Outro dia, caminhando pelas ruas de Atibaia, percebi que vivemos algo curioso: o mundo físico e o digital já não são mais dois lugares diferentes. Estamos no mesmo espaço, só que com camadas sobrepostas. Compro morangos no site de um produtor local e retiro na feira, pago pelo celular enquanto converso com o vendedor e, antes de sair, já posto a foto no Instagram. É tudo parte de uma mesma experiência.

O nome disso é Figital, a fusão do físico com o digital. O conceito é novo para muitos, mas empresas de referência como Disney, Google e Amazon já utilizam isso há anos com maestria. Elas criam experiências tão ricas que a transição entre real e virtual acontece sem que o cliente perceba. É a fila de um brinquedo na Disney que já diverte antes da atração. É a Amazon que entrega um pacote com recomendações que parecem feitas por um vendedor de loja física.

E não estamos falando apenas dos gigantes. Adegas brasileiras já adotam o sommelier digital, com totens que sugerem harmonizações personalizadas. Lojas de rua oferecem realidade aumentada para o cliente testar produtos virtualmente. O figital está se espalhando porque gera conexão e conveniência.

Esse movimento está diretamente ligado a outro conceito cada vez mais valorizado: a experiência do cliente. Segundo a KPMG, empresas que investem estrategicamente nessa área podem aumentar a receita em até 15% e reduzir custos em até 20% ao redesenhar a jornada do consumidor. E não é pouca gente apostando nisso: o mercado global de experiência do cliente como serviço já movimenta bilhões de dólares e cresce a taxas de dois dígitos ao ano, segundo a Fortune Business Insights.

No varejo, a lógica já é omnichannel. Pesquisas mostram que 73% dos consumidores usam múltiplos canais para fazer compras, e mais da metade compara preços ou busca cupons pelo celular enquanto está dentro da loja. Isso prova que a integração entre físico e digital não é tendência, é realidade.

Talvez o seu negócio já seja mais figital do que imagina. Uma avaliação no Google, uma reclamação no Reclame Aqui, a compra de uma passagem aérea pela internet e o embarque no aeroporto, tudo isso já é figital. O termo é novo, mas a prática está no nosso dia a dia há muito tempo.

No mundo dos negócios, o figital é fascinante, mas exige cuidado. Criar essa transição suave entre o real e o digital é uma arte. Exige entender o cliente como um todo, sem separá-lo em “online” e “offline”. Como disse Marshall McLuhan, “o meio é a mensagem”. No figital, o meio não é só a mensagem,  ele é parte da experiência e molda a forma como vivemos e sentimos.

No fim, talvez a pergunta não seja se o seu negócio está no mundo figital, mas se ele consegue deixar marcas no coração e na memória das pessoas, mesmo depois que a tela se apaga e a porta da loja se fecha.

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