalidade vira peça obsoleta, mesmo com a melhor infraestrutura. A pergunta que fica é: sua liderança já está rodando na versão 2025 ou ainda insiste em funcionar no sistema de 1999?

Palestrante, comunicador e entusiasta das gerações. Estuda recursos humanos e empreende nas áreas de Comunicação e Marketing. Criou a primeira agência de marketing do Brasil focada em comunicação geracional (Pós Z Company), sediada em Bragança Paulista, onde atualmente só contrata colaboradores da Geração Z e Geração Alpha. Dedica-se a construir um ecossistema de comunicação geracional para preparar jovens para o mercado de trabalho futuro e conscientizar as empresas para receberem esses jovens com sua nova agenda e visão de mundo.

