Mesmo com transição prevista até 2033, especialistas alertam que as mudanças já afetam rotinas contábeis, exigindo planejamento e investimento em tecnologia

Transição tributária exigirá revisão fiscal completa

A promulgação da Emenda Constitucional nº 132 e o avanço da Lei Complementar 214/25 marcam um novo capítulo na história fiscal do Brasil. A substituição de cinco tributos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por dois novos — o CBS (federal) e o IBS (estadual e municipal) — já começou a transformar o ambiente de negócios, mesmo com cronograma de transição até 2033.

Segundo a consultora jurídica Vivian Marques Braga, com especialização em Direito Empresarial e Tributário nos Estados Unidos, a expectativa de simplificação está distante da realidade imediata. “Na prática, esta transição está longe de ser simples”, afirma.

Empresas ainda estão despreparadas

Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelam que 76% das empresas ainda não possuem plano de adaptação, e 52% não compreendem com clareza os impactos setoriais. “Existem empresas que ainda ignoram que o processo já começou. Quanto mais cedo o empresário entender os efeitos na prática, maiores as chances de uma adaptação tranquila”, alerta Vivian.

O novo sistema adota o modelo de IVA dual (Imposto sobre Valor Agregado), com crédito financeiro amplo e incidência no destino, exigindo revisão completa de sistemas, processos fiscais e rotinas contábeis, sobretudo para operações interestaduais ou com regimes especiais.

Investimento e tecnologia serão essenciais

Para a PwC Brasil, empresas que se adequarem corretamente poderão reduzir o custo de conformidade em até 40%. “Um alívio para nós brasileiros, que pagamos tantos impostos, mas investir em tecnologia e governança será essencial para alcançar esse equilíbrio”, reforça Vivian.

A transição inicia em 2026 com alíquota-piloto de 1% do CBS. Até 2033, o antigo e o novo sistema conviverão simultaneamente, o que exigirá atenção redobrada das áreas fiscal e contábil. “A relação das empresas com seus escritórios de contabilidade ganhará um novo patamar”, destaca a consultora.

Regulamentação ainda está em debate

Enquanto as empresas tentam se adaptar, o Congresso segue discutindo pontos da regulamentação por meio do PLP 68/2024, como alíquotas médias, regimes especiais, cashback para baixa renda e obrigações acessórias. “Empresas que iniciarem agora um planejamento de transição fiscal, com apoio técnico e visão estratégica, estarão mais preparadas para enfrentar o novo ambiente tributário – que já começou”, conclui Vivian.

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *