A inteligência artificial (IA) vem sendo cada vez mais utilizada para criar conteúdo, automatizar processos e até substituir tarefas criativas. Mas, à medida que sua presença cresce, há um impacto profundo no desenvolvimento da criatividade genuína, especialmente entre as novas gerações. Esse movimento não só está transformando o cenário publicitário, mas também afetando outras indústrias criativas, onde a verdadeira emoção, o engajamento humano e a experiência de vida são fundamentais para gerar inovação.
A utilização de IA para substituir a criatividade humana tem gerado preocupação, especialmente por parte de recrutadores e RHs em todo o mundo. Para mim, fica o alerta alerta: a criatividade pura, que antes era alimentada por experiências humanas reais, está se dissolvendo lentamente. Com a chegada da IA, o que antes era uma obra de arte composta por mentes criativas agora é substituído por algoritmos que imitam o passado, oferecendo uma versão do futuro que não cria, mas simplesmente reproduz.
Esse fenômeno vai além da publicidade e dos jingles. Ao invés de envolver genuinamente as pessoas, as novas gerações estão começando a depender de ferramentas automatizadas que, embora impressionantes, não possuem a alma humana necessária para criar conexões autênticas com o público.
A transição para a automação e o uso crescente de IA pode estar criando uma geração que, embora altamente capacitada em tecnologia, carece da capacidade de gerar ideias inovadoras de forma independente. Em diversas indústrias, da publicidade à moda e ao design, as empresas estão percebendo um apagão de talentos criativos. Profissionais estão cada vez mais dependentes de máquinas que sugerem o “óbvio” e geram padrões baseados em dados, mas não são capazes de criar algo genuinamente novo.
De acordo com o relatório Global Talent Trends 2023, da Gartner, 56% dos CEOs estão preocupados com a escassez de habilidades criativas em suas equipes, com um foco crescente em habilidades digitais, mas uma falta de inovação verdadeira. Essa lacuna de talentos criativos é impulsionada pela automação, que muitas vezes substitui a necessidade de exploração criativa, resultando em processos mecânicos em vez de experimentação genuína.
Além disso, o estudo da McKinsey & Company sobre a transformação digital indica que, embora a IA tenha o potencial de aumentar a produtividade, ela também pode reduzir a capacidade de inovação nas equipes criativas. O estudo aponta que 65% dos profissionais em empresas de tecnologia relataram que a adoção da IA aumentou a eficiência, mas que, paradoxalmente, 49% dos líderes da indústria criativa sentem que ela está diluindo a originalidade e a capacidade de desenvolver novas ideias.
Quando a criatividade é delegada a máquinas, o envolvimento emocional e o engajamento com o trabalho diminuem consideravelmente. A IA pode fornecer sugestões baseadas em dados, mas esses sistemas não podem replicar a paixão e a experiência humana que impulsionam a verdadeira inovação. A verdadeira inovação muitas vezes vem da exploração de ideias fora da caixa, que se baseiam não apenas em padrões lógicos, mas também em experiências pessoais e contextuais. Isso cria uma desconexão entre as gerações mais jovens e o trabalho criativo.
Em um mundo digitalizado, onde o trabalho é frequentemente realizado de forma remota e as interações humanas são mínimas, o perigo é que as gerações mais novas se sintam cada vez mais distantes do propósito e da profundidade do que estão criando. Quando as decisões criativas são tomadas por algoritmos, o envolvimento humano se perde, e o trabalho passa a ser visto apenas como uma tarefa a ser cumprida, sem o brilho da inspiração genuína.
E eu complemento ainda afirmando que o verdadeiro valor da criatividade está em como ela emociona, engaja e inspira os outros. Quando deixamos que máquinas façam todo o trabalho criativo, estamos sacrificando a conexão emocional que é a essência de qualquer criação bem-sucedida. A IA pode sugerir, mas nunca poderá tocar o coração das pessoas como um ser humano pode.
O futuro da criatividade parece estar em risco, com as novas gerações se tornando mais dependentes de ferramentas automatizadas, que, embora poderosas, não têm a capacidade de produzir o tipo de inovação disruptiva que define as grandes mudanças culturais e tecnológicas. A IA pode melhorar a produtividade e a eficiência, mas ela jamais será capaz de capturar a essência da criatividade humana. Criatividade é ser capaz de ir além do óbvio, de surpreender, de trazer algo novo, algo que não foi visto antes. E isso, a IA não consegue fazer.
Em muitas empresas, o alto uso da tecnologia e a digitalização estão gerando uma falsa sensação de inovação. Apesar de as ferramentas digitais poderem otimizar processos, a verdadeira magia da inovação, que vem da interação humana e da troca de experiências, está desaparecendo. Como resultado, o mundo criativo está se tornando cada vez mais homogêneo, sem aquele toque único que faz algo se destacar e realmente tocar as pessoas.
A verdadeira inovação acontece quando as pessoas se permitem explorar, errar e aprender com seus erros. Quando entregamos todo o processo criativo às máquinas, estamos criando um futuro, no qual, a verdadeira inspiração humana será cada vez mais rara. Isso pode nos levar a um mundo mais eficiente, mas sem a alma que dá sentido e propósito ao que fazemos.
O impacto da IA no campo da criatividade é profundo e preocupante. À medida que as novas gerações se tornam cada vez mais dependentes da tecnologia para criar, corremos o risco de perder a verdadeira alma da criatividade. O trabalho criativo genuíno, que resulta de experiências vividas e conexões emocionais reais, está sendo substituído por um processo mecânico e impessoal, gerado por máquinas que simplesmente imitam o passado.
Embora a IA possa ser uma ferramenta poderosa, ela jamais substituirá a criatividade humana, que é capaz de transformar o ordinário em extraordinário. O futuro da inovação depende, mais do que nunca, de equilibrar a tecnologia com a intuição, a emoção e a experiência – qualidades que nenhuma máquina pode replicar. Se isso não for feito, corremos o risco de perder uma parte vital da nossa capacidade de criar e nos conectar com o mundo ao nosso redor.
Executivo de RH e Coach Executivo de diretores, VP’s e CEO’s de empresas nacionais e multinacionais, atendendo clientes em 13 países. Foi executivo de RH de uma das maiores empresas de bens de consumo do país, já desenvolveu mais de 38.000 profissionais ao longo dos seus 24 anos de carreira. Formado em Relações Públicas pela PUCCAMP, pós-graduado em Consultoria de Carreira pela FIA/USP e com 5 certificações internacionais em PNL e Coaching Integrado. Marcos é referência em Carreira e Gestão em veículos como: Valor Econômico, InfoMoney, G1, Yahoo Finance, Globo/EPTV, SBT, Você S/A, TV Bandeirantes, Nova Brasil FM, Carreira & Negócios entre outras, tendo mais de 120 matérias publicadas.