‘Papo de Sábado’. 19/10/2024: Elza Firmino

No Papo de Sábado de hoje conversamos com Elza Firmino, empreendedora de Atibaia, criadora do ‘Granola da Elza‘, e vencedora da promoção “Quero Contar Minha História no JVN”, em parceria com o Grupo Empreenda Atibaia Oficial 

JVN: Elza, para começarmos, você pode nos contar um pouco sobre sua história?  

Elza Firmino: Eu nasci em Jequié, na Bahia, há 52 anos. Sou a “número 8” de uma família de dez irmãos – cinco homens e cinco mulheres. A primeira da linhagem foi minha irmã Ana, depois vieram, por ordem, o Agnaldo, a Conceição, o Pedro, o Jorge, a Janete, o José Carlos, eu (a n°8), a Simone e o nosso caçulinha, o Alex. Nossa família era humilde e enfrentamos muitas dificuldades financeiras. Perdermos nosso pai cedo, eu tinha 12 anos e o Alex, 5. Minha mãe, viúva e jovem ainda (apesar dos 10 filhos), nos conduziu e educou da melhor maneira, dentro das condições que tinha naquele momento.

Eu fui para São Paulo, capital, aos 14 anos, com o sonho de ter uma vida melhor. Morei com minha tia materna Vitória, minha segunda mãe. Morando com ela eu pude estudar e trabalhei como CLT pela primeira vez – ainda menor de idade. Não tenho nenhuma formação superior – cursei até o ensino médio apenas, mas me considero uma pessoa esforçada, pois mesmo sem faculdade consegui ingressar em empresas para trabalhar na área administrativa e sempre me saí muito bem, sempre cumpri as minhas tarefas com excelência. E conseguia me destacar por ter experiência. E assim foi por muitos anos – até meu último emprego como CLT, em 2017.

JVN: E como é sua relação hoje com sua mãe e irmãos? Eles ainda moram na Bahia, ou também vieram para SP, seguindo seus passos?

Elza Firmino: Apesar da distância permanecemos unidos.Minha mãe está com 85 anos, e dos dez irmãos, apenas dois moram ainda na Bahia: a Ana, que mora em Teixeira de Freitas, e o José Carlos, que mora em Itabuna. Os outros moram em São Paulo mesmo, onde eu morava até quatro meses atrás, quando vim com meu marido para Atibaia. Desde que eu saí da minha terra natal nós conseguimos nos reunir – todos os dez irmãos e minha mãe – uma única vez, em um fim de ano. Mas eu ainda sonho em repetir esse momento e reunir todo mundo novamente. 

JVN: E você tem uma filha, não é?

Elza Firmino: Sim, a Marjore! Minha única filha, fruto do meu primeiro casamento. Ela irá completar 31 anos agora em novembro. A Marjore é podóloga e atualmente mora em Arujá-SP. Ela ama as minhas granolas e eu faço questão de, sempre que posso, ter a opinião dela sobre minhas criações, pois acredito muito na sinceridade dela. Como não moramos tão perto, muitas vezes, quando vou testar um novo sabor, eu mando para ela provar e me dar seu feedback. Ela é meu orgulho e uma grande apoiadora do meu trabalho. 

JVN: Você hoje é casada com o advogado trabalhista Nilton Carlos. Há quanto tempo estão juntos e como se conheceram?

Elza Firmino: Sim, é uma longa estrada – longa mesmo! Eu e o Nilton nos conhecemos numa empresa de transportes em que trabalhamos juntos, em Guarulhos. Na época eu era recém separada do pai da minha filha e ele solteiro. Eu trabalhava no call-center da empresa e ele no jurídico. Era uma empresa grande, que ocupava dois imóveis de uma mesma rua, então não tínhamos contato no dia a dia. Na verdade nem nos conhecíamos pessoalmente.

Eu era terceirizada e uma colega, também terceirizada, saiu da empresa e entrou com uma ação trabalhista. A empresa então me escalou como testemunha e, como o Nilton era do jurídico, pois cursava Direito, pediram que eu fosse com ele na audiência. Foi nesse dia que nos vimos pessoalmente pela primeira vez, mesmo trabalhando na mesma empresa.

Conversamos muito a caminho da audiência e eu me encantei pela história de vida dele, apesar de muitas pessoas não acreditarem (risos). Nós nos tornarmos somente amigos naquele momento. Depois eu me desliguei da empresa, mas por termos amigos em comum que ainda trabalhavam com ele, sempre tínhamos notícias um do outro. Depois de quase dez anos – ele já formado em Direito – precisei de uma ajuda jurídica. Entrei em contato com ele e acabamos nos reaproximando. E foi somente aí que surgiu um interesse diferente (risos).

Ambos estávamos solteiros e começamos a namorar. E já são quase vinte anos juntos – treze de namoro e seis – quase sete – de casados, que completaremos em dezembro deste ano.

JVN: E como foi a decisão de vocês se mudarem para Atibaia?

Elza Firmino: Eu e meu marido morávamos em Itaquera, um bairro da zona leste de São Paulo. E há muito tempo vínhamos fazendo planos de nos mudar para alguma cidade do interior, para termos mais qualidade de vida. Conhecemos Atibaia por meio de um casal de amigos, o Henrique e a Amanda. Eles estavam procurando uma casa para comprar na cidade e em certa ocasião nós os acompanhamos numa visita aqui. Até então nem tínhamos cogitado a hipótese de morar em Atibaia, mas gostamos muito e, depois de algum tempo, em uma conversa, decidimos tentar a vida aqui. Nos mudamos no dia 29 de junho deste ano e estamos muito felizes com a decisão.

