Mudança na norma reforça a necessidade de prevenção ao estresse ocupacional e acompanhamento psicológico nas organizações

A partir de 26 de maio de 2025, empresas de todo o Brasil precisarão adotar um novo protocolo em gestão de segurança e saúde no trabalho (SST). A atualização da Norma Regulamentadora 1 (NR-1), promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), passa a exigir a avaliação de riscos psicossociais no ambiente corporativo. Com isso, fatores como estresse ocupacional, sobrecarga de trabalho, pressão excessiva, falta de reconhecimento, assédio e discriminação deverão ser monitorados e gerenciados de forma mais rigorosa.

O impacto dessa mudança é significativo, especialmente diante dos números alarmantes de afastamentos por problemas de saúde mental. Segundo o Ministério da Previdência Social, apenas em 2024, foram registradas 473.328 licenças médicas por crises de saúde mental, o maior índice dos últimos dez anos. Além disso, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial de casos de Burnout, segundo a International Stress Management Association (ISMA-BR), afetando cerca de 30% dos trabalhadores.

O que muda com a NR-1?

A principal exigência da nova norma é que as empresas passem a incluir a avaliação de riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Isso significa que as organizações precisarão implementar medidas para prevenir o adoecimento mental dos colaboradores e criar um ambiente de trabalho mais saudável. A não conformidade com a norma pode resultar em multas e sanções, além de possíveis processos trabalhistas movidos pelo Ministério Público do Trabalho.

Impacto para as empresas

A advogada empresarial Mayra Saitta, do escritório Saitta Advocacia, destaca que a nova regulamentação representa um avanço para os trabalhadores e também para as empresas. “Um funcionário doente, seja física ou mentalmente, não consegue performar no seu melhor. Isso gera uma queda na produtividade e aumenta o número de afastamentos. Por isso, as empresas devem atualizar suas políticas de Recursos Humanos e implementar a gestão de riscos psicossociais”, explica Saitta.

Para a psicóloga Jacqueline Sampaio, especialista em Gestalt Terapia e Burnout, a NR-1 também reforça uma mudança cultural dentro das empresas. “Não se trata apenas de uma obrigação legal, mas de uma transformação na mentalidade corporativa. As organizações que investirem em acompanhamento psicológico e prevenção ao estresse ocupacional vão colher benefícios como maior engajamento, retenção de talentos e um ambiente de trabalho mais saudável”, afirma.

Como se adequar à NR-1?

Para se adequar à nova regulamentação, as empresas devem:

  • Atualizar o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), incluindo a avaliação de riscos psicossociais.
  • Implementar estratégias de prevenção ao estresse ocupacional e acompanhamento psicológico.
  • Criar espaços seguros para que os colaboradores falem sobre suas dificuldades e recebam suporte emocional.
  • Capacitar gestores e líderes para identificar sinais de sofrimento mental e atuar na prevenção.
  • Buscar consultoria especializada para garantir o cumprimento da norma e evitar penalizações.

Com a implementação dessas medidas, as organizações não apenas cumprem uma obrigação legal, mas também promovem um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. A NR-1 surge como um marco importante para garantir que a saúde mental seja tratada com a seriedade que merece dentro do mundo corporativo.

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