JVN: E como surgiu a ideia de criar a “Granola da Elza”? O que a motivou a entrar no mundo do empreendedorismo?

Elza Firmino: Então, como eu mencionei, não tenho formação acadêmica, somente o ensino médio. Trabalhei como ajudante geral quando menor, até que completei 18 anos e consegui um emprego na área de transportes, no setor administrativo, mais especificamente no faturamento/cobrança. Depois fui para área comercial, trabalhar com vendas. E trabalhei como CLT até 2017. Nesse último emprego coloquei na minha cabeça que não iria mais trabalhar para os outros. Eu queria  empreender, mas ainda não tinha ideia com o quê.

A granola veio por uma necessidade pessoal. Eu estava acima do peso, com problemas de saúde (colesterol alto era um deles) e meu marido sempre gostou de fazer atividades físicas, principalmente correr. Eu descobri uma plataforma na internet que ensinava como se exercitar em casa e que também dava muitas dicas sobre alimentação saudável. Então comecei a fazer minha própria granola e, orgulhosa disso, postava nas redes sociais para compartilhar. Eu também presenteava alguns amigos e as pessoas começaram a me perguntar se eu não queria vender a granola. Confesso que, na minha inocência, no início eu até queria passar a receita, pois as pessoas que experimentavam elogiavam muito. Até me falarem que eu estava deixando de ganhar dinheiro, por se tratar de um produto artesanal e de qualidade. E foi então que decidi lançar minha própria marca de granola. Desde 2022 me dedico exclusivamente a este empreendimento e amo o que faço.

JVN: Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao iniciar seu negócio? E como você conseguiu superá-los?

Elza Firmino: Tive dois grandes desafios: primeiro foi a dificuldade inicial em realmente acreditar que o negócio poderia dar certo, que meu produto era de qualidade e diferenciado. E, depois, precificá-lo de forma adequada. Pois não é só colocar um preço qualquer – é preciso avaliar cada etapa para chegar a um preço justo.

JVN: Poderia nos falar sobre seu processo de produção? O que faz a sua granola ser especial?

Elza Firmino: Claro! Primeiro, a Granola da Elza não possui nenhum tipo de aditivo químico – é toda feita artesanalmente, de forma caseira, diferente de muitas marcas famosas. Outro ponto que destaco é que o único tipo açúcar que uso é o melado de cana, enquanto outras marcas utilizam vários tipos de açúcares num só produto.

JVN: Você já trabalha com as granolas desde 2022 e está aqui em Atibaia há poucos meses. Significa dizer que o negócio começou em São Paulo, certo? E como você faz para continuar atendendo suas clientes de lá? Como é essa logística?

Elza Firmino: Eu adotei uma rotina de entregas via Correios e hoje consigo enviar minhas granolas para o Brasil inteiro. Além de continuar atendendo minhas clientes de São Paulo, já enviei para Londrina-PR e recentemente fechei um pedido para Curitiba.

JVN: E mesmo estando em Atibaia há apenas quatro meses, você já é ativa dentro do Grupo Empreenda Atibaia. Como foi seu ingresso no grupo, o que tem achado da sua experiência nele e o que esse grupo significa para você e seu negócio?

Elza Firmino: Eu já havia participado de um outro grupo em São Paulo, e confesso que minha experiência não tinha sido muito boa. Mas não poderia me basear numa experiência ruim anterior e não me dar a chance de conhecer um novo grupo. Até porque, penso eu, sozinhas não chegamos muito longe. Eu tenho total certeza de que precisamos nos apoiar e foi isso que vi no  Grupo Empreenda Atibaia Oficial – eu me senti acolhida.

JVN: Falando em representatividade e acolhimento, como você vê o impacto do seu trabalho na comunidade local de Atibaia e entre outras mulheres  empreendedoras?

Elza Firmino: Me orgulho muito em poder oferecer um produto saudável, de qualidade, que agrega na saúde e bem-estar das pessoas. Dou o meu melhor para que elas tenham certeza de que estão levando um produto realmente saudável para casa, e espero que elas se inspirem também na minha dedicação.

JVN: Não podemos deixar de falar sobre sua sua vitória na promoção feita em parceria pelo JVN e o Empreenda Atibaia Oficial. Parabéns por sua conquista e obrigada por estar aqui compartilhando sua hostória conosco! O que essa entrevista representa para você e para a “Granola da Elza”?

Elza Firmino:  Olha, se eu voltasse ao início da minha história, para a Elza que tinha 14 anos de idade, chegando em São Paulo cheia de sonhos, eu jamais imaginaria que um dia eu chegaria a este momento, dando essa entrevista. É maravilhoso.

JVN: Para encerrarmos, conte-nos quais são seus planos para a “Granola da Elza”. Há algo novo ou diferente que você gostaria de  implementar?

Elza Firmino:  Sim, com certeza. Ainda sonho em abrir um loja física e ter mais produtos saudáveis para oferecer, como exemplo chocolates artesanais  e saudáveis. É minha próxima meta.

(*Acesse o ‘Granola da Elza’ no Instagram: https://www.instagram.com/granoladaelza/